A
Prefeitura Universitária (PU) vai realizar no dia 5 de maio, às 9h, no
Auditório do Bloco Multimídia do Centro de Tecnologia da Universidade
Federal da Paraíba (CT/UFPB),
Campus de João Pessoa, audiência pública
para a formulação da Política Ambiental da instituição. A Comissão de
Gestão Ambiental está solicitando, da comunidade universitária,
sugestões que serão elencadas e discutidas durante o debate. Os
interessados podem enviar suas propostas até sexta-feira (28), para o
endereço de e-mail:
politica.ambiental@prefeitura.ufpb.br.
O prefeito universitário João Marcelo Alves Macêdo, em entrevista à
Agência de Notícias (AgN), falou dos objetivos da Política Ambiental da
Universidade. Ele revelou que durante os seus 60 anos de existência, a
instituição nunca obteve regularização de licença para desenvolver esse
plano.
O trabalho está sendo feito em parceria com a Superintendência de
Administração do Meio Ambiente (SUDEMA) e deve ser implementado após
consulta feita aos estudantes, professores, técnico-administrativos e à
comunidade extra universitária, depois da aprovação do Conselho
Universitário (CONSUNI) no mês de maio.
Segundo João Marcelo, a política ambiental, com um prazo de 180 dias
para ser implantada, abrangerá todos os quatro Campi da UFPB. O prefeito
é da opinião que ainda falta à comunidade universitária uma consciência
ambiental e a que instituição pode ser autossustentável.
AgN/UFPB: A Prefeitura Universitária (PU), em audiência pública, vai debater com os seus segmentos, órgãos
públicos e outras organizações municipais, estaduais e federais, sua
política ambiental para os próximos anos. Qual é o objetivo principal do
Plano Ambiental da UFPB?
João Macedo (JM): A Universidade há muito tempo
viveu à margem da legislação por decisões equivocadas, por achar que ela
só se submetia as decisões e legislação de âmbito federal, porque tinha
uma autonomia. A autonomia universitária foi confundida. Por
exemplo, nós tivemos obras sem alvará e uma série de complicadores.
Diante de tudo isso, quando assumimos, começamos a discutir justamente
um trabalho de regularização. Então, o que nos fizemos? Primeiro nós
buscamos a SUDEMA e fizemos a regularização da licença de operações. O
Campus nunca foi licenciado. Em seus 60 anos, a Universidade nunca teve
uma licença ambiental. Com a SUDEMA, acertamos 17 condicionantes, que
são pontos que devemos cumprir ao longo de 180 dias. Temos prazo para
cada uma dessas situações e estamos dando cumprimento. Um dos itens, por
exemplo, é manter atualizado um contrato ou um convênio com as
cooperativas e associações de catadores, porque devemos fazer a chamada
reciclagem. Precisamos separar o nosso lixo.
AgN/UFPB: Quais seriam os demais pontos a serem cumpridos?
JM: Outro ponto que nós temos é a criação de uma política ambiental, ou seja, imagine que o
Campus I está dentro de um
resquício de Mata Atlântica. Nós temos uma reserva. Salvo engano, são
aproximadamente 82 hectares. Os limites da Universidade vão até ao rio
lá embaixo, ou seja, o rio que divide o Castelo Branco dos Bancários ou
daquela parte lá que tem o Conjunto Paulo Miranda, que é a ponta dos
Bancários, depois das três ruas. Então aquela divisão ali, aquela Mata
pertence à Universidade e ela deve ser preservada. A gente tem uma cerca
que delimita o
Campus de João Pessoa e as pessoas acham que ali é do
público, mas pertence à UFPB. Na Unidade de Mangabeira, são
aproximadamente 40 hectares. Nós temos que dar conta de tudo isso.
Dentro de toda essa política ambiental, nós lançamos uma chamada pública
para discutir tudo isso.
AgN/UFPB: O que será repensado dentro dessa politica ambiental voltada à melhoria da UFPB? O que pretende contemplar?
