O
cenário é preocupante. As árvores existentes no Sertão paraibano estão
agonizando. Por falta de consciência e desrespeito ao meio ambiente,
grande parte da população está agredindo a natureza, causando danos
quase que irreversíveis a flora e a fauna sertaneja. Isto é o que aponta
o relatório final do projeto “Levantamento quantiqualitativo e
fitossanitário das espécies vegetais do Campus IV da UEPB em Catolé do
Rocha - PB”.
Coordenado pela professora Fabiana
Xavier, o projeto surgiu em 2010 como atividade de extensão do curso de
Ciências Agrárias do Campus IV e está em sua fase final. Os resultados
parciais dos setores de caprinocultura e apicultura já foram
apresentados à comunidade pelos alunos envolvidos na ação. Todos ficaram
perplexos com os danos causados ao meio ambiente na cidade.
Luís Alberto Silva Albuquerque, Jair
Clério Araújo, Luiz França de Farias, Mirtes Raísla Fernandes Dutra,
José Sebastião de Melo Filho, Tarciano Santiago Silva, Geffson Figueredo
Dantas, Anne Caroline Linhares, Diego Franklei Oliveira, Luciana
Guimarães e Sonaria de Sousa Silva são os estudantes que integram o
projeto, que tem previsão para ser concluído no próximo mês de abril,
mas que desde o seu início vem revelando um lado triste do sertanejo.
Das mais de 20 mil árvores identificadas
no entorno do Campus, muitas estão doentes. Desde julho de 2010, quando
teve início a pesquisa, as espécies encontradas com mais frequência
foram a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora), Marmeleiro (Cydonia vulgaris),
Mofumbo (Combretum leprosum), Nim (Azadirachta indica) e Algaroba
(Prosopis juliflora).
Dados preocupantes
O resultado do estudo surpreende. Das 64
árvores de Angico pesquisadas, a maioria apresentava marcas de
vandalismo com cortes agressivos, em boas condições fitossanitárias, mas
com deficiência nutricional. A espécie Aroeira também tem sido
maltratada. Todas as 15 árvores identificadas apresentaram poda
inadequada e periderme desidratada. Os nove pés de Cajazeira também
apresentaram cortes extravagantes e deficiência nutricional.
A Catingueira, árvore típica da região,
também tem sido alvo de ataques. As 335 árvores pesquisadas estavam
infestadas com ervas daninhas em fase de desenvolvimento e periderme
desidratada. O estudo mostrou ainda outros problemas em duas árvores
como Cumarú, que estavam em boas condições fitossanitárias, mas
apresentam cupins, e em 23 árvores de Juazeiro com cortes extravagantes,
poucas folhas, ataque de formigas e cupins, periderme desidratada,
deficiência nutricional e presença de cochonilha.
Foram
identificados problemas nas árvores de Jucá como cortes no caule,
cupins e deficiência nutricional. Nas 103 árvores de Jurema foram vistos
cortes agressivos. As 158 Juremas Brancas tinham cortes agressivos,
apresentavam deficiência hídrica, deficiência nutricional e periderme
desidratada. Já as 570 Juremas Pretas tinham vários cortes agressivos.
Os estudantes ainda identificaram
problemas semelhantes em espécies como Maniçoba (29 árvores), Marmeleiro
(2.153 árvores), Mororó (939 árvores), Mufumbo (534 árvores), Pau
Branco (4 árvores), Pau Ferro (2 árvores), Pau Serrote (9 árvores),
Pereiro (34 árvores), Pinhão Manso (20 árvores), Pinhão Branco (6
árvores), Pinhão Mato (8 árvores) e Umburana (7 árvores). Elas
apresentaram desidratação, cortes agressivos, formigueiros, entre outros
danos.
Árvores como Abirotam, Algaroba, Algodão
Bravo, Angico, Aroeira, Catingueira, Juazeiro, Jucá, Marmeleiro,
Umburana, entre outras, também apresentam problemas como galhos secos e
com formigas, cupins, cortes extravagantes, poucas folhas, caule
ressecado e cortes profundos.
Última etapa
Inicialmente, a ação pretendia replantar
algumas áreas em torno da Universidade. Conforme contou a professora
Fabiana Xavier, o Campus de Catolé do Rocha é um dos maiores da
Instituição e, todos os dias, professores, alunos e funcionários
usufruem da paisagem.
A proposta era avaliar a saúde das
plantas encontradas no Sítio Cajueiro, especialmente a qualidade e a
quantidade das espécies arbóreas, numa investigação científica, voltada
ao meio ambiente, tendo como objetivo melhorar a arborização do Campus
e, consequentemente, de toda a região, dentro de uma proposta de
reflorestamento do local. Mas a atividade foi além das expectativas.
O projeto, conforme revelou a professora
Fabiana Xavier, se prepara para entrar na última etapa que será marcada
pelo lançamento de um livro elaborado pelos alunos envolvidos no
projeto, relatando a experiência feita em torno do Campus e na cidade.
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