Alegação
de especialistas em saúde pública é de que os cães e gatos que vivem
nas ruas podem transmitir doenças que oferecem risco a saúde humana,
como a raiva e o Calazar, que pode ser transmitida
Cidades | Em 01/05/15 às 13h12, atualizado em 01/05/15 às 13h30 | Por Halan Azevedo
Alisson Correia
Prefeituras estudam situações |
Os
animais doentes que vivem abandonados e espalhados em ruas de cidades
paraibanas poderão ter que ser sacrificados. As autoridades alegam que a
medida é para proteger saúde pública, mas grupos de defesa de animais
dizem que cidades do interior estariam armazenando cães em locais
inadequados, sem estrutura mínima e defendem o controle populacional com
medidas de castração.
A
alegação de especialistas em saúde pública é de que os cães e gatos que
vivem nas ruas podem transmitir doenças que oferecem risco a saúde
humana, como a raiva e o calazar, que pode ser transmitida através de
mosquitos infectados, que picam os animais doentes e podem passar a
doença se entrarem em contato com a pele humana. A doença tem cura para
os humanos, mas não para os animais.
A
prefeitura do Município de Sumé, a 265 km de João Pessoa, é uma das
cidades que vem se reunindo para tentar solucionar o problema. De acordo
com o secretário de Saúde municipal, Antônio Carlos, existe uma
estrutura local e a possibilidade de sacrifício de cães é levada em
conta.
“Nós temos uma estrutura aqui na cidade e estamos tentando
resolver a situação dos animais de rua. São muitos e temos que tomar
providências porque é uma questão de saúde pública e eles podem
transmitir doenças. Ainda estamos em fase de planejamento, mas a
intenção é de sacrificar os animais que estejam doentes e sem condições
de tratamento”, disse o secretário.
Em nota, a prefeitura de Sumé informou ao Portal Correio
que "não se tomará uma política pública de extermínio indiscriminado de
cães e gatos, mas sim, unicamente, o sacrifício de animais doentes que
sejam nocivos à saúde humana, desde que haja prévio exame clínico
atestado por órgão competente".
No entanto, Lindally Gonzaga,
representante da ONG Harpias, que cuida e promove ações de adoção de
animais de rua em João Pessoa, as cidades do interior não possuem
suporte para custear ou garantir o tratamento correto e as devidas
acomodações desses animais, que muitas vezes sofrem com a má
alimentação, falta de cuidados e chegam a morrer nos canis.
“Uma
prefeitura de cidade do interior não consegue manter um centro com uma
estrutura minimamente possível se não houver planejamento. No caso de
Sumé, recebemos denúncias de que animais mortos estão no mesmo local que
os vivos, em local a céu aberto e sem cuidados. Não podemos tolerar
esse tipo de descaso com os animais, que só podem ser sacrificados com
confirmação de laudos”, afirmou Lindally Gonzaga. A prefeitura de Sumé
nega.
Para a representante da ONG, as cidades devem promover a
castração de animais de rua, que é o método mais indicado para o
controle populacional. “A melhor maneira de se cuidar e evitar um
aumento dessa população é a castração. O que não pode é recolher animais
de rua e colocá-los em um local sem condições. Apenas jogá-los para
adoção não resolve, até porque a taxa de adoção desses animais é de
apenas 10%”, garantiu Lindally.
Centro de Zoonoses em João Pessoa
Na
Capital, o trabalho do Centro de Vigilância Ambiental e Zoonoses,
ligado a Secretaria de Saúde, é de recolher animais que estejam doentes,
oferecendo risco a população ou ao trânsito.
Segundo a médica
veterinária Suely Silva, os animais que chegam ao local passam por um
período de observação para avaliação da saúde e exames. “Os animais
chegam e são feitos exames para detectar doenças. Estando bem de saúde, o
animal vai para adoção e fica conosco até ser adotados, mas se estiver
com alguma doença, como o Calazar, ele tem que ser sacrificado porque a
doença não tem cura nos animais e eles podem ajudar a infectar os
outros”, falou.
Além dos testes de saúde, os animais não dóceis
também correm o risco de serem sacrificados. “Se for dócil e não
apresentar comportamento agressivo, vai direto para adoção. Se o animal
for de comportamento difícil, nós tentamos ressocializá-lo para que seja
adotado”, concluiu a veterinária.
Outras cidades pretendem adotar medidas
Além
de João Pessoa e Sumé, outras cidades da Paraíba, como Bayeux, Cabedelo
e Santa Rita também estariam com ações de controle populacional de
animais de rua.
Segundo o coordenador do Núcleo de Zoonoses da
Secretaria Estadual de Saúde, Assis Azevedo, as cidades devem tomar
precauções para poder realizar serviços de recolhimento e sacrifício de
animais de rua.
“A partir do momento que a prefeitura recolhe
esses animais, ela fica responsável por eles. As cidades devem ter
estrutura para fazer isso. Elas podem procurar o Zoonoses estadual para
orientações. Quanto à eutanásia de animais, a prefeitura só pode
realizar isso com os devidos laudos que confirmem a doença e se houver
também algo no código de postura do Município. Se o sacrifício for feito
sem autorização no código, o Município cometerá um crime”, alertou
Assis Azevedo.
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