12/02/2018 às 18h00 • atualizado em 13/02/2018 às 09h42
Mesmo sem saber, Ivanildo Lima dá lição de sustentabilidade (Foto: Juliana Santos/MaisPB) |
Nas
cidades é normal ver água sair dos aparelhos condicionadores de ar
instalados em prédios. Muitas vezes, gotículas caem sobre quem anda pela
ruas. Mas para um flanelinha aqueles pingos tem um valor muito
especial. De gota em gota, por dia ele transforma nove baldes de água em
dinheiro lavando veículos em um estacionamento no Centro de João
Pessoa.
Ivanildo Lima da Silva, 50 anos, estudou até a 8º ano do
ensino fundamental e apesar de não ter conhecimento sobre
sustentabilidade, a necessidade e vontade de trabalhar para si, fez com
que ele tornasse a atividade de lavador de carro uma função sustentável.
Ele decidiu utilizar a água que sai de aparelhos de ar condicionados
depois que foi proibido de pegar água em uma repartição pública. “Vi
quanta água estava saindo de um cano acoplando a vários aparelhos de uma
agência bancária, então coloquei o balde e vi que juntava muita água”,
comentou.
Quando o flanelinha notou, estava enchendo nove baldes
de 20 litros, no total de 180 litros diários. A água que seria
descartada serviu de ferramenta para que Ivanildo continuasse com sua
única fonte de renda. “Ás vezes fico aguando as plantas das repartições
públicas, porque é muita água que junta”, afirma.
De gota em gota o flanelinha enche nove baldes de água (Foto: Juliana Santos/MaisPB) |
Com
a água em abundância ele conseguiu um cliente, em seguida outro e todos
satisfeitos com o serviço. Sua postura e forma com que trabalha
conquistaram os clientes. Apesar de não saber dirigir, Ivanildo tem
todas as noções de como orientar um motorista a estacionar em uma vaga.
“Toda semana eu assisto um programa sobre carros, vejo as matérias que
ensinam como estacionar”, conta.
A servidora pública Rafaela
Cristofoli deixa o carro todos os dias no estacionamento do lado do seu
trabalho e sempre pede para que o Ivanildo lave o veículo. Ao saber que o
lavador de carro utiliza água de ar condicionado, Rafaela revela que
ficou surpresa e muito feliz com a atitude. “Hoje temos que ter essa
preocupação de não desperdiçar e o uso consciente feito pelo flanelinha
me deixa tranquila, pois ele utiliza água reaproveitada”, disse.
Para
o gestor ambiental Fábio Carvalho, tudo que não é retirado da fonte,
como água de ar condicionado, é uma forma de poupar o meio ambiente e
evitar desperdícios. De acordo com Carvalho, dependendo do tamanho, um
prédio com sistema de reaproveitamento da água desses aparelhos pode
tornar-se auto sustentável. “A água reaproveitada pode ser utilizada
para limpeza e descargas dos banheiros do prédio, por exemplo”, comenta.
Segundo
o Fábio, para montar um sistema de reaproveitamento, é necessário fazer
um estudo aprofundado e desenvolver um projeto específico para cada
finalidade.
Juliana Santos – MaisPB
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