segunda-feira, 24 de abril de 2017

UFPB convida comunidade universitária para discutir Política Ambiental

A Prefeitura Universitária (PU) vai realizar no dia 5 de maio, às 9h, no Auditório do Bloco Multimídia do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba (CT/UFPB), Campus de João Pessoa, audiência pública para a formulação da Política Ambiental da instituição. A Comissão de Gestão Ambiental está solicitando, da comunidade universitária, sugestões que serão elencadas e discutidas durante o debate. Os interessados podem enviar suas propostas até sexta-feira (28), para o endereço de e-mail: politica.ambiental@prefeitura.ufpb.br.

O prefeito universitário João Marcelo Alves Macêdo, em entrevista à Agência de Notícias (AgN), falou dos objetivos da Política Ambiental da Universidade. Ele revelou que durante os seus 60 anos de existência, a instituição nunca obteve regularização de licença para desenvolver esse plano.

O trabalho está sendo feito em parceria com a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA) e deve ser implementado após consulta feita aos estudantes, professores, técnico-administrativos e à comunidade extra universitária, depois da aprovação do Conselho Universitário (CONSUNI) no mês de maio.

Segundo João Marcelo, a política ambiental, com um prazo de 180 dias para ser implantada, abrangerá todos os quatro Campi da UFPB. O prefeito é da opinião que ainda falta à comunidade universitária uma consciência ambiental e a que instituição pode ser autossustentável.

AgN/UFPB: A Prefeitura Universitária (PU), em audiência pública, vai debater com os seus segmentos, órgãos públicos e outras organizações municipais, estaduais e federais, sua política ambiental para os próximos anos. Qual é o objetivo principal do Plano Ambiental da UFPB?
João Macedo (JM): A Universidade há muito tempo viveu à margem da legislação por decisões equivocadas, por achar que ela só se submetia as decisões e legislação de âmbito federal, porque tinha uma autonomia. A autonomia universitária foi confundida. Por exemplo, nós tivemos obras sem alvará e uma série de complicadores. Diante de tudo isso, quando assumimos, começamos a discutir justamente um trabalho de regularização. Então, o que nos fizemos? Primeiro nós buscamos a SUDEMA e fizemos a regularização da licença de operações. O Campus nunca foi licenciado. Em seus 60 anos, a Universidade nunca teve uma licença ambiental. Com a SUDEMA, acertamos 17 condicionantes, que são pontos que devemos cumprir ao longo de 180 dias. Temos prazo para cada uma dessas situações e estamos dando cumprimento. Um dos itens, por exemplo, é manter atualizado um contrato ou um convênio com as cooperativas e associações de catadores, porque devemos fazer a chamada reciclagem. Precisamos separar o nosso lixo.

AgN/UFPB: Quais seriam os demais pontos a serem cumpridos?
JM: Outro ponto que nós temos é a criação de uma política ambiental, ou seja, imagine que o Campus I está dentro de um resquício de Mata Atlântica. Nós temos uma reserva. Salvo engano, são aproximadamente 82 hectares. Os limites da Universidade vão até ao rio lá embaixo, ou seja, o rio que divide o Castelo Branco dos Bancários ou daquela parte lá que tem o Conjunto Paulo Miranda, que é a ponta dos Bancários, depois das três ruas. Então aquela divisão ali, aquela Mata pertence à Universidade e ela deve ser preservada. A gente tem uma cerca que delimita o Campus de João Pessoa e as pessoas acham que ali é do público, mas pertence à UFPB. Na Unidade de Mangabeira, são aproximadamente 40 hectares. Nós temos que dar conta de tudo isso. Dentro de toda essa política ambiental, nós lançamos uma chamada pública para discutir tudo isso.

