quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Prefeitura de João Pessoa interdita trânsito na ladeira do Cabo Branco

05/11/2014 13h34 - Atualizado em 06/11/2014 09h01 

Interdição se deve ao avanço da erosão na barreira do Cabo Branco.
Anúncio da medida foi feito nesta quarta-feira (5).
 
Wagner Lima Do G1 PB
 
O trânsito de veículos na ladeira do Cabo Branco, em João Pessoa, foi parcialmente interditado na terça-feira (4). A medida emergencial, divulgada durante coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (5), foi tomada por causa do avanço da erosão na barreira do Cabo Branco, um dos principais pontos turísticos da Paraíba. O valor total do investimento para conter a erosão e o prazo de início e conclusão das obras não foram divulgados.
 
Nos próximos dias, segundo a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob), o acesso de veículos à área deverá ser totalmente proibido. O superintendente do órgão, Roberto Pinto, disse não saber a quantidade de veículos atingidos com a mudança no trânsito porque o órgão não dispõe de contagem na área.
 
Secretários municipais e o representante da Acquatool LPP Ltda, responsável pelos projetos de contenção na área, concederam a entrevista coletiva no auditório da Receita Municipal, no Centro Administrativo Municipal, no bairro de Água Fria, na capital.

 
A destruição da barreira tem  chamado a atenção de turistas, comerciantes e defensores do meio ambiente. O problema foi mostrado em reportagem do Jornal Nacional no último sábado (1º).

Com a interdição, os motoristas que seguem do Cabo Branco em direção à Estação Cabo Branco vão poder seguir pela ladeira nas imediações da Praça de Iemanjá, possivelmente até este final de semana, segundo o titular da Semob, Roberto Pinto. Para quem vem da PB-008 e pretende ir até a orla o fluxo de veículos em direção à Estação Cabo Branco e a ladeira estão proibidos.

A alternativa é pegar a rotatória em frente à Estação das Artes (anexo da Estação Cabo Branco) seguir em frente pela Rua Luzinete Formiga Lucena, pegar a segunda via à direita, a Rua Zita Maria Carneiro da Cabral até a Avenida Panorâmica do Cabo Branco até o acesso às ladeiras que levam ao Cabo Branco.

Sem infraestrutura
O representante da Acquatool Consultoria, Pedro Antônio Molinas, responsável pelos estudos e projetos para conter a erosão, reconheceu que os motoristas devem enfrentar dificuldades porque essas ladeiras são de paralelepípedos e com iluminação precária. A Secretaria de Planejamento reforçou que os projetos estão em curso para dotar os acessos de condições de tráfego.
 
Durante a coletiva, o secretário do Planejamento do município, Rômulo Polari, não citou prazos para as obras e ao ser indagado sobre o volume de recursos para a obra disse que não teria como adiantar. “A gente não sabe a quandidade de recursos porque os projetos estão em elaboração”, frisou.

Quebramares serão colocados a 300 metros da beira-mar 
A praia do Cabo Branco, conhecida pelas piscinas naturais e reproduções de várias espécies, contará nesse trecho onde se registra a erosão da barreira, a instalação de quebramares distantes 300 metros da beira-mar. A ideia é a de que eles fiquem submersos para conter a intensidade das ondas que quebram na base da barreira.

A estimativa, segundo Pedro Molinas da Acquatool Consultoria, é a de que a cada ano a barreira tem perdido em torno de até 50 metros devido às ações de intensidade das marés na base da barreira e as intervenções urbanas no alto da barreira.

O técnico Pedro Antônio Molinas, da  Acquatool Consultoria, explicou que a distância é maior do que a prevista no projeto inicial que era de apenas 50 metros. Ele garantiu que o impacto no paisagem natural será o mínimo possível. “Intervenções deixam as praias alijadas, artificiais, mas nós vamos fazer com que os quebramares fiquem submersos e o máximo que se possa ver é um 'colchão de espumas brancas' e só os visualize em maré baixa”, frisou.

Na base da barreira serão feitos reparos com o mesmo tipo de material dos quebramares, além de outras medidas no alto da barreira: implantação de projetos de drenagem, reflorestamento e a interdição total de veículos na área mais atingida com a proibição da pista de subida.

O titular do Planejamento, Rômulo Polari, explicou que os dois projetos para a construção da Praça do Sol Nascente, na Praia do Sexias e o de revitalização da Praça de Iemanjá já estão prontos e com recursos alocados para iniciar as obras, mas as ações foram suspensas devido ao aumento da erosão no local.

Impacto do fluxo de veículos contribuiu para erosão da barreira, diz estudo 
Pedro Antônio Molinas, da  Acquatool Consultoria, mostra impacto dos veículos sobre a barreira do Cabo Branco (Foto: Wagner Lima/G1 PB)
Pedro Antônio Molinas, da Acquatool
Consultoria, mostra impacto dos veículos sobre
a Barreira do Cabo Branco (Foto: Wagner Lima/G1 PB)
Tremores ocasionados por veículos de pequeno porte ao frear ou mudar de direção acarretam peso sob o solo maior que o do próprio automóvel. Essa foi uma das constatações iniciais obtidas pelo estudo de impacto realizado pela Acquatool Consultoria.
 
Pedro Antônio Molinas explicou que a interdição do tráfego na área é definitiva. “O impacto da erosão não foi apenas natural, mas também por conta da intervenção humana. O retorno do tráfego na área não tem volta nunca mais. Não obstante, o desafio de proteger a barreira é maior”, disse.

Por conta dos resultados iniciais do estudo, a ladeira do Cabo Branco e adjacência serão destinadas apenas para a circulação de pedestres, ciclistas e praticantes de outros esportes. Na frente da Estação Cabo Branco será permitida apenas a passagem de ônibus de turismo para o desembarque de turistas. Mais adiante, os motoristas deste tipo de transporte terão um novo contorno em frente à estação para retornar a uma área destinada ao estacionamento.
 
Erosão preocupa visitantes e comerciantes 
Para os visitantes e comerciantes da área o impacto na erosão tira um pouco do encanto do lugar. A turista Elaine Lousado disse por conta da erosão deixou de ver mais perto da Ponta do Seixas por conta da interdição do mirante. “Daqui nós tempos uma visão não totalmente boa como se estivesse com a estrutura adequada”, frisou.

O comerciante Aluísio César, que tem uma barraca na Praia do Seixas, disse teme perder o ponto por conta do avanço do mar. “A cada dia que passa o mar tá vindo mais e mais e a barreira está caindo”, frisou.
 
O  geógrafo Williams Guimarães reforçou que uma série de fatores têm contruído para o desgaste da falésia do Cabo Branco, entre eles o tráfego de veículos, a falta de vegetação no topo da falésia, que também sofre o impacto de construções na área. “As construções no topo da falésia também potencializaram a erosão na barreira”, afirmou.
 
Um projeto para contenção da erosão da barreira do Cabo Branco deve ser iniciado ainda este ano, segundo o secretário do Planejamento de João Pessoa, Rômulo Polari. “A solução é fazer quebra mares ao longo das imediações dessa fenda dos corais de forma artificial. Vamos corrigir essa ruptura da barreira dos corais”, disse.


 

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