O
engenheiro agrônomo e especialista em Ciências Ambientais, Saulo
Marinho, concluiu um estudo, recentemente, e alerta que o abastecimento
de água na Grande João Pessoa está ficando cada vez mais comprometido
por causa degradação da bacia hidrográfica responsável pela água
consumida por mais de 900 mil pessoas: a do Rio Gramame.
Em
contato com o blog, Saulo lembrou que a área de drenagem da bacia é de
589,1 km². O principal curso d’água é o rio Gramame, com extensão de
54,3 km, e seus principais afluentes são os rios Mumbaba, Mamuaba e Água
Boa. Ela atende aos municípios João Pessoa, Bayeux, Cabedelo, Pedras
de Fogo, Conde e ao distrito de Várzea Nova pertence ao município de
Santa Rita.
De acordo com Saulo, a bacia do Gramame sofre com
ações antrópicas durante anos e se não houver uma mudança de
comportamento e ações do poder público ela ficará comprometida.
Agricultura , pecuária , industria , mineralização etc, vem contribuindo de forma significativa para a degradação e contaminação de toda bacia do rio Gramame e seus afluentes, com consequências as mais adversas seja para a vegetação e demais tipos de vidas existentes na região, onde até o próprio homem está sendo contaminado, sem que as autoridades competentes venham controlando , ou mesmo fiscalizando adequadamente as normas legais do uso ambiental e ate mesmo o emprego de agrotóxicos na área”, relatou.
Abaixo, um resumo do estudo concluído
recentemente. Um alerta importante para quem acha que a água é um
bem sem fim e que não devemos forçar às autoridades a proteger nossas
fontes.
Atualmente a demanda de João Pessoa é de 2.165,10 l/s
atendidas através dos mananciais Gramame-Mamuaba, Marés (não está
inserido na Bacia do Gramame e sim na Bacia do Rio Paraíba) e poços.
a)
A Area de captação d'água conhecida por bacia do rio gramame está
totalmente degradada por ações antropicas, tendo como consequencias
desaparecimento da vegetação nativa, dos pequenos corregos, riachos e
assoreamento dos afluentes, Gramame, Mamuaba e Água Boa.
b)
O manejo errôneo do solo e ocupação indevida nas áreas de mata ciliar
(plantações e criação de animais), geram por si só um fortíssimo impacto
no rio e em toda bacia. A exploração agrícola (com o desenvolvimento da
agricultura irrigada), a atividade industrial e a mineração se fazem
presentes no espaço geográfico da bacia.
c) O
desenvolvimento da agricultura e da pecuária local, tem contribuído para
a poluição do solo e das águas. Fertilizantes sintéticos e agrotóxicos
(inseticidas, fungicidas e herbicidas) usados em quantidades inadequadas
ou indiscriminadamente nas lavouras poluem o solo e as águas dos rios e
lagos, onde intoxicam e matam diversos seres vivos desses ecossistemas.
Pesquisas
realizadas durante mais de uma década identificaram nos mananciais 72
tipos de agrotóxicos, alguns já proibidos no Brasil (Benlate 500
/Benomil) e em outros países, outros em reavaliação no Brasil
(Roudap/glifosato).
Os lixões e resíduos sólidos
identificados da mesma forma localizados a jusante (depois) da barragem
Gramame, causam também problemas para o homem e os animais, porque
apresentam metais pesados de alta toxidez, efeitos cumulativos e de
difícil decomposição química.
Processos de assoreamentos e
bancos de areia são as consequências vistas por essa falta de
fiscalização, desse que é um dos principais mananciais que abastecem a
Grande João Pessoa.
Entretanto, estudos infelizmente
demonstram que esse não é o único problema da bacia, que está com um
déficit de retirada de água para o uso humano, e mesmo assim grande
parte da sua água é usada pela agricultura e outra parte é lançada em
forma de esgotos em outros rios. Isso diminui sua vazão e compromete sua
capacidade de diluição da poluição e renovação da água e o seu próprio
abastecimento.
d) Pior ainda, conforme estudo realizado
pela a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) /UNICAMP em amostras
coletadas em 30/07/2014, através de análise d’água a montante (antes) da
captação d’água pela CAGEPA foram identificados a presença dos
agrotóxicos “herbicidas” diuron, tebuthiuron e ametrina. Em novas
análises realizadas na mesma data, foram encontrados em água (tratada),
coletada em torneiras de residências no bairro dos Bancários em João
Pessoa PB, a cafeina e o agrotóxico / herbicida atrazina (a).
e)
A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) promoveu dia 26/10/2015 uma
Audiência Pública da Frente Parlamentar Ambientalista, com o objetivo de
debater a situação do Rio Gramame. O evento ocorreu no plenário José
Mariz e contou com a presença de moradores das proximidades do rio,
ativistas ambientais e representantes dos povos indígenas.
A
poluição na bacia do Gramame será diagnosticada em projeto de pesquisa -
MPF-PB. O trabalho será realizado pela Univ. Federal da Paraiba (UFPB),
no âmbito de inquérito civil do Ministério Público (MP) Federal e
Estadual, em projeto que conta com parceria de órgãos, associações e
empresas privadas. Pesquisa também vai analisar a qualidade da água
servida em João Pessoa, para verificar se contaminação que atinge o rio
também chega às torneiras da capital.
Lançamento do “Fórum” de proteção a bacia do Gramame - Paraíba
O
lançamento oficial do Fórum de Proteção do Gramame ocorreu no dia terça
feira 24/11/2015 no auditório do Ministério Público da Paraíba (MPPB)
sendo oficializado mediante um termo de cooperação técnica assinado
pelas instituições/ integrantes do projeto.
Apesar das
ações ora mencionadas, a lentidão ‘NA PRÁTICA’ do processo de
recomposição do Gramame de a bacia como todo, poderá agravar a situação
com o colapso no abastecimento e sobretudo na água fornecida na grande
João Pessoa.
UFPB / MP/PB / IBAMA / SUDEMA / SEMAM /CAGEPA /ASPLAN /COTEMINAS e outras empresas fazem parte do Fórum.
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