04 jul 2014
A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) aguarda apenas a
liberação da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) para recolocar nas
areias da praia do Bessa os dois contêineres e as duas tendas cedidas ao
grupo de voluntários responsável pelo Projeto Tartarugas Urbanas. O
trabalho deles, que recebe apoio da Secretaria de Meio Ambiente do
Município (Semam), foi encerrado no último sábado (28), porque a SPU não
autorizou a permanência dos equipamentos no local.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente de João Pessoa, Edilton
Nóbrega, a Semam está com tudo pronto para retomar o auxílio aos
voluntários, cujo trabalho, ao longo de 11 anos, protegeu 12 mil ninhos
de tartarugas, segundo estimativas da Ong Guajiru. “Tudo o que estava ao
nosso alcance, foi feito. A Secretaria, inclusive, como órgão
ambiental, concedeu a licença para a atividade, mas a Secretaria do
Patrimônio da União não autorizou a permanência”, pontuou.
Ameaçadas de extinção, as tartarugas marinhas usam as praias urbanas
no Brasil para a desova apenas nos estados da Paraíba e do Rio Grande do
Norte. Nessas condições, apesar de possibilitar que as pessoas conheçam
melhor a necessidade de preservação, o risco para os animais também é
mais elevado. Tudo porque, após a eclosão dos ovos, há risco de as
tartarugas, atraídas pela iluminação noturna, irem para o asfalto e não
para o mar.
A sinalização dos ninhos, bem como o cuidado para que as
tartaruguinhas sigam para o mar é feita por voluntários ligados à
Guajiru. A Ong, para atuar, conseguiu autorização do Instituto Chico
Mendes e do Comitê Gestor do Projeto Orla. Apesar disso, a Secretaria do
Patrimônio da União não liberou a manutenção dos contêineres na praia. A
estrutura cedida pela Prefeitura era mantida no local há seis meses.
Depois de encerrar as suas atividades, por causa da retirada dos
equipamentos, a Ong Guajiru revelou que foram encontradas 99 tartarugas
mortas na Praia do Bessa. Delas, 19 foram encontradas esmagadas no
asfalto e outras 80 estavam na grama. Os ambientalistas explicam que
elas usam a luz do dia para orientar o seu deslocamento em direção ao
mar. Sem proteção, elas podem ser atraídas, à noite, pela luz dos
postes.
Atualmente, segundo Edilton Nóbrega, existem dez ninhos de tartarugas
na praia do Bessa, com riscos para os novos filhotes. “Estamos
aguardando um posicionamento do Patrimônio da União. Retiramos a
estrutura porque corríamos risco de ser acionados judicialmente. Na hora
que eles liberarem, levaremos a estrutura de volta”, ressaltou,
lembrando que a PMJP também tem disponibilizado educadores ambientais
para orientar o trabalho na área, que conta com o apoio de um grande
número de voluntários.
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