Especialistas
não sabem dizer impacto da intervenção em Cabo Branco nas outras praias
paraibanas. Obras de contenção da falésia custarão cerca de R$ 60
milhões, mas Prefeitura de João Pessoa só tem R$ 6 mi
Projeto prevê oito quebra-mares ao longo da costa em Cabo Branco (Foto: Walla Santos) |
As obras de contenção da barreira do Cabo Branco
esbarram em três obstáculos. O primeiro é a falta de recursos. Até o
momento, a Prefeitura de João Pessoa dispõe de apenas R$ 6 milhões para
uma intervenção estimada em cerca de R$ 60 milhões, em sua totalidade.
Somente a primeira fase está orçada em R$ 12 milhões: a Prefeitura tem a
metade. O segundo aspecto é a falta de licenciamento ambiental pela
ausência de um estudo de correntes marítimas. E o terceiro ponto, que
também depende deste segundo, é a incerteza sobre o comportamento do mar
e das correntes marinhas após tamanha intervenção na costa da Capital
paraibana. Quebra-mares geram impactos. Como saber se não serão
catastróficos?
São oito quebra-mares, projetados para ficar a cerca de 300 metros da
costa, instalados paralelamente à costa. Cada quebra-mar tem o
comprimento de 300 metros, com espaçamento de 50 metros entre cada um. A
exceção são os quebra-mares sete e oito, cujo espaçamento é de 75
metros, para permitir a circulação de embarcações.
Serão construídos dois caminhos de serviços temporários.
A estrutura dos quebra-mares pode variar entre 1,5 e 5 metros, em
função da profundidade. Além disso, durante as obras, seriam
construídos dois caminhos de serviços temporários, perpendiculares à
costa, por onde passariam caminhões com o material da obra. A largura
desses caminhos medirão 7 metros, para possibilitar o trânsito dos
veículos.
Licenças - A primeira etapa da obra abrange dois
quebra-mares, a proteção do pé da barreira e a pavimentação e drenagem
da parte superior da barreira. Ficou definido que a Sudema licenciaria a
parte continental – drenagem e pavimentação da parte superior da
barreira – essa parte do projeto foi encaminhada ao órgão; e o Ibama
faria o licenciamento da parte oceânica, que envolve os quebra-mares e a
proteção do pé da barreira.
Em vídeo gravado para o ClickPB, o superintendente da Sudema, João
Vicente Machado, informou que a Prefeitura de João Pessoa não realizou
estudo de correntes marinhas, necessário para licenciar a segunda fase
da obra, que abrange a parte marítima, de implantação dos quebra-mares.
Sem esse estudo oceanográfico, é temeroso que essa intervenção de
quebra-mares em Cabo Branco possa liquidar com a balneabilidade das
praias paraibanas, alerta a Sudema.
Aliás, um grande alerta primeiramente partiu da própria empresa
Acquatool Consultoria Ltda, que participou de licitação em 2014 para
elaborar o projeto executivo que incluía a drenagem, pavimentação, e
contenção do processo de erosão da barreira. Esse projeto consiste no
que diz respeito à obra marítima de oito quebra-mares, dois caminhos de
serviço, engorda da praia, o enrocamento no sopé da barreira e, no
continente, a drenagem e a pavimentação.
Ou seja, não fez parte do trabalho da consultoria estudar o impacto
biológico, como fauna e flora, habitats e nichos ecológicos, locais de
reprodução, abrigo, alimentação da fauna, conforme disse o engenheiro
Pedro Antônio Molinas, da Acquatool.
"Eu não sou um idiota, eu sou um engenheiro. Se eu vou substituir um
metro cúbico de oceano, com peixes, com água, com micro-organismos, com
plâncton por um metro cúbico de enrocamento, obviamente haverá um
impacto ecológico", disse Molinas, em sessão especial que aconteceu na
Assembleia Legislativa da Paraíba, em julho do ano passado.
Nessa sessão, especialistas foram ouvidos e questionaram para onde
irá essa água depois que os quebra-mares forem colocados no mar?
Se pelo menos isso salvasse a barreira...
Molinas disse que as intervenções não são uma garantia de que a
barreira será protegida. Segundo ele, a barreira é um “doente em terapia
intensiva”.
“Se vive ou não vai depender de muita coisa".
Fonte
Nenhum comentário:
Postar um comentário