16/04/2012 08h00
- Atualizado em
16/04/2012 08h00
População da arara-maracanã-verdadeira reduziu devido ao desmate e caça. Criação de plano para conservar animais pode ser solução, afirma estudo.
Um alerta que vem da Caatinga, bioma brasileiro que abrange todos os
estados do Nordeste e parte de Minas Gerais: a arara-maracanã-verdadeira
(Ara maracana) pode entrar em extinção na região devido ao desmatamento e ao comércio ilegal de animais.
A espécie, que já é classificada como vulnerável na natureza pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama),
sofre com o avanço da devastação da vegetação e com a caça predatória,
que foca principalmente nos filhotes de aves, vendidos em feiras
clandestinamente.
Esse é o resultado de um estudo feito entre 2009 e 2011, liderado pelo
pesquisador Mauro Pichorim, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN). A redução da vegetação, principalmente da quantidade de
mulungus, árvore típica do bioma, afetaria a reprodução da espécie.
“A reprodução dessas aves é feita dentro do tronco oco do mulungu.
Entretanto, essa vegetação tem sido derrubada devido ao aumento da
atividade pecuária”, disse o professor da UFRN.
Dados divulgados no ano passado pelo ministério do Meio Ambiente
mostram que a Caatinga já perdeu quase 46% de sua vegetação original.
Mais de 376 mil km² foram destruídos, de uma área original de 826.411
km².
Exemplar de arara-maracanã-verdadeira. Espécie pode desaparecer da Caatinga devido ao desmatamento e à caça. (Foto: Divulgação) |
Distribuição pelo país
De acordo com Pichorim, essa espécie, que pertence à família dos
papagaios, era possível ser encontrada em quase todos os estados
brasileiros. Mas desde a década de 1970, de acordo com o estudo, não há
notícias de exemplares da arara-maracanã-verdadeira no Sul e foi
constatada a redução de animais no Sudeste.
Já no Nordeste, restariam aproximadamente 500 indivíduos, sendo que
cerca de 50 estariam na região da Serra de Santana (RN). O levantamento
foi feito pela equipe da UFRN, com apoio da Fundação Boticário.
Plano de conservação
O trabalho sugere a criação de um plano de conservação que contaria com ações de fiscalização na região para combater o comércio ilegal e o desmate nas áreas consideradas importantes para a espécie.
O trabalho sugere a criação de um plano de conservação que contaria com ações de fiscalização na região para combater o comércio ilegal e o desmate nas áreas consideradas importantes para a espécie.
“A proposta inicial abrangeria a região da Serra de Santana. Queremos
focar nesta área e depois expandir para o restante do bioma”, disse o
professor.
O projeto do plano, segundo ele, já foi entregue para a
superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais (Ibama) do RN e será apresentada também ao ministério do Meio
Ambiente.
À
esquerda, visão da Caatinga, bioma que abrange todo o Nordeste e parte
de Minas Gerais. À direita, árvore mulungu, onde a arara-maracanã utilizada para reprodução. (Foto: Divulgação) |
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