segunda-feira, 2 de junho de 2014

Aves canoras são os animais mais traficados na Paraíba, diz veterinário

02/06/2014 07h23 - Atualizado em 02/06/2014 12h20 

Animais são procurados devido ao canto harmônico e à beleza.
Raposas e saguis são criados como animais de estimação.

Do G1 PB

 
Espécie sanhaço estava entre as apreendidas (Foto: Walter Paparazzo/G1)
Sanhaço é uma das espécias canouras que são traficadas na
Paraíba (Foto: Walter Paparazzo/G1)


As aves canoras, ou seja, as que possuem um canto harmonioso, são os animais que mais são alvo de tráfico na Paraíba, segundo informou o veterinário chefe do Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), Roberto Citelli. De acordo com ele, esses animais são mais procurados devido ao canto e à beleza deles ou para serem usados em rinhas, como é o caso dos canários. Também são muito traficados raposas e saguis, que são criados como animais de estimação.

As aves silvestres são um dos destaques na série de vídeos feitos pela Rede Paraíba para a Semana do Meio Ambiente, comemorada de 1º a 8 de junho, diante do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho. As TVs Cabo Branco e Paraíba realizam atividades como feiras de adoção, exposições, distribuição de ecobags e coleta de lixo eletrônico.

Com o tráfico, a população desses animais tende a diminuir. Conforme o veterinário explicou, a maioria morre durante o transporte.

Roberto explicou que é difícil controlar esse tráfico porque aves são animais pequenos e de fácil transporte. Por isso, a colaboração da população é importante para recuperar esses animais. Quem souber onde existem animais silvestres sendo criados ou comercializados ilegalmente pode ligar para o 190 e a informação será encaminhada para a Polícia Ambiental.

Roberto explica que a Bica tenta descontruir mitos como o de mau agouro da coruja (Foto: Braycon de Paula/TV Cabo Branco)
Roberto explica que a Bica tenta descontruir mitos
como o de mau agouro da coruja (Foto: Braycon de
Paula/TV Cabo Branco)
Recomendações
Roberto deu algumas recomendações para preservar a natureza no meio urbano. “Pode existir harmonia entre homens e animais. Temos que evitar o contato o máximo possível, não sujar os rios, não jogar lixo em qualquer lugar, porque esse lixo acaba indo para os afluentes e cria um processo maléfico para os animais”, disse.

Ele ainda explicou que a Bica trabalha com conscientização. “Existem muitos mitos em relação a animais e aves e a gente tenta quebrar esses mitos. A coruja, por exemplo, muitos acham que ela é um mau agouro e matam. Em uma criação de galinha, o gavião ataca os pintinhos. Mas esse é o papel dele. Existem formas de espantá-lo, como fazendo barulho ou colocando uma proteção. O animal está apenas tentando sobreviver, se adaptar ao meio urbano”, explicou Roberto.
 
Aves de rapina são o foco inicial do Ceras (Foto: Braycon de Paula/TV Cabo Branco)
Aves de rapina são o foco inicial do Ceras
(Foto: Braycon de Paula/TV Cabo Branco)
Foi criado na Bica o Centro de Reabilitação de Aves Silvestres (Ceras). O local recebe os animais que são apreendidos pela Polícia Ambiental ou que passaram pelo Centro de Triagem de Animais Selvagens (Cetas) do Ibama.

As aves que apresentam quadro de debilitação ou mutilação passam por um tratamento, com exames clínicos, laboratoriais e testes de condicionamento físico. Em seguida, o animal passa por uma avaliação para verificar se existe a possibilidade de soltura, ou não, na natureza.

“As que não têm chance de soltura, porque vieram de cativeiro muito mansas ou com alguma deficiência que não permite a ave ser solta, elas são utilizadas para a realização de educação ambiental com alunos de escolas e universidades”, explicou Roberto Citelli.

Além de promover uma vida mais saudável aos animais, com a prática dos exercícios de voos livres e de caça, são realizadas exibições com o intuito de explicar o trabalho realizado pela equipe, proporcionando para os visitantes noções de cuidados e respeito com o meio ambiente.

O foco inicial do Ceras é as aves de rapina. As aves de pequeno porte, como colerinha, sanhaçu e sabiá, que geralmente são presas em gaiolas, precisam ficar isoladas, afastadas da interação humana, sendo dado a elas o alimento que elas teriam na natureza, para condicioná-las e, após testes de avaliação, serem soltas em grupos.
 
Fonte
 
 
 

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