terça-feira, 24 de novembro de 2015

Rio na Paraíba muda de cor após receber água poluída, diz pescador

24/11/2015 16h10 - Atualizado em 24/11/2015 17h36 
 
Água tinha coloração azul e cheiro de veneno, segundo pescador.
Sudema diz que monitora bacia.
 
André Resende Do G1 PB


Rio Gramame, que naturalmente tem uma cor mais barrenta, apresentou no domingo um tingimento azul (Foto: Sérgio Santos/Arquivo Pessoal)
Rio Gramame, que naturalmente tem uma cor mais barrenta, apresentou no domingo
um tingimento azul (Foto: Sérgio Santos/Arquivo Pessoal)

As águas do Rio Gramame, na divisa de João Pessoa com a cidade do Conde, estão tingidas com uma substância azul. A denúncia da contaminação da água do rio foi feita pelo pescador Sérgio Santos no domingo (22), por meio do seu perfil em uma rede social. O pescador fez  fotos e vídeos mostrando o rio com uma coloração diferente e publicou no seu perfil em uma rede social. Até esta terça-feira (24), as fotos tinham sido compartilhadas mais de 22 mil vezes.

De acordo com Sérgio Santos, á água azulada é despejada por um canal, que, segundo ele, é proveniente de uma das empresas instaladas no Distrito Industrial de João Pessoa. “Além da cor, muito diferente da cor natural do rio, a água tem um cheiro muito forte de veneno. Os peixes já morreram há muito tempo, mas dessa vez até os camarões, que são mais fortes, não aguentaram a poluição”, lamentou o pescador, de 31 anos.
Por conta dos problemas ambientais encontrados no Rio Gramame, um Fórum Permanente de Proteção do Gramame foi formalizado nesta terça-feira (24). Entre os órgãos que constituem o fórum estão o Ministério Público Federal, o Ministério Público da Paraíba, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Secretaria de Meio Ambiente do Município de João Pessoa (Semam), a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
 
As ONGs que lutam pela preservação da bacia do Gramame, como a Escola Viva Olho do Tempo (Evot), também integram o Fórum, assim como as indústrias têxteis, instaladas nas proximidades do Rio Gramame, que devem colaborar com as ações propostas no fórum. De acordo com Maria Bernadete Gonçalves, presidente da Evot, ficou acordado com a UFPB uma análise da qualidade da água do Gramame e, a partir do relatório da pesquisa, serão definidas novas ações.
 
A proposta para o diagnóstico e monitoramento ambiental das bacias dos rios Gramame e Abiaí vai custar cerca de R$ 654 mil, no sentido de criar uma base de dados sobre os principais problemas que estão interferindo na qualidade da água que abastece a Grande João Pessoa. A execução do projeto começa a partir de janeiro de 2016.
  
Água com cheiro forte e coloração foi flagrada por pescador sendo despejada no Rio Gramame (Foto: Sérgio Santos/Arquivo Pessoal)
Água com cheiro forte e coloração foi flagrada por
pescador sendo despejada no Rio Gramame
(Foto: Sérgio Santos/Arquivo Pessoal)
O presidente da Associação Paraibana dos Amigos da Natureza (Apan), Augusto Almeida, comentou que uma iniciativa semelhante foi feita em meados de 2005, durante uma reunião promovida pelo Ministério Público com os pescadores do Gramame, representantes das empresas têxteis da área e professores da UFPB.
 
“Na época, os pesquisadores da UFPB encontraram um nível de contaminação altíssimo na água, com presença até de metais pesados. Apesar do relatório, nada foi feito na época pelos poderes públicos e agora, dez anos depois, nos deparamos com a mesma situação”, comentou. 
 
Ainda de acordo com Augusto Almeida, a associação deve se reunir com os demais movimentos ligados à defesa e preservação do Rio Gramame para propor uma Ação Civil Pública ao Ministério Público da Paraíba.
 
Durante a criação do Fórum Permanente de Proteção do Rio Gramame, foi assinado um termo de cooperação técnica entre as instituições com o objetivo de realizar um diagnóstico ambiental das Bacias dos Rios Gramame e Abiaí, duas das quais abastecem a região metropolitana de João Pessoa.
 
Até que seja tomada alguma providência por parte dos órgãos competentes, Sérgio Santos vai continuar sem poder utilizar o Rio Gramame para pescar, como ele costumava fazer desde pequeno, quando tinha cinco anos e ajudava sua mãe com o trabalho de pesca. “Eu me criei no rio. Cresci pescando no Gramame. A gente vivia do rio, mas hoje não tem mais como pescar. A quantidade de camarão no inverno de antes dava para a gente passar cinco, seis meses. A pesca de peixe vem de um rio perto daqui, que continua limpo ainda, mas não sabemos até quando, porque uma indústria de cimento se instalou perto. Não sabemos até quando teremos esse rio também”, concluiu.
 
