Na última quarta, 17/07, o Movimento João
Pessoa Que Queremos realizou o protesto “Ocupe a Beira Rio”, com o
objetivo de questionar a intervenção anunciada pela Prefeitura Municipal
de João Pessoa, através de sua Superintendência de Mobilidade Urbana
(Semob), com o estreitamento do canteiro central e retirada de árvores
para dar lugar a mais duas pistas para veículos automotores.
Foto: Thercles Silva - Mídia Colaborativa
O protesto foi na praça da comunidade Hildon Bandeira e começou à
tardinha, quando o fluxo de veículos centro-praia começa a se
intensificar. Mas em vez de bloqueio, pneus queimados e rostos
enfezados, os manifestantes compartilharam frutas, sorrisos e
explicações sobre porque a intervenção na Beira Rio é inaceitável, com
motoristas e com a comunidade local.
Se você não estava lá, veja alguns motivos pelos quais a Prefeitura de João Pessoa não deve mexer na Beira Rio:
A avenida é uma das mais bonitas e arborizadas da cidade, um patrimônio natural, um cartão postal. Imagine a Beira Rio como você conhece. Agora imagine-a com seis pistas e sem árvores. O que achou?
Alargar ruas para carros não é – definitivamente - solução para congestionamento. Fosse assim, São Paulo seria uma maravilha. Só que não. Além disso, a Semob não apresentou qualquer estudo de viabilidade da intervenção. Você viu? Nem eu.
A alegação da Semob é de que estaria priorizando o transporte coletivo. Não é verdade. Está apenas penalizando o meio ambiente e a comunidade local, com a abertura da terceira faixa e deixando o fluxo de veículos de passeio inalterado, com as duas faixas atuais.
Sim, há toda uma comunidade que mora às margens da Beira Rio e que inclusive utiliza o canteiro central para transitar (já que não há calçadas) e para lazer. Imagine essa avenida sem calçada, sem ciclovia, com canteiro reduzido, com um fluxo permanente de ônibus e com seis faixas de rolamento. Você gostaria de morar numa avenida assim? A Semob diz que não há espaço para calçadas ou para passarelas de travessia. Pra carro tem, Né?
A propósito atualmente circulam na Beira Rio poucas linhas de transporte coletivo, que praticamente não interferem no fluxo da via. Até o momento a Semob não apresentou nenhum estudo sobre quais linhas de transporte coletivo quer transferir para a Beira Rio, qual a viabilidade dessa operação e como isso desafogaria o tráfego e aonde.
O canteiro da Beira Rio, com aproximadamente seis metros de largura, cumpre uma importante função de permeabilidade das águas de chuva, impedindo que a água que escoa dos bairros Torre, Expedicionários e Tambauzinho se concentre na avenida. Retirar o canteiro significa alagamento. Alguém duvida? Transitaremos numa avenida congestionada e alagada.
Em sua campanha, o então candidato Luciano Cartaxo (PT) assumiu publicamente e através de carta compromisso assinada com o Movimento Massa Crítica (Pró Ciclovias), que implementaria o projeto cicloviário apresentado pela gestão Luciano Agra em audiência pública na Câmara Municipal de João Pessoa em março de 2012. Que contemplava a Beira rio com Ciclovia. Promessa é dívida. Não pode ser dúvida.
Este mesmo projeto cicloviário foi retirado da página da Semob há mais de um mês, fato registrado pelo Movimento Massa Crítica, que pediu e não recebeu nenhuma explicação. Ontem o Superintendente da Semob, Nilton Pereira, finalmente informou que o projeto foi retirado do ar, apenas para alterar a logomarca da gestão. Esperamos seu retorno ao site e que a ciclovia da Beira Rio não tenha sumido. Enquanto a Semob não muda a logomarca, o projeto original pode ser acessado aqui: http://issuu.com/pmjponline/docs/projeto_cicloviario_joao_pessoa/32, ou aqui: http://massacriticapb.blogspot.com.br/2013/06/acorda-joao-pessoa.html.
E o que você, se não mora na Beira Rio, sequer transita por lá e nem usa bicicleta, tem a ver com isso? É simples. Hoje é a Beira Rio que está sendo vítima de uma ação mal planejada, de duvidosa eficácia, pouco transparente e sem qualquer diálogo com a sociedade civil organizada e com a comunidade que ali reside. Amanhã pode ser a rua em que você mora.
Gestão pública não é um cheque em branco para que a prefeitura decida sem consultar a população. Intervenções dessa natureza precisam ser sim, discutidas e devem ser feitas levando em conta os aspectos sociais, ambientais e culturais. Porque a João Pessoa que queremos não é feita só de avenidas e todas as suas demandas não se esgotam num projeto de BRT.
A cidade quer mais verde, acessibilidade e mobilidade humana.
Foto: Thercles Silva - Mídia Colaborativa
Foto: Thercles Silva - Mídia Colaborativa
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