Na capital, há ainda o problema de construções irregulares próximas aos mangues.
Jaine Alves
Os mangues de João Pessoa e Região Metropolitana sofrem com o descarte incorreto de lixo que poluem as águas e margens dos rios provocando danos ambientais, inclusive a escassez de peixes, segundo os próprios pescadores que moram nas comunidades ribeirinhas. Na capital, há ainda o problema de construções irregulares próximas aos mangues.
Os mangues de João Pessoa e Região Metropolitana sofrem com o descarte incorreto de lixo que poluem as águas e margens dos rios provocando danos ambientais, inclusive a escassez de peixes, segundo os próprios pescadores que moram nas comunidades ribeirinhas. Na capital, há ainda o problema de construções irregulares próximas aos mangues.
Na comunidade Porto do Capim, no Varadouro, em João Pessoa, os moradores reclamam do lixo jogado pela população e empurrado pela força das águas e que ao chegarem à área de mangue encalham, deixando o local com vestígios dos danos ambientais, como contou o pescador Cosme de França, 64 anos. “A situação está a cada dia pior. As pessoas jogam garrafas descartáveis, sacolas plásticas e latinhas de refrigerantes e a água acaba trazendo, mas quando chega aqui na margem do rio (Jaguaribe) a gente colhe e joga no local certo”, relatou.
“Além disso, sabemos que há um descarte de água doce no rio, que apesar de ser limpa, está contribuindo para a escassez dos peixes nessa área, que são de água salgada”, completou.
Cosme de França ressaltou que algumas espécies de peixe estão cada vez mais difíceis de ser encontradas no rio Jaguaribe, como a pescada, garapega, tainha e camurim, também conhecido como robalo.
Ainda na comunidade Porto do Capim, à margem do manguezal, é possível ver uma placa indicativa de Área de Preservação Permanente (APP), que impede algumas ações que possam agredir o meio ambiente, como pescar, caçar e construir, conforme a Lei Ambiental nº 9.605/1998, entretanto, também é visível casas construídas no local, separadas do rio apenas por uma pequena porção de vegetação, típica dos mangues, e por um cercado de madeira. Isso também representa risco aos moradores, devido à instabilidade do solo.
Já próximo à praia de Intermares, em Cabedelo, na Grande João Pessoa, a reportagem não identificou a presença de construções na área de mangue, mas o acúmulo de lixo também é preocupante. Sacolas, plásticos e até restos de animais mortos são alguns tipos de materiais descartados às margens do rio Jaguaribe, que divide os bairros do Bessa, em João Pessoa e Intermares. A situação de desrespeito às leis ambientais se repete próximo à praia do Jacaré, também em Cabedelo.
Segundo o secretário de Pesca e Meio Ambiente de Cabedelo, Walber Farias, o órgão já vem realizando trabalhos de preservação nas regiões de manguezais, localizadas na cidade de Cabedelo. Ele afirmou que em julho deste ano foi enviada equipe para fiscalizar a área. Walber Farias explicou ainda que a poluição presente nos mangues é decorrente também da ação humana. O lixo e os restos de resíduos sólidos são depositados pelas pessoas que passam no local, que acabam acompanhando o trajeto do rio Jaguaribe, sendo assim distribuído para outras localidades.
“A Prefeitura vem combatendo esse tipo de poluição. Realizamos visitas habituais nas áreas de mangue. Inclusive, recentemente encaminhamos equipe ao local, e não detectamos essa grande demanda de lixo. Entretanto, muito dos resíduos vem dentro do rio, a corrente traz e fica preso na maré baixa. Algumas pessoas também contribuem para a poluição, jogando lixo no local. Fiscalizamos constantemente, recebemos muitas denúncias, coibimos o depósito nos mangues de lixo e esgoto, já que a cidade de Cabedelo não tem esgotamento sanitário. O trabalho é árduo, mas estamos tentando cumprir esse papel”, esclareceu.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA entrou em contato por telefone com a Secretaria de Meio Ambiente (Semam), no entanto, o secretário não quis se pronunciar sobre o assunto. A reportagem também tentou contato com a Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de João Pessoa, através de telefone e email, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.