Estabelecimentos que estão ocupando área da União receberam do MPF um prazo de 30 dias para desocupar o espaço público.
Comerciantes e moradores da Praia do Jacaré
se questionam acerca do futuro turístico do local caso ocorra a retirada
dos bares e restaurantes que funcionam na praia, localizada no
município de Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa. A dúvida
surgiu após determinação do Ministério Público Federal (MPF) que
recomendou a retirada, em um prazo de 30 dias, de estabelecimentos que
estejam ocupando irregularmente áreas pertencentes à União.
Muitos comerciantes do local foram pegos de surpresa com a notícia.
Apesar de ser de conhecimento deles o impasse existente com relação à
questão desde muito tempo, eles não esperavam receber a notícia da
retirada sem outras reuniões ou notificações. “A gente foi pego de
surpresa aqui. Somos um ponto turístico essencial do Estado, imagina
como será se sairmos daqui. Eu acho que será um desastre”, alertou o
gerente de um dos bares que terá que retirar suas instalações do local,
de acordo com a determinação do MPF. Ele não quis se identificar.
Nesse bar, um dos maiores da localidade, pelo menos 20 pessoas, todas
moradoras do Bairro do Jacaré, trabalham. Lá, de acordo com o gerente, a
média de visitações diárias em período de baixa estação é de 100 a 200
pessoas por dia.
Enquanto que, em períodos de alta estação, esse número chega a triplicar somente lá.
Juvenal da Rocha é comerciante e nasceu no Bairro do Jacaré. Para
ele, a notícia veio de uma forma que ninguém esperava, tendo em vista
que todos foram pegos de surpresa com a questão. Para ele, se houver a
retirada dos bares do local, grande parte do potencial turístico da
praia será extinto.
“Aqui é um dos únicos pontos turísticos da Paraíba conhecidos
mundialmente. Quem vem aqui quer sentar, ir para um barzinho, e sem isso
vai diminuir o número de atrativos do local. Um ponto turístico que
luta para sobreviver vai acabar assim de repente”, disse.
De acordo com Antônia Lopes, gerente do bar e restaurante Maria
Bonita e tesoureira da associação dos artesãos e comerciantes da praia
do Jacaré, pelo menos umas 100 famílias são sustentadas com o trabalho
oferecido pelos estabelecimentos do local. “E isso eu falo só dos
restaurantes, não cito nem os lojistas”, disse.
Um dos pontos turísticos mais visitados por todos que chegam a João
Pessoa, a praia do Jacaré, segundo Antônia, chega a receber entre três e
cinco mil pessoas em um dia de alta estação. Segundo ela, a situação em
que todos se encontram é de desassistência e desamparo. “O que nós
vemos é que o MPF tomou uma decisão por falta de ação da prefeitura”,
denunciou.
Apesar da tristeza de muitos comerciantes com a possibilidade de irem
embora caso nada seja feito, Antônia afirma que ninguém ficará de
braços cruzados. “Primeiro, nós não ocupamos isso aqui de qualquer
jeito. A gente tem um documento da criação do Parque Nacional da Praia
do Jacaré, do qual fazemos parte. Se ninguém fizer nada, nós vamos nos
reunir e sair às ruas clamando pela manutenção desse local. Que se
melhore a infraestrutura, mas tirar de uma vez é uma medida drástica”,
completou.
NOTA DA SPU
Em nota enviada ontem à TV Cabo Branco, a superintendente da União na
Paraíba, Daniela Bandeira, informou que estuda a melhor forma de
atender à recomendação do MPF. Segundo ela, uma das primeiras medidas
será a cobrança das dívidas aos comerciantes, que também serão
notificados pela SPU nos próximos dias. O órgão sugere ainda que os
donos dos estabelecimentos localizados na praia do Jacaré retirem os
equipamentos para evitar uma ação de desocupação.
PREFEITURA VAI BUSCAR SOLUÇÃO
De acordo com o secretário de Turismo do Município de Cabedelo, Omar
Gama, o documento que solicitava a retirada dos bares conhecidos como
'Sítio da Vovó Amália', 'Jacaré Grill', 'Golfinho's Bar', 'Bombordo
Bar' e 'Maria Bonita Bar' chegou no final da manhã de ontem às mãos da
administração municipal.
Tendo em vista esse fato, ontem o órgão iniciou reuniões para decidir de que forma essa situação poderá ser contornada.
Segundo o secretário, a preocupação da prefeitura com relação ao que ele nomeou como 'produto do Jacaré' é latente, tendo em vista este ser, na sua opinião, o maior produto turístico da Paraíba. Assim sendo, conforme Gama, há dois meses uma reunião foi feita no intuito de planejar de que forma a prefeitura poderia impedir a necessidade da retirada dos bares. “Hoje nós temos R$ 1,5 milhão em recursos do Ministério do Turismo já empenhados para obras de infraestrutura do Parque do Jacaré, daí você vê a preocupação do município com a manutenção do local”, explicou.
Segundo o secretário, a preocupação da prefeitura com relação ao que ele nomeou como 'produto do Jacaré' é latente, tendo em vista este ser, na sua opinião, o maior produto turístico da Paraíba. Assim sendo, conforme Gama, há dois meses uma reunião foi feita no intuito de planejar de que forma a prefeitura poderia impedir a necessidade da retirada dos bares. “Hoje nós temos R$ 1,5 milhão em recursos do Ministério do Turismo já empenhados para obras de infraestrutura do Parque do Jacaré, daí você vê a preocupação do município com a manutenção do local”, explicou.
Conforme Gama, a intenção da prefeitura é de resolver a questão da
maneira menos traumática possível. Porém, apesar de reiterar a intenção
de lutar pela manutenção dos bares e restaurantes, na opinião do
secretário o local não deixará de existir sem os bares. “A gente
trabalha em cima de hipóteses, mas com certeza não dá para mensurar como
seria com uma retirada. O que nós sabemos é que soluções existem.
Vamos trabalhar em cima do que podemos fazer para evitar a retirada e
utilizar os recursos que temos para melhorar cada vez mais a estrutura
de todo o local”, afirmou. “Estamos em fase de planejamento, com uma
equipe trabalhando para resolver isso o mais rápido possível”,
assegurou.
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