JM: Nesse sentido, a política ambiental vai discutir
tudo que é de responsabilidade da Universidade e daqueles que convivem
com a Universidade, para preservação do meio ambiente. Vamos contemplar
desde a A3P, que é a Agenda do Ministério do Meio Ambiente, até toda
discussão ambiental. Ou seja, nós temos aqui um espaço riquíssimo e que
precisa de cuidados. Então, hoje nós estamos convocando toda a
comunidade universitária (estudantes, professores e
técnico-administrativos), bem como os órgãos ambientais. Nós expedimos
ofício convidando a SUDEMA; Secretaria do Municipal do Meio Ambiente
(SEMAM); Polícia Florestal; o Ministério Público Estadual; Ministério
Público Federal; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) para discutirem essa politica ambiental da
UFPB. Precisamos repensar toda essa estrutura ambiental dentro da
universidade, que vai desde o estudo sobre a coleta de resíduos; ao
tratamento dado aos resíduos químicos; à política de gestão de
processos; ao uso de construções inteligentes e construções
sustentáveis; e à regularização fundiária, ou seja, ao uso do solo. Tudo
isso está contemplado dentro dessa política.
AgN/UFPB: Essa política vai contemplar todos os Campi da UFPB?
JM: Sim. Todos os quatros
Campi.
Campus I, no bairro
Castelo Branco, Unidade de Mangabeira, Unidade de Santa Rita;
Campus
II, Areia;
Campus III, Bananeiras;
Campus IV, Rio Tinto e Mamanguape.
Considere também que nós temos outros locais como o futuro Museu de
Medicina, que vai funcionar no antigo Instituto de Medicina Legal, onde
funcionou a Faculdade de Medicina, perto do Cemitério Boa Sentença; a
antiga Fundação José Américo, onde hoje funciona a Clínica de
Psicopedagogia; a antiga Faculdade de Direito, onde funciona a Prática
Forense, no centro da Capital, entre outros espaços que são de
propriedade da UFPB.
AgN/UFPB: No momento atual, a UFPB tem estrutura representativa para discutir essa política ambiental?
JM: Nesse sentido, nós temos toda uma estrutura que
vai contemplar e ser afetada por essa política ambiental. Nós não
pensamos coisas mirabolantes. Na verdade, por isso é que nós estamos
convidando a comunidade universitária a contribuir com essa discussão e a
debater, para que nós possamos colocá-la em prática. Não adiantaria que
nós, aqui, no Gabinete da Prefeitura Universitária, discutíssemos uma política ambiental, fizéssemos uma redação belíssima com todo o
cientificismo necessário para colocar no papel, mas que, quando chegasse
à comunidade, não fosse implementada, não tivesse a adesão dos nossos
estudantes, professores e servidores técnico-administrativos. Convidamos
também as entidades representativas do segmento universitário como
Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior da Paraíba (SINTESPB),
Associação dos Docentes da UFPB (ADUFPB) e Diretório Central do
Estudante (DCE), para que se façam presente a essa discussão, pois nós
precisamos pensar tudo isso.
AgN/UFPB: Em sua opinião, falta, ainda, na comunidade universitária, uma consciência ambiental?
JM: Sim. Como instituição educacional, nós
precisamos pensar nisso. De vez em quando, penso em nossos netos que não
vão ter os recursos naturais abundantes. Hoje, o que mais assola a
gente é um calor, que é fruto do uso desregrado de recursos ambientais,
ou seja, devastação de matas ou uso de combustíveis fósseis, e uma série
de outras coisas. Então, se nós não tivermos essa consciência
ambiental, nós vamos ter sérios problemas. Digo isso, preocupado com
esses dez 10 ou 15 anos que temos pela frente, não é coisa para 50 ou
100 anos. Vejamos o problema hídrico que nós passamos, estamos saindo,
mas nós não podemos nos descuidar. E a Universidade tem um papel
fundamental, porque aqui estamos formando novos recursos humanos. Aqui é
onde temos cursos de engenharia, se tivermos construções inteligentes e
sustentáveis que usem, por exemplo, luz solar, que recolham resíduos
sólidos e reutilizem a água. Se tudo isso ocorrer, o que vai acontecer?
