sexta-feira, 7 de abril de 2017

Produtos químicos e destruição de mata estão acabando com bacia que abastece a Grande JP, diz especialista


O engenheiro agrônomo e especialista em Ciências Ambientais, Saulo Marinho, concluiu um estudo, recentemente, e alerta que o abastecimento de água na Grande João Pessoa está ficando cada vez mais comprometido por causa degradação da bacia hidrográfica responsável pela água consumida por mais de 900 mil pessoas: a do Rio Gramame.

Em contato com o blog, Saulo lembrou que a área de drenagem da bacia é de 589,1 km². O principal curso d’água é o rio Gramame, com extensão de 54,3 km, e seus principais afluentes são os rios Mumbaba, Mamuaba e Água Boa.  Ela atende aos municípios  João Pessoa, Bayeux, Cabedelo, Pedras de Fogo, Conde e ao distrito de Várzea Nova pertence ao município de Santa Rita.

De acordo com Saulo, a bacia do Gramame sofre com ações antrópicas durante anos e se não houver uma mudança de comportamento e ações do poder público ela ficará comprometida.
Agricultura , pecuária , industria , mineralização etc, vem contribuindo de forma significativa para a degradação e contaminação de toda bacia do rio Gramame e seus afluentes, com consequências as mais adversas seja para a vegetação e demais tipos de vidas existentes na região, onde até o próprio homem está sendo contaminado, sem que as autoridades competentes venham controlando , ou mesmo fiscalizando adequadamente as normas legais do uso ambiental e ate mesmo o emprego de agrotóxicos na área”, relatou.
Abaixo, um resumo do estudo concluído recentemente. Um alerta importante para quem acha que a água é um bem sem fim e que não devemos forçar às autoridades a proteger nossas fontes.

Atualmente a demanda de João Pessoa é de 2.165,10 l/s atendidas através dos mananciais Gramame-Mamuaba, Marés (não está inserido na Bacia do Gramame e sim na Bacia do Rio Paraíba) e poços.
 
a) A Area de captação d'água conhecida por bacia do rio gramame está totalmente degradada por ações antropicas, tendo como consequencias desaparecimento da vegetação nativa, dos pequenos corregos, riachos e assoreamento dos afluentes, Gramame, Mamuaba e Água Boa.

b) O manejo errôneo do solo e ocupação indevida nas áreas de mata ciliar (plantações e criação de animais), geram por si só um fortíssimo impacto no rio e em toda bacia. A exploração agrícola (com o desenvolvimento da agricultura irrigada), a atividade industrial e a mineração se fazem presentes no espaço geográfico da bacia.
 
c) O desenvolvimento da agricultura e da pecuária local, tem contribuído para a poluição do solo e das águas. Fertilizantes sintéticos e agrotóxicos (inseticidas, fungicidas e herbicidas) usados em quantidades inadequadas ou indiscriminadamente nas lavouras poluem o solo e as águas dos rios e lagos, onde intoxicam e matam diversos seres vivos desses ecossistemas.

Pesquisas realizadas durante mais de uma década identificaram nos mananciais 72 tipos de agrotóxicos, alguns já proibidos no Brasil (Benlate 500 /Benomil) e em outros países, outros em reavaliação no Brasil (Roudap/glifosato). 

Os lixões e resíduos sólidos identificados da mesma forma localizados a jusante (depois) da barragem Gramame, causam também problemas para o homem e os animais, porque apresentam metais pesados de alta toxidez, efeitos cumulativos e de difícil decomposição química.

Processos de assoreamentos e bancos de areia são as consequências vistas por essa falta de fiscalização, desse que é um dos principais mananciais que abastecem a Grande João Pessoa.

Entretanto, estudos infelizmente demonstram que esse não é o único problema da bacia, que está com um déficit de retirada de água para o uso humano, e mesmo assim grande parte da sua água é usada pela agricultura e outra parte é lançada em forma de esgotos em outros rios. Isso diminui sua vazão e compromete sua capacidade de diluição da poluição e renovação da água e o seu próprio abastecimento.
 
d) Pior ainda, conforme estudo realizado pela a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) /UNICAMP em amostras coletadas em 30/07/2014, através de análise d’água a montante (antes) da captação d’água pela CAGEPA foram identificados a presença dos agrotóxicos “herbicidas” diuron, tebuthiuron e ametrina. Em novas análises realizadas na mesma data, foram encontrados em água (tratada), coletada em torneiras de residências no bairro dos Bancários em João Pessoa PB, a cafeina e o agrotóxico / herbicida atrazina (a). 

e) A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) promoveu dia 26/10/2015 uma Audiência Pública da Frente Parlamentar Ambientalista, com o objetivo de debater a situação do Rio Gramame. O evento ocorreu no plenário José Mariz e contou com a presença de moradores das proximidades do rio, ativistas ambientais e representantes dos povos indígenas.

A poluição na bacia do Gramame será diagnosticada em projeto de pesquisa - MPF-PB. O trabalho será realizado pela Univ. Federal da Paraiba (UFPB), no âmbito de inquérito civil do Ministério Público (MP) Federal e Estadual, em projeto que conta com parceria de órgãos, associações e empresas privadas. Pesquisa também vai analisar a qualidade da água servida em João Pessoa, para verificar se contaminação que atinge o rio também chega às torneiras da capital.

Lançamento do “Fórum” de proteção a bacia do Gramame - Paraíba
O lançamento oficial do Fórum de Proteção do Gramame ocorreu no dia terça feira 24/11/2015 no auditório do Ministério Público da Paraíba (MPPB) sendo oficializado mediante um termo de cooperação técnica assinado pelas instituições/ integrantes do projeto. 

Apesar das ações ora mencionadas, a lentidão ‘NA PRÁTICA’ do processo de recomposição do Gramame de a bacia como todo, poderá agravar a situação com o colapso no abastecimento e sobretudo na água fornecida na grande João Pessoa.

UFPB / MP/PB / IBAMA / SUDEMA / SEMAM /CAGEPA /ASPLAN /COTEMINAS e outras empresas fazem parte do Fórum.

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