A Coordenadoria de Medições Ambientais (CMA) da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) enviou uma equipe de fiscalização ao local na segunda-feira (23). "Essa região do Gramame já tem todo um histórico de monitoramento e se mantém dentro da legislação que atende ao enquadramento do rio”, declarou o coordenador João Miranda.




sábado, 7 de novembro de 2015

Mortes, danos ambientais e sequelas marcam tragédias com barragens no país

Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
 
06/11/2015 - 22h50
 
A tragédia causada pelo rompimento das barragens de Fundão e de Santarém, em Mariana (MG), foi mais um capítulo na triste história que envolve incidentes no país e que causaram mortes, destruição ambiental e deixam sequelas até hoje. Nos últimos 30 anos foram pelo menos sete incidentes com mortes registradas, já contando o episódio de quinta-feira (5), em Minas Gerais. 

O que mais causou mortes foi o rompimento da barragem de Algodões, nos municípios de Cocal e Buriti dos Lopes, no Piauí, em 27 de maio de 2009. Oficialmente, nove pessoas morreram no incidente. Mas a Avaba (Associação das Vítimas e Amigos das Vítimas da Catástrofe pelo Rompimento da Barragem de Algodões) afirma que outras 15 foram hospitalizadas e morreram em seguida, aumentando para 24 as vítimas. Cerca de 2.000 pessoas ficaram desabrigadas e 1.038 casas foram destruídas. Segundo lado técnico, a "instabilidade da encosta" onde estava a barragem foi constatada ainda em 1997 e nada teria sido feito. Até hoje, ninguém foi responsabilizado pela tragédia.

Brito Jr./UOL
Lama deixada pelo rompimento da barragem de Algodões, no Piauí, ocorrido em 2009

Segundo o presidente da Avaba, Corcino Medeiros dos Santos, as vítimas ainda se recuperam do trauma e das perdas. "Os danos materiais e ambientais foram enormes. Todo mundo perdeu as casas e os animais, e a terra ficou imprestável. A indenização que era necessária para recompor mais rápido não foi paga ainda", disse. Em maio de 2014, o Tribunal de Justiça condenou o Estado a pagar indenizações num valor total R$ 100 milhões às vítimas, mas o governo recorreu e aguarda nova decisão.

Outra tragédia ocorreu em 29 de março deste ano, quando quatro pessoas morreram no rompimento de uma barreira provisória da hidrelétrica de Santo Antônio, em Laranjal do Jari, no Amapá. O acidente foi causado pelo rompimento de uma braçadeira de uma barragem de desvio do rio.

Na Paraíba, em junho de 2004, cinco morreram por causa do rompimento da barragem de Camará, em Alagoa Nova. Cerca de 3.000 pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas.

Em Rondônia, PCH (Pequena Usina Hidrelétrica) de Apertadinho, em Vilhena, estava em fase final de obras em janeiro de 2008 quando a barragem se rompeu e causou assoreamento e deposição de detritos no rio e erosão do solo, entre outros estragos. Os danos ambientais se estenderam por 1.324 hectares. Até hoje, não há punição.

Campeão em rompimentos
Minas Gerais é o Estado com maior número de ocorrências nos últimos anos. Antes da tragédia de quinta-feira (5), o último incidente havia ocorrido em setembro de 2014, com o rompimento da barragem de uma mina em Itabirito. Três operários morreram e cinco ficaram feridos. O deslizamento de terra ocorreu em uma área destinada a depósito de rejeitos da Mineração Herculano. Outra barragem da empresa chegou a ser interditada porque também apresentava risco de ruir.

Em janeiro de 2007, a barragem com rejeitos da mineradora Rio Pomba Cataguases rompeu e inundou as cidades de Miraí e Muriaé com mais de 2 milhões de litros de lama de bauxita. Mais de 4.000 pessoas ficaram desalojadas e 1.200 casas foram atingidas. Um ano antes, em março de 2006, um outro vazamento durou três dias. Naquela ocasião, os 400 milhões de litros de resíduos de tratamento de bauxita -- água e argila -- atingiram um córrego da região e chegaram ao Rio de Janeiro.

Em 29 de março de 2003, outra barragem de rejeitos industriais em Cataguases se rompeu e despejou cerca de 1,4 bilhão de litros de lixívia negra, resíduo da produção de celulose, contaminaram o rio Paraíba do Sul e córregos próximos por 200 quilômetros, atingindo também o interior do Rio de Janeiro e deixando 600 mil pessoas sem água. Peixes e outros animais que viviam às margens dos rios morreram.

Em 2001, cinco operários morreram após rompimento de parte de uma barragem de contenção de minério em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. A barragem de Macacos levou lama e resíduos de mineração, que encobriram dois quilômetros de uma estrada. O acidente também causou assoreamento, degradação de cursos hídricos e destruição de mata ciliar.

Segundo o jornal "Estado de Minas", em 1986, em Itabirito, sete pessoas morreram no rompimento da barragem de rejeitos da Mina de Fernandinho, do grupo Itaminas. É o registro mais antigo do Estado, segundo a publicação.

