21/11/2014 00h01
- Atualizado em
21/11/2014 00h01
Pedra com inscrições rupestres pode ser submersa pelo reservatório.
A construção de uma barragem na Cidade de Cuité,
no Agreste paraibano, está dividindo a opinião dos moradores do
município, é que a obra para remediar os efeitos da estiagem pode
resultar na destruição de inscrições rupestres em um sítio arqueológico.
A pedra com as inscrições, era desconhecida até o início das obras, e
com o achado, a construção da Barragem do Japi está paralisada.
A 'Pedra da Letra' se destaca em meio a vegetação seca pela sua riqueza
histórica, nela existem inscrições rupestres feitas pelos povos antigos
há milhares de anos. Mas a construção da barragem na área do sítio
arqueológico pode fazer toda essa riqueza desaparecer, pois a pedra com
as inscrições ficará submersa quando o reservatório estiver cheio.
No mês passado, uma equipe da Sociedade Paraibana de Arqueologia esteve
visitando o sítio arqueológico e analisando as inscrições rupestres,
logo em seguida, o Governo do Estado anunciou a paralisação das obras. A
suspensão da obra vem dividindo as opiniões dos moradores de Cuité.
Alguns agricultores da região lamentam a paralisação pela necessidade do
reservatório na região, já outros acreditam na remediação do conflito,
com a possibilidade de construir a barragem sem destruir o patrimônio
histórico do sítio arqueológico.
"Que seja construída essa barragem que é uma coisa que todos esperam e
que vai dar sustentabilidade para todos os agricultores, não só do
assentamento, mas para toda a região. Essa barragem vai ser construída
um pouco mais afastada dessa pedra, e essa pedra vai permanecer aí para
sempre", disse o agricultor Francinaldo de Lima.
Segundo o historiador Alexandre da Fonsêca, a origem das inscrições
ainda é desconhecida, mas a preservação a o estudo podem ajudar a
remontar o passado da região e do estado. "Essas inscrições têm uma
importância muito grande. Até então, a origem a gente não sabe
exatamente, mas são inscrições que através dos grafismos, mostram como
poderiam ter sido, por exemplo, os modos de vida dos primeiros que
povoaram essa região", disse o historiador.
Enquanto a decisão sobre a continuidade das obras não sai, os moradores
esperam que as autoridades decidam o que é melhor para a região. A
Secretaria de Recursos Hídricos do Estado informou que a pedra com as
inscrições só foi descoberta no momento da execução do projeto. Já o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou
que não existe a proibição para construir a barragem e só as pesquisas
arqueológicas no local é que podem indicar quais as medidas a serem
tomadas.
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