17/06/2014
Daniele Bragança
Daniele Bragança
Uma cobra coral verdadeira coletada numa pequena área preservada na
capital da Paraíba é a mais nova espécie de serpente conhecida no país. A
espécie descrita na edição de abril da revista Zootaxa mostra como a
rica biodiversidade da maltratada Mata Atlântica ainda esconde novas
descobertas.
A maioria dos exemplares usados na descrição da nova espécie, batizada de Micrurus potyguara, foi encontrada na Mata do Buraquinho, um remanescente de Mata Atlântica localizado dentro do Jardim Botânico de João Pessoa, na capital da Paraíba. Uma floresta urbana, portanto.
De hábitos preferencialmente noturnos, mas que também pode ser
encontrada durante o dia, a cobra coral verdadeira de pequeno porte pode
chegar até 1 metro e 20 centímetros de comprimento e alimenta-se de
presas cilíndricas como anfisbenideos, conhecidas como cobra-duas-cabeças.
De acordo com o Dr. Gentil Alves Pereira Filho, um dos autores da nova descoberta, a Micrurus potyguara
tem o corpo coberto por anéis vermelhos, pretos e brancos que se
estendem do dorso ate o ventre. “Trata-se de uma serpente potencialmente
perigosa devido a seu veneno, embora não se tenha registros de
acidentes nem com humanos. Até o momento poucos exemplares desta nova
espécie são conhecidos e a distribuição atual esta restrita aos estados
da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco”, explicou. Também
participaram da descoberta os biólogos Matheus Godoy Pires, Nelson Jorge
da Silva, Darlan Tavares Feitosa, Ana Lúcia da Costa Prudente e Hussam
Zaher.
Ainda de acordo com o biólogo, a serpente difere morfologicamente de
outras espécies de cobras corais verdadeiras que ocorrem na área por
apresentar as escamas parietais
totalmente negras, a ponta da cauda negra, a ponta do focinho também
inteiramente negra. “Não se sabe muito sobre a ecologia da serpente, não
sabemos se ela se distribui ao longo de toda a Floresta Atlântica ou se
esta restrita apenas a porção ao norte, onde foi encontrada”.
A serpente recebeu o nome Micrurus potyguara em homenagem aos índios Potiguares que habitavam em grande número a região onde a serpente foi descoberta.
Para Alves, a principal importância da descoberta da nova espécie
reside no fato que ela sobrevive no bioma mais ameaçado do país, onde
muitas espécies “são extintas sem nem mesmo terem sido cientificamente
descobertas”. Há 3 semanas, foram divulgado os novos dados de desmatamento
na Mata Atlântica: 23,9 mil hectares de floresta foram perdidos, um
aumento de 9% comparado com o período anterior (2011 e 2012), quando
foram registrados 21,9 mil hectares de desmate. Os dados são da 9ª
edição do Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, feito
pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe).
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