domingo, 28 de julho de 2013

Mata vira refúgio de bandidos

Falta de proteção por cercas e ocupação irregular dificultam fiscalizações e preocupam moradores, que sofrem assaltos constantes.


 

Francisco França
Criminosos estão usando a área como esconderijo e para descartar objetos
“A gente tem medo, porque não tem como saber quem pode estar escondido nessa mata, observando nossas casas”. A preocupação da moradora (que por medo não se identificou), do bairro Cristo Redentor, em João Pessoa, é compartilhado por outros moradores da rua Daura Morais Moura, que têm como vizinho os resquícios de Mata Atlântica da Mata do Buraquinho. A falta de proteção por cercas e a ocupação desordenada da área dificultam as fiscalizações da Polícia Militar (PM) no local.

Enquanto isso, os moradores do local evitam sair de casa à noite e se tornaram reféns do medo. Os moradores denunciam que a falta de uma cerca de proteção possibilita o ingresso de criminosos no local, que utilizam a área para descartar materiais ilícitos e supostamente como esconderijo.
 
“Há muitas trilhas nessa mata e já comentaram que existe até uma casa lá dentro, que é utilizada como esconderijo. Certa vez, vários homens passaram em um carro, pararam o veículo e jogaram uma sacola. Quando a gente foi olhar, a sacola estava cheia de documentos. Quando telefonamos para os proprietários, descobrimos que todos tinham sido roubados”, contou uma moradora que preferiu não se identificar.
 
Sempre às 18h os moradores se recolhem em suas residências, o que não impede a ação de bandidos. “Ficar na frente de casa, nem pensar. Mas por outro lado, até dentro de casa a gente corre perigo, porque várias residências já foram assaltadas aqui. Meu vizinho possui cerca elétrica e mesmo assim foi assaltado”, contou uma moradora que preferiu não se identificar.
 
Já Antônia Costa (nome fictício), foi assaltada às 15h, a poucos metros de sua residência. Dois homens em uma moto abordaram a vítima, apontaram um arma para sua cabeça e exigiram que ela entregasse todos os pertences. “Muita gente já foi assaltada aqui e o medo da violência impede que a gente saia de casa. Eu acredito que essa mata deveria ser murada, o que poderia evitar o acesso de pessoas que se escondem para praticar crimes”, opinou Antônia Costa.
 
De acordo com o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Bruno Faro, a área em questão pertence à Superintendência do Patrimônio da União (SPU), portanto a recolocação das cercas de proteção seria atribuição do órgão. A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA entrou em contato com a SPU, mas as ligações não foram atendidas.
 
No Ministério Público Federal (MPF), o procurador responsável pela temática, Werton Magalhães, encontra-se em férias, mas a assessoria de imprensa do órgão explicou que a situação da Mata do Buraquinho já foi alvo de ação judicial ainda no ano de 1990, e por enquanto se encontra em fase de execução. O MPF cobrou o reflorestamento de áreas desmatadas por ocupações irregulares.

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