quinta-feira, 18 de setembro de 2014

JP: Animais nas ruas não podem ser recolhidos e doação só é permitida para maiores de 18 anos


Zoonoses só pode intervir na situação dos bichos se eles estiverem com doenças contagiosas; animais saudáveis são acompanhados, mas permanecem onde estão

Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente | Em 17/09/2014 às 16h02, atualizado em 17/09/2014 às 16h30 | Por Alisson Correia

   Alisson Correia
Sob chuva ou sol, eles atuam como 'guardas' das ruas
Sob chuva ou sol, eles atuam como 'guardas' das ruas
João Pessoa tem uma população estimada de 80 mil cachorros e 20 mil gatos, conforme levantamento da Gerência de Vigilância Ambiental e Zoonoses da Capital. Apesar desses dados, não há uma quantidade específica de bichos que vivem soltos nas ruas, causando dor para algumas pessoas e transtornos para outras. Esse problema existe em vários pontos da cidade, como na rua Caetano de Figueiredo, por exemplo, no bairro Cristo Redentor. Veja abaixo o que fazer para adotar, lidar com a situação e evitar atritos com a vizinhança.

Cachorros que foram abandonados por ex-donos, que já nasceram nas ruas ou são alimentados pela vizinhança, dormem nas calçadas, sob sol e chuva, são os ‘guardas’ da rua, mas não podem ser recolhidos, a não ser por interessados em criá-los. A Gerência de Vigilância Ambiental e Zoonoses da Capital disse que só pode intervir na situação dos animais quando eles estão doentes.

O médico veterinário e chefe do setor de Controle Animal, Marcelino Freitas Xavier, disse ao Portal Correio que a Gerência deve cumprir a Lei 9605/98 que trata dos crimes ambientais e da proteção aos animais e não permite a intervenção do órgão nessas situações. “Não podemos utilizar carrocinha e recolhê-los. Os animais só são levados para a Zoonoses quando estão com doenças incuráveis, transmissíveis e em situação grave. Fora isso, eles ficam onde estão”, afirmou.

Ele disse ainda que a Gerência pode ser acionada para acompanhar a situação desses animais soltos nas ruas, como para fazer exames, coletas de sangue e vacinações. Porém, estando saudáveis, permanecem soltos.

A dona de casa Maria do Livramento, de 52 anos, disse que alimenta os cachorros soltos na rua porque se sentimentaliza com a situação deles. “Fico triste em vê-los assim, largados. Eu dou comida, mas não posso criá-los porque já tenho um cachorro em casa. Se eu levar outro, eles podem se estranhar e até se matar, como quase aconteceu quando tentei”, explicou.

Já a dona de casa Judidth Sousa, de 68 anos, falou que tem duas cadelas e não tira cachorros da rua pelo mesmo pensamento da vizinha Maria. “Eles se estranham; é difícil juntar animais que não foram criados juntos desde pequenos. Além disso, já tenho duas, não há mais espaço na minha casa”, afirmou.

O médico veterinário Marcelino Freitas falou que os animais que não crescem juntos se estranham naturalmente e não recomenda que eles sejam levados para casa sem que o interessado em criá-los passe antes por um procedimento específico, necessário para quem deseja adotar.
Adoção

Quem pensava que adotar animais é um procedimento fácil e pode ser feito por qualquer pessoa, se enganou. A Gerência de Vigilância Ambiental de Zoonoses tem promovido exposições de animais para adoção e explica como funciona o processo, que não pode ocorrer de forma aleatória.

Em uma exposição, por exemplo, o interessado passa pela Equipe de Posse e Responsáveis, onde é feita a entrevista que coleta informações sobre as condições psicológicas e de moradia dessas pessoas. Ter muitos bichos não ajuda e, segundo o doutor Marcelino, é necessário ter mais de 18 anos. Muitas pessoas acabam chateadas porque voltam para casa sem um bichinho.

“Já mudamos esse conceito de ‘feira de animais’ porque a palavra ‘feira’ remete a compra, venda e troca. Animais não são objetos nem produtos para serem comercializados. Usamos o termo ‘exposição’ que é mais apropriado e reunimos pessoas que têm interesse de adotá-los, mas sob orientação. Ter um animal é saber que será preciso cuidar, alimentar, dar banho, vacinar, dar espaço e conforto para que ele viva com segurança”, destacou.

Marcelino Freitas falou ainda que duas exposições de animais já foram feitas só em setembro na Capital. Segundo ele, a próxima está marcada para ocorrer no dia 23 de setembro, no bairro dos Funcionários 1, na Zona Sul.

Além das exposições, ele disse que a Gerência de Vigilância Ambiental e Zoonoses tem ainda um canal via internet que possibilita o intercâmbio e a comunicação entre os interessados em doar ou adotar animais, sem que eles fiquem largados nas ruas.

Por meio do endereço eletrônico vigiambiental.jp@gmail.com, as pessoas podem enviar fotos dos animais, outras formas de contato e o interesse em adotar o doar os bichos. De acordo com o doutor Marcelino, a Gerência tem parceria com cerca de dez instituições, entre ONGs e associações protetoras de animais, e mantém comunicação com pelo menos 60 pessoas para adiantar as adoções.

Quem não gosta de bichos também tem opções

Se há pessoas apaixonadas por animais e que os tratam como humanos, há também quem não gosta e se incomoda com latidos, sujeira e aglomeração deles pelas ruas.

Para essas situações, o doutor Marcelino recomenda que haja um diálogo entre os vizinhos, para que eles entrem em acordo sobre o que fazer com os bichos soltos na rua. De acordo com o especialista, cães e gatos sempre vão estar presentes nesses ambientes enquanto houver alguém prestando assistência a eles.

“Se tem bicho na rua, é porque tem alguém dando comida. Quem se incomoda com a situação deve conversar com os vizinhos que alimentam esses animais para que sejam tomadas medidas, como encaminhá-los para a adoção, por exemplo, da forma como já foi orientado. Caso a situação seja difícil ou se transforme numa confusão, a Polícia Ambiental pode ser acionada”, finalizou.

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