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sábado, 30 de novembro de 2013
Lares sem luz, esgoto, água e coleta de lixo
Em 2012, mais de 350 mil casas não tinham acesso aos serviços básicos na PB.
Vanessa Furtado Leonardo SilvaNúmeros do IBGE revelam deficiência no acesso aos serviços básicos de saneamento e coleta de lixo na Paraíba
Em 2012, os serviços de abastecimento de
água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e iluminação elétrica não
eram ofertados a 352.320 domicílios urbanos na Paraíba. Foi o que
revelou a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2013, divulgada ontem
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Deste total de 352.320 domicílios, 96% não tinham esgotamento
sanitário (338.227). O estudo ainda apontou que, para cada 100
domicílios com acesso simultâneo aos quatro serviços investigados, havia
outros 58 sem acesso a, pelo menos, um deles. Na região Nordeste, esse
número chegou a 96.
Ainda segundo a pesquisa, existem 37.698 domicílios paraibanos sem
abastecimento de água, enquanto a coleta de lixo não é adequadamente
realizada em 5,9% das moradias. No entanto, a iluminação elétrica é o
menor problema dentre os serviços básicos, deixando de ser efetivamente
ofertado a apenas 704 domicílios urbanos analisados.
Já na área da saúde, o IBGE revelou que 533 internações hospitalares
por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado foram
registradas na Paraíba para cada grupo de 100 mil habitantes. A
principal responsável por essas internações foram as doenças cujos
patógenos se encontravam nas fezes e foram transmitidas através da boca,
com 87,7%, o que demonstra a intrínseca relação entre a ausência de
saneamento básico e a proliferação de doenças.
O presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental, seção Paraíba, Edmilson Fonseca, explica a relação existente
entre os indicadores. Com experiência de quem atua há 46 anos na área,
ele afirma que o saneamento básico é um conjunto de serviços que são
indispensáveis à qualidade da saúde humana.
“Abastecimento de água, coleta de lixo, drenagem urbana e esgotamento
sanitário são os quatro pilares do saneamento básico. A população da
região que não possui bons indicadores nessa área está mais vulnerável a
ser acometida por doenças de veiculação hídrica”, afirmou.
Ainda de acordo com o especialista, o baixo investimento em
saneamento básico interfere diretamente na ocupação dos leitos
hospitalares e até na expectativa de vida das pessoas. “Se não tem
saneamento, tem doença. Se tem doença, a chance de morrer é maior.
Pesquisas já apontaram que 60% dos leitos brasileiros são ocupados por
doenças causadas pela falta de saneamento básico”, acrescentou Fonseca.
“Essa ausência de saneamento é uma realidade no Brasil todo. Apenas
48% das cidades brasileiras têm sistema de esgotamento sanitário. As
demais usam fossas ou despejam seus dejetos a céu aberto mesmo. A gente
percebe que falta vontade política para resolver esse problema”,
observou.
Na Paraíba, os serviços de esgotamento sanitário e abastecimento de água são de responsabilidade da Companhia de Água e
Esgotos da Paraíba (Cagepa). Através da assessoria de imprensa, a
Companhia informou que, atualmente, o governo do Estado, em parceria com
o Governo Federal, vem investindo R$ 1 bilhão em obras de abastecimento
de água e esgotamento sanitário em todas as regiões do Estado.
Ainda de acordo com o setor de comunicação, só em abastecimento de
água, estão sendo implantados 738 quilômetros de adutoras, entre obras
concluídas ou iniciadas.
Entre as obras iniciadas estão a adutora Translitorânea, na Grande
João Pessoa; a adutora São José, na Região Metropolitana de Campina
Grande; e a adutora Araçagi-Guarabira, que será inaugurada em março do
próximo ano, garantindo segurança hídrica para 87 mil famílias do Brejo
paraibano.
Na área de esgotamento sanitário, os investimentos que estão sendo
feitos em João Pessoa, por exemplo, farão com que a cidade passe dos
atuais 66% de cobertura para 85% até o final de 2014, ficando muito
acima da média nacional.
O setor de comunicação ainda destacou que as cidades de Itapororoca e
Coremas não são abastecidas pela Cagepa. Elas possuem sistemas geridos
pela administração municipal.
Já a Energisa, concessionária de energia elétrica da Paraíba,
informou que disponibilizou para os 223 municípios paraibanos a rede de
distribuição do serviço. Postes, fios, equipamentos e toda estrutura
necessária para garantir a iluminação de vias e imóveis já está presente
nas cidades. No entanto, a empresa admitiu que a luz elétrica ainda
pode não ter chegado a algumas propriedades rurais, localizadas em áreas
mais isoladas. Nesse caso, a Energisa recomenda que o proprietário
procure a prefeitura municipal da região e peça que ela elabore um
projeto e o encaminhe à Energisa, solicitando a ligação da energia.
ENSINO DE NÍVEL SUPERIOR NA PB
A pesquisa do IBGE ainda revelou que a Paraíba é primeiro lugar do
Brasil em número de estudantes de curso superior em universidades e
faculdades públicas. O Estado possui 52,6% de estudantes de nível
superior em faculdades e universidades públicas, o maior percentual do
país, enquanto nas privadas esse percentual é de 47,4%.
A realidade local é absolutamente contrária à identificada em todo o
restante do país. No Nordeste, apenas 35,3% de estudantes de ensino
superior cursam faculdades públicas, enquanto 64,7% estudam na rede
privada. O ensino particular também prevalece nacionalmente. No Brasil,
75,8% dos alunos estão em instituições pagas e outros 24,2% frequentam a
rede pública.
Para a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Federal da
Paraíba, Maria do Socorro Nascimento, os números são resultados da
ausência de investimentos no setor público pelo governo. Ela cita o
exemplo da UFPB, onde os docentes permaneceram em greve por três meses
em busca de melhores condições de trabalho.
EXPECTATIVA MÉDIA DE VIDA É DE 71,9 ANOS
Em média, a expectativa de vida na Paraíba é de 71,9 anos, sendo
68,1 anos para os homens e 75,8 anos para as mulheres. A estimativa é a
mesma para o Nordeste, segundo a pesquisa. Outro indicador que
interfere na longevidade dos paraibanos é a taxa de mortalidade, que
caiu em 55,6% na Paraíba ao longo de uma década.
Com a meta de atingir um patamar de 17,9 óbitos por mil nascidos
vivos, observou-se no Brasil uma tendência de redução da taxa de
mortalidade na infância (até 5 anos), que chegou perto da meta em 2010,
com 18,6 óbitos por mil nascidos vivos, bem abaixo de 1990, quando era
de 53,7 por mil.
Analisando os dados entre 2002 e 2012, observou-se que na Paraíba a
taxa verificada em 2002 (45,5 por mil) era superior à média regional,
tendo ficado inferior a esta em 2012 (20,2 por mil), resultando,
portanto, numa redução de 55,6% em uma década.
Para a assistente social e secretária de Estado de Desenvolvimento
Humano, Aparecida Ramos, o aumento da expectativa de vida se deve à
melhoria das políticas públicas.
“As mulheres estão vivendo mais porque estão tendo acesso a bons exames, coisa que até uma década atrás era mais difícil.
Além de informação e serviços de saúde, a população recebe
assistência social, como o Bolsa Família. Tudo isso interfere na
longevidade”, disse. (Colaborou Nathielle Ferreira)
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