AgN/UFPB: O que será repensado dentro dessa politica ambiental voltada à melhoria da UFPB? O que pretende contemplar?
JM: Nesse sentido, a política ambiental vai discutir tudo que é de responsabilidade da Universidade e daqueles que convivem com a Universidade, para preservação do meio ambiente. Vamos contemplar desde a A3P, que é a Agenda do Ministério do Meio Ambiente, até toda discussão ambiental. Ou seja, nós temos aqui um espaço riquíssimo e que precisa de cuidados. Então, hoje nós estamos convocando toda a comunidade universitária (estudantes, professores e técnico-administrativos), bem como os órgãos ambientais. Nós expedimos ofício convidando a SUDEMA; Secretaria do Municipal do Meio Ambiente (SEMAM); Polícia Florestal; o Ministério Público Estadual; Ministério Público Federal; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para discutirem essa politica ambiental da UFPB. Precisamos repensar toda essa estrutura ambiental dentro da universidade, que vai desde o estudo sobre a coleta de resíduos; ao tratamento dado aos resíduos químicos; à política de gestão de processos; ao uso de construções inteligentes e construções sustentáveis; e à regularização fundiária, ou seja, ao uso do solo. Tudo isso está contemplado dentro dessa política.

AgN/UFPB: Essa política vai contemplar todos os Campi da UFPB?
JM: Sim. Todos os quatros Campi. Campus I, no bairro Castelo Branco, Unidade de Mangabeira, Unidade de Santa Rita; Campus II, Areia; Campus III, Bananeiras; Campus IV, Rio Tinto e Mamanguape. Considere também que nós temos outros locais como o futuro Museu de Medicina, que vai funcionar no antigo Instituto de Medicina Legal, onde funcionou a Faculdade de Medicina, perto do Cemitério Boa Sentença; a antiga Fundação José Américo, onde hoje funciona a Clínica de Psicopedagogia; a antiga Faculdade de Direito, onde funciona a Prática Forense, no centro da Capital, entre outros espaços que são de propriedade da UFPB.

AgN/UFPB: No momento atual, a UFPB tem estrutura representativa para discutir essa política ambiental?
JM: Nesse sentido, nós temos toda uma estrutura que vai contemplar e ser afetada por essa política ambiental. Nós não pensamos coisas mirabolantes. Na verdade, por isso é que nós estamos convidando a comunidade universitária a contribuir com essa discussão e a debater, para que nós possamos colocá-la em prática. Não adiantaria que nós, aqui, no Gabinete da Prefeitura Universitária, discutíssemos uma política ambiental, fizéssemos uma redação belíssima com todo o cientificismo necessário para colocar no papel, mas que, quando chegasse à comunidade, não fosse implementada, não tivesse a adesão dos nossos estudantes, professores e servidores técnico-administrativos. Convidamos também as entidades representativas do segmento universitário como Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior da Paraíba (SINTESPB), Associação dos Docentes da UFPB (ADUFPB) e Diretório Central do Estudante (DCE), para que se façam presente a essa discussão, pois nós precisamos pensar tudo isso.

AgN/UFPB: Em sua opinião, falta, ainda, na comunidade universitária, uma consciência ambiental?
JM: Sim. Como instituição educacional, nós precisamos pensar nisso. De vez em quando, penso em nossos netos que não vão ter os recursos naturais abundantes. Hoje, o que mais assola a gente é um calor, que é fruto do uso desregrado de recursos ambientais, ou seja, devastação de matas ou uso de combustíveis fósseis, e uma série de outras coisas. Então, se nós não tivermos essa consciência ambiental, nós vamos ter sérios problemas. Digo isso, preocupado com esses dez 10 ou 15 anos que temos pela frente, não é coisa para 50 ou 100 anos. Vejamos o problema hídrico que nós passamos, estamos saindo, mas nós não podemos nos descuidar. E a Universidade tem um papel fundamental, porque aqui estamos formando novos recursos humanos. Aqui é onde temos cursos de engenharia, se tivermos construções inteligentes e sustentáveis que usem, por exemplo, luz solar, que recolham resíduos sólidos e reutilizem a água. Se tudo isso ocorrer, o que vai acontecer? Nós vamos formar melhor nossos engenheiros. Então, a Universidade tem que ser exemplo nas suas ações, mas não exemplos ruins como, infelizmente, em alguns momentos nós fomos.

