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sábado, 27 de abril de 2013
Fim da queima da cana pode demitir 28 mil na PB
Na Paraíba,
aproximadamente 28 mil trabalhadores poderão ficar sem empregos;
estimativa é da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba.
Maria Livia Cunha Kleide TeixeiraNordeste emprega 35% da mão de obra do setor no país
A proibição da queima da cana-de-açúcar poderá levar à demissão cerca de
280 mil trabalhadores rurais na região Nordeste, segundo cálculos da
União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida). Na Paraíba, o número de
desligamentos chegará a 10% do total (28 mil trabalhadores), segundo
estimativa da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan-PB).
O assunto foi abordado durante uma audiência pública no Supremo
Tribunal Federal (STF), nessa semana. A expectativa da cadeia produtiva
da cana-de-açúcar é que seja definido – e não foi ainda – um prazo para a
eliminação das queimadas de canaviais em pequenas propriedades e áreas
com declividade superior a 12 graus. De acordo com o presidente da
Unida, Alexandre Andrade Lima, o fim desta prática não só aumentará
desemprego, mas inviabilizará grande parte das pequenas e médias
produções.
No entanto, o presidente do Sindicato da Indústria do Álcool na
Paraíba (Sindalcool-PB), Edmundo Barbosa, não acredita que o Estado
passará por demissões. Ele explicou que o ministro do STF, Luiz Fux,
demonstrou, durante a audiência desta semana, que não seria ponderado
tomar uma decisão taxativa e imediatista sobre o fim da queima da
cana-de-açúcar.
“Na verdade, nós já estamos convivendo com esta ideia há algum tempo,
por isso que esta notícia de 'demissões', perde um pouco da sua força.
Esperamos esta mudança para entre 2017 e 2018 e o setor já passa por
adaptações e se prepara para a mecanização da colheita”, afirmou.
A Unida, por outro lado, pede por um prazo mais extenso. O órgão de
classe defende uma transição da legislação compatível com a realidade de
adaptação do setor. O prazo esperado pelos canavieiros é de, no mínimo,
15 anos.
IMPACTO
Embora responda por 12% da produção de cana no Brasil, o Nordeste
emprega 35% da mão de obra do setor no país. Neste contexto, vale
lembrar que o setor agropecuário contabilizou a segunda maior baixa no
emprego formal no trimestre deste ano (-3.447 postos de trabalho no
período), na Paraíba. Este foi ancorado pela queda ainda maior no saldo
das usinas de cana-de-açúcar na indústria de transformação (-5.815
postos de trabalho) – ampliado no período de entressafra pela forte
estiagem. Com a possibilidade de demissões definitivas e dependendo das
chuvas e capitalização do setor, o saldo paraibano (admissões menos
demissões) pode cair ainda mais até o final do ano.
Segundo Edmundo Barbosa, para evitar que isto aconteça, os
trabalhadores da cana-de-açúcar deverão passar por uma requalificação
dentro das usinas e deverão ser reposicionados para outras funções. “O
fim da queima é defendido, porque esta prática é danosa em alguns
aspectos. Mas, o mais importante, é que o trabalho de requalificação dos
trabalhadores já começou, já é uma realidade dentro da Paraíba”,
assegurou.
Alexandre Lima, por outro lado, afirmou que a maioria dos
trabalhadores é analfabeta e terá dificuldade de ser reaproveitada em
outros setores. “É preciso sensibilidade para evitar um caos na região",
disse.
Canavieiros querem colheita mecanizada
Para o presidente da Asplan-PB, Murilo Paraíso, a colheita
mecanizada da cana-de-açúcar facilitaria as operações de corte de cana e
a tornaria mais barata em comparação à colheita manual de cana crua.
“Ela é possível no estado da Paraíba. A colheita manual é quase que
inviável em grande escala, pois diminui em muito o rendimento dos
cortadores e até deixa o trabalho mais árduo”, explicou.
Segundo o presidente da Unida, Alexandre Andrade Lima, a colheita
mecanizada está longe de se tornar uma realidade compatível com a
topografia acidentada da região. “A prática é indispensável nas áreas
com declives médios porque as máquinas são incapazes de realizar a ação.
Apenas 31% dos canaviais nordestinos apresentam área plana”,
acrescentou.
Fora isto, o engenheiro agrônomo da Asplan, Luís Augusto de Lima,
ressaltou que os pequenos e médios produtores que são a maioria, não têm
recursos para investir nessas máquinas, inviabilizando assim esse tipo
de colheita.
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