Nós vamos formar melhor nossos engenheiros. Então, a Universidade tem
que ser exemplo nas suas ações, mas não exemplos ruins como,
infelizmente, em alguns momentos nós fomos.
AgN/UFPB: Como corrigir esse erro institucional de 60 anos?
JM: Reconhecendo esse erro institucional da
Universidade, nós buscamos corrigir. Então a discussão dessa nova
política é isso. Existe todo um simbolismo também. Daí levamos essa
discussão para dentro do CT, que é um Centro de Tecnologia e que é
responsável por isso, já que lá tem Curso de Engenharia Ambiental, de
Engenharia Civil e de Arquitetura que podem impactar essa política.
Vamos começar a discussão por lá. Agora é um momento ímpar. Essa
discussão que nós vamos levar ao CONSUNI da UFPB, precisa passar por uma
etapa antes. Estou muito feliz porque desde o dia 18 de abril deste
ano, quando expedimos memorando solicitando sugestões para a melhoria da
nossa política ambiental, recebemos diversas contribuições. As pessoas
realmente estão vindo até a instituição se mostrando preocupadas e
querendo discutir isso. Uma demonstração que nós podemos ter sucesso
nessa nova política ambiental.
AgN/UFPB: Qual é o prazo para implantação desse Plano Ambiental?
JM: O prazo é de 180 dias. Nós assinamos no dia 20
de fevereiro deste ano. Então temos até 20 de agosto para entregar o
Plano junto à SUDEMA. Vamos fazer a discussão no dia 5 de maio.
Pretendemos fechar o mês de maio com esse processo chegando ao CONSUNI e
tendo um relator designado.
AgN/UFPB: De fato, a UFPB tem condições de ser uma cidade autossustentável?
JM: Com certeza. Uma instituição
educacional que não acredita na mudança, não pode ser educacional. A
educação é capaz de mudar o mundo; ela muda as pessoas. Se você pegar
uma pessoa antes de ser letrada e depois de letrada - como diriam os
mais antigos – você vai ver a diferença. É um compromisso nosso, o de
ensinar. Na medida que nos policiarmos para ter uma consciência da
separação do lixo, uma consciência daqueles espaços de preservação e que
pensemos na sustentabilidade de uma maneira geral, nós conseguiremos,
sim, fazer diferente e transformar a sociedade. A Universidade se propõe
a repensar seus hábitos e, ao repensar os hábitos, nós vamos ter um
avanço. É uma série de ações que já existe e que vai ser concatenada e
inclusa dentro de um grande plano, que é um plano de política ambiental,
ou seja, pensar diferente. A política ambiental é pensar as ações de
maneiras diferentes. Nós desenvolvemos e dispomos de diversas
tecnologias, mas durante muito tempo não foram fomentadas. O problema
é que muitas vezes não era visto isso. Nós hoje estamos tentando
descobrir, dentro de tudo que a Universidade produz, as melhores
soluções. Temos que separar o que é técnico do que é político, o que não
contempla a instituição. Na Prefeitura Universitária, nos buscamos as
decisões técnicas. Qual a decisão técnica? Nós precisamos ter uma
politica ambiental. Qual a decisão técnica? Nós precisamos reutilizar a
água. Qual a decisão técnica? Nós precisamos melhorar a eficiência
iluminatória da nossa Instituição, a iluminação dela precisa mudar.
Nesse sentido, a Universidade está pensando diferente, está pensando no
futuro, numa mudança e numa transformação que está chegando. Primeiro
passo: definição de uma política ambiental. Pensar diferente.
Transformar. Isso é uma nova UFPB que tem refletido sobre o seu papel
diante da sociedade. Quando concluirmos essa política ambiental, ela
será exemplo para as demais instituições públicas do nosso Estado. As
soluções aqui construídas poderão inspirar outros gestores públicos a
pensarem diferente.