Desde
2007 os paraibanos são avisados para a necessidade de monitorar as
marés, ocasião em que foi feito um alerta pelo saudoso professor do Departamento de Geociência da UFPB, Paulo Rosa, para o risco de um
megatsunami atingir o Atlântico. Dessa vez quem confirmou o risco foi o
presidente do Departamento de Física da Universidade Syiah Kuala, de
Banda Aceh, Indonésia, Nazli Ismail.
Falecido em junho de 2012,
Rosa defendia que o litoral da Paraíba não era tão seguro quanto se
pensava, já que uma erupção no distante vulcão Cumbre Vieja, localizado
na Ilha de La Palma, nas Canárias, poderia tecnicamente provocar um
desmoronamento de grandes proporções, resultado em ondas que poderiam
"viajar" em uma velocidade de até mil quilômetros por hora (em um ângulo
de 360º), atingindo o litoral nordestino, apenas 8 horas após o início
da catástrofe. "Não estamos deitados em berço esplêndido", disse rosa em
sua última entrevista ao ClickPB, em agosto de 2011.
Em
entrevista a Rede de notícias portuguesa, RTP, Nazli foi questionado
sobre a probabilidade deste megatsunami ocorrer nas próximas décadas, o
geofísico acrescentou que "naturalmente" "os desastres pequenos
acontecem frequentemente e os grandes acontecem raramente", mas, ainda
assim, concordou que é "tecnicamente possível".
Ainda em 2011,
quando concedeu entrevista a nossa equipe, Rosa lamentava a falta de
interesse das autoridades com o assunto. "Desde 2007 estamos tentando um
convênio entre UFPB, Ministério da Ciência e Tecnologia, Marinha do
Brasil e Governo do Estado, mas até hoje nada aconteceu", desabafava.
Rosa
alertou à época que é necessário que seja criado um plano de evacuação
das cidades do litoral paraibano para que, no caso de um tsunami, vidas
humanas não sejam perdidas. "Imaginemos que esta onda tivesse apenas um
metro e a mesma ocorresse em uma maré 2.8, teríamos uma onda de quase 4
metros de altura e a maior parte do litoral paraibano não está mais de 3
metros acima do nível do mar".
Segundo pesquisas do Reino Unido,
divulgadas no início da década, as ondas geradas por este desastre podem
passar dos 30 metros, mas sobre estes números Paulo Rosa desconversava.
"Não posso afirmar nada disso sem dispor do equipamento adequado para
que possamos fazer as projeções necessárias. Já houve um caso de ondas
de mais de 30 metros atingindo o Canadá, justamente por um deslocamento
de terra, mas é impossível fazer esta previsão sobre o Brasil, se não
temos a estrutura mínima para os estudos", alertou o professor.
Apesar do alerta, Rosa destacou na época que não existia motivo para pânico. "Apesar
de não se saber quando ocorrerá esta catástrofe, o ideal é fazer o
monitoramento do oceano e preparar a população para o caso de um
tsunami, com informação e um plano de evacuação. Toda uma população
tentando deixar o litoral por uma única BR é algo impraticável".
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