Falta de estudos

Para o pesquisador aposentado do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Carlos Molion, o principal problema é que as barragens são construídas em áreas sem estudos prévios e não há inspeção contínua da situação das obras. "Talvez agora comecem a se preocupar mais com isso, mas nunca se fez barragem com a preocupação de quanta água pode ser colocada em cima da superfície", afirmou.

Segundo Molion, é comum que as obras não tenham detalhes do subsolo. "Existem inúmeros casos no Brasil de construções que não se preocupam com isso e acabam criando desastres porque as sondagens não foram feitas de forma apropriada e as soluções de infraestrutura não foram adequadas", disse.

O especialista afirma que a situação em Minas Gerais é mais grave por causa do solo. "Aquela região contem muitas cavernas; então, na medida em que vai se depositando água, ela cria pressão e o terreno vai acomodando -- o que produz pequenos abalos sísmicos, inferiores a 2 na escala Richter. Isso vai mexendo na estrutura. E nessa época do ano, aquela região recebe maior intensidade de chuva. Essa combinação de fatores causa um desastre."

Fonte

  

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Novo estaleiro deverá gerar 6.500 empregos na Paraíba

04/11/2015 - 21:03 - Atualizado em 05/11/2015 - 08:43 

Governador esteve reunido com empresários americanos da Mckilling Services Company. 



Empresários já conseguiram a licença da Sudema para construir
o empreendimento (Crédito: Secom-PB)
Um grupo de investidores americanos da empresa Mckilling Services Company, com sede em Nova Iorque, esteve reunidos com o governador Ricardo Coutinho (PSB), nesta quarta-feira (4), na Granja Santana, para iniciar entendimentos sobre a instalação de um estaleiro de reparos no município de Lucena, Litoral Norte. O empreendimento estipulado em R$ 2 bilhões, deverá gerar 1.500 empregos diretos e cerca de 4.500 empregos indiretos no Estado, e trata-se do primeiro grande estaleiro a ser instalado no Atlântico Sul.
Bastante receptivo ao empreendimento, o governador Ricardo Coutinho afirmou que o Estado tem interesse nesse projeto, que com certeza vai mudar todo o perfil da região. “O que almejamos é que a Paraíba desponte no cenário importante da economia mundial no trabalho de reparo de grandes embarcações feito por grandes empresas”, disse o governador, antecipando que o Estado fará sua parte de infraestrutura em tempo hábil.
 
Durante a visita, os investidores da Mckilling Services Company, David Saginaw e James Doyle, mostraram a licença ambiental expedida pela Sudema, confirmando que o investimento já deu o primeiro passo para ser instalado na Paraíba.
 
A empresa ao ser instalada, segundo o representante do grupo na Paraíba, consultor Roberto Braga, vai desenvolver parcerias com diversas outras empresas ligadas à navegação, atraindo assim milhares de empregos indiretos. Braga revelou que apenas 7% do tráfego do Atlântico Sul, ou seja, dos grandes navios da marinha mercante internacional, seria suficiente para encher o estaleiro. “Navios de até 500 metros de comprimento vão poder fazer suas revisões aqui no estaleiro que será instalado onde acontecia a pesca da baleia, em Lucena”, adiantou.
 
A obra da construção do estaleiro será iniciada no final do ano de 2016 no município de Lucena e vai atrair para a área empresas de transportes, da indústria hoteleira e restaurantes. O objetivo dos investidores é fazer com que a empresa comece a operar no ano de 2018.
 
Desde dezembro de 2013, o grupo assinou um protocolo de intenções para montar no município de Lucena o maior estaleiro de reparos. Roberto Braga explicou que a cada cinco anos um navio para ter o seguro para poder navegar precisa parar num estaleiro para fazer revisão geral, segundo as leis internacionais de navegação, e agora, a partir da instalação do estaleiro da Mckilling Services Company, esse trabalho vai poder ser feito no litoral paraibano.
 
O secretário da Infreaestrura, Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Ciência e Tecnologia, João Azevedo, disse que a expectativa por parte do Governo do Estado com esse empreendimento para o Estado é grande, uma vez que, além da geração de receita, vai gerar emprego e renda para os moradores da região.
 
Por sua vez, a presidente da Companhia de Desenvolvimento Industrial da Paraíba (Cinep), Tatiana Domiciano, afirmou que o estaleiro de reparos de navegações de grande e médio porte é um projeto que vai revolucionar a região, tendo em vista que vai atender a embarcações que trafegam para a Europa, África e América do Norte e atrair diversas outras empresas. “Estamos seguindo orientações do governador, a fim de fazer o zoneamento da área de acordo com o Plano Diretor do Município”, disse.
 
Também presente à reunião, o prefeito de Lucena, Marcelo Monteiro, disse que esse empreendimento vai ser a redenção do município de Lucena e vai fazer com que os moradores ampliem os horizontes. “Afinal serão cerca de 1.500 empregos diretos e mais de 4 mil indiretos valorizando a mão de obra da cidade”, observou.
 
Da Redação com Assessoria
WSCOM Online