21/06/2004
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10h34
Cinco pessoas morreram por causa do
rompimento da barragem de Camará, em Alagoa Nova (a cerca de 150 km da
capital, João Pessoa, na Paraíba), ocorrido na semana passada. No
domingo, o corpo de um homem foi encontrado às margens de um rio.
Segundo
o governo do Estado, três vítimas foram identificadas. São elas:
Palmira Rocha Oliveira, 80, José Pedro Soares, 70, e Welington Sobral
Luna, 27. As outras duas vítimas são homens.
Cerca
de 3.000 pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas. De acordo com o
governo, os desabrigados são os que tiveram as casas destruídas. Já os
desalojados tiveram as casas inundadas, mas elas podem ser recuperadas.
Elas foram encaminhadas para abrigos públicos ou estão em casas de
parentes ou amigos.
Avaliação
O governador do
Estado, Cássio Cunha Lima (PSDB), visitou no domingo algumas das áreas
atingidas. Os municípios mais afetados foram Alagoa Grande e Mulungu.
Também foram atingidos Araçagi, Alagoinha, Mamanguape e Rio Tinto -- as
duas últimas já perto do litoral paraibano.
O governador passará
esta segunda-feira na região para conversar com prefeito e avaliar os
estragos causados pelo rompimento da barragem.
O governador
aguardará um laudo técnico para saber se há condições de recuperar a
barragem ou se será necessário construir uma nova.
Construção
O
rompimento ocorreu por volta das 21 h de quinta-feira. Segundo o
governador, o reservatório, construído entre 2000 e 2002 (gestão
anterior), apresentou problemas de fundação e construção. O governo
afirma que a atual gestão da Secretaria de Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e Minerais havia detectado algumas rupturas no reservatório e
notificado a empresa responsável pela obra.
Um buraco de 20 m de
altura por 15 m de largura, surgiu da base acima na parte esquerda da
barragem, na junção entre o muro de concreto e a lateral de solo e
pedra, onde ela se fixa.
Com o decorrer do tempo, o buraco foi se
expandido e o volume de água do vazamento, aumentando. O período de
maior vazão foi entre 21 h e 1 h de quinta para sexta, ainda segundo Góis.
Ele disse que por volta das 10 h quase todo o reservatório havia secado.
A
barragem tem capacidade para armazenar 27 milhões de m³ de água, o
equivalente a 26,5 bilhões de litros. Antes de começar a vazar,
acumulava 17 milhões de m³, o que equivale a cerca de 60% da sua
capacidade.
A assessoria de imprensa do consórcio responsável
pela obra, formado pela Andrade Galvão Engenharia Ltda. e CRE Engenharia
Ltda., informou na sexta que técnicos das empresas estavam na barragem
apurando as causas do vazamento.
Destruição
O
abastecimento de água, a rede telefônica e de energia ficaram
comprometidos em Mulungu e Alagoa Grande. Neste último, os telefones
voltaram a funcionar na noite de sexta.
Em Mulungu, que já
enfrentou uma grande enchente em fevereiro, a rede elétrica foi
totalmente danificada. De acordo com informações passadas pela
assessoria do governo, a cidade deverá ficar 15 dias sem energia.
Em
Alagoa Grande, a energia já foi restabelecida. Neste município, o
Exército, em parceria com a Cagepa (Companhia de Água e Esgotos da
Paraíba) está distribuindo água em carros-pipa. A previsão é de que o
abastecimento só volte ao normal em 15 dias.
Ajuda
Diante
da situação, que descreveu como "calamitosa", Cunha Lima ligou na manhã
de sexta para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo ajuda
humana e material. "O presidente foi extremamente solidário e ágil nas
providências."
De acordo com o governo da Paraíba, com base em
dados do Censo de 2000, Alagoa Grande tem cerca de 29 mil habitantes.
Mulungu tem cerca de 9.000. Alagoa Nova, onde está a barragem, tem cerca
de 18.500 habitantes, também de acordo com o Censo.