AgN/UFPB: Como corrigir esse erro institucional de 60 anos?
JM: Reconhecendo esse erro institucional da Universidade, nós buscamos corrigir. Então a discussão dessa nova política é isso. Existe todo um simbolismo também. Daí levamos essa discussão para dentro do CT, que é um Centro de Tecnologia e que é responsável por isso, já que lá tem Curso de Engenharia Ambiental, de Engenharia Civil e de Arquitetura que podem impactar essa política. Vamos começar a discussão por lá. Agora é um momento ímpar. Essa discussão que nós vamos levar ao CONSUNI da UFPB, precisa passar por uma etapa antes. Estou muito feliz porque desde o dia 18 de abril deste ano, quando expedimos memorando solicitando sugestões para a melhoria da nossa política ambiental, recebemos diversas contribuições. As pessoas realmente estão vindo até a instituição se mostrando preocupadas e querendo discutir isso. Uma demonstração que nós podemos ter sucesso nessa nova política ambiental.

AgN/UFPB: Qual é o prazo para implantação desse Plano Ambiental?
JM: O prazo é de 180 dias. Nós assinamos no dia 20 de fevereiro deste ano. Então temos até 20 de agosto para entregar o Plano junto à SUDEMA. Vamos fazer a discussão no dia 5 de maio. Pretendemos fechar o mês de maio com esse processo chegando ao CONSUNI e tendo um relator designado.

AgN/UFPB: De fato, a UFPB tem condições de ser uma cidade autossustentável?
JM: Com certeza. Uma instituição educacional que não acredita na mudança, não pode ser educacional. A educação é capaz de mudar o mundo; ela muda as pessoas. Se você pegar uma pessoa antes de ser letrada e depois de letrada - como diriam os mais antigos – você vai ver a diferença. É um compromisso nosso, o de ensinar. Na medida que nos policiarmos para ter uma consciência da separação do lixo, uma consciência daqueles espaços de preservação e que pensemos na sustentabilidade de uma maneira geral, nós conseguiremos, sim, fazer diferente e transformar a sociedade. A Universidade se propõe a repensar seus hábitos e, ao repensar os hábitos, nós vamos ter um avanço. É uma série de ações que já existe e que vai ser concatenada e inclusa dentro de um grande plano, que é um plano de política ambiental, ou seja, pensar diferente. A política ambiental é pensar as ações de maneiras diferentes. Nós desenvolvemos e dispomos de diversas tecnologias, mas durante muito tempo não foram fomentadas. O problema é que muitas vezes não era visto isso. Nós hoje estamos tentando descobrir, dentro de tudo que a Universidade produz, as melhores soluções. Temos que separar o que é técnico do que é político, o que não contempla a instituição. Na Prefeitura Universitária, nos buscamos as decisões técnicas. Qual a decisão técnica? Nós precisamos ter uma politica ambiental. Qual a decisão técnica? Nós precisamos reutilizar a água. Qual a decisão técnica? Nós precisamos melhorar a eficiência iluminatória da nossa Instituição, a iluminação dela precisa mudar. Nesse sentido, a Universidade está pensando diferente, está pensando no futuro, numa mudança e numa transformação que está chegando. Primeiro passo: definição de uma política ambiental. Pensar diferente. Transformar. Isso é uma nova UFPB que tem refletido sobre o seu papel diante da sociedade. Quando concluirmos essa política ambiental, ela será exemplo para as demais instituições públicas do nosso Estado. As soluções aqui construídas poderão inspirar outros gestores públicos a pensarem diferente.

Fonte: Agência de Notícias da UFPB - Paulo César Cabral
 
 
 

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