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Folha do Meio Ambiente
Edição Impressa
2013
04
APA de Tambaba
Instituto Agronômico de Campinas se juntou a UFPA para produzir trabalhos sobre a sustentabilidade em Tambaba
20 de abril de 2013
Antônio Fernando Caetano Tombolato
Há 10 anos tenho frequentado a área de Tambaba
motivado pela riqueza e exuberância da natureza local, principalmente
pela flora extremamente diversa, resultado de um mosaico composto por
diferentes formações edáficas e disponibilidade aquífera. Toda essa
motivação gerou um intercâmbio entre o Instituto Agronômico de Campinas,
SP, onde trabalho há mais de 35 anos, e as Universidades Federal da
Paraíba e em Areia. Produzimos alguns trabalhos, dentre os quais o
“Potential ornamental plants of Tambaba Environmental Protected Area,
Paraiba State, Brazil” apresentado em um Simpósio Internacional em
Buenos Aires.
Parabenizo a Folha do Meio Ambiente e especialmente o jornalista
Reginaldo Marinho pela abordagem abrangente no artigo “Praia de Tambaba –
santuário ambiental prestes a ser estuprado”, artigo de capa - edição
228/março. O texto evidencia a atual situação de fragilidade na qual se
encontra a proteção ambiental da região de Tambaba, uma das poucas ilhas
verdes do litoral norte da região nordeste brasileira, fruto de um
estágio de regeneração de cerca de 30 anos. Um leigo poderia se
equivocar pelo baixo porte das árvores e arbustos nativos imaginando
tratar-se de uma vegetação jovem, mas que na verdade representa o perfil
típico da cobertura vegetal do tabuleiro.
Lamentavelmente a ânsia por investimentos lucrativos em curto prazo
ignoram o real valor da preservação e exploração racional dos recursos
naturais de maneira sustentável e que valorizam a característica
regional – fauna, flora, vida marinha, mananciais fluviais, manguezais,
geografia das falésias, cultura popular, agricultura familiar,
artesanato e a expressão do naturismo de renome mundial – elementos que
compõem um complexo de grande valor para o futuro da exploração do
(eco)turismo internacional que cada vez mais procura descobrir e
valorizar as expressões naturais e culturais diferenciadas.
Um projeto de porte megalomânico certamente de instalação
economicamente inviável, devido ao vultoso investimento da ordem de
bilhões, pretende eliminar o resquício de Mata Atlântica
(inquestionavelmente protegida pela legislação federal) ainda existente
na APA de Tambaba. Ignora-se quem seriam os reais investidores (se é que
existem) e se estes estariam cientes de que a exploração turística de
Tambaba poderia ser feita de maneira ecologicamente sustentável. Uma vez
eliminada a mata nativa que garantia existe de que o projeto (talvez)
especulativo será efetivamente implantado? Certamente o local estará,
então, aberto para qualquer outro tipo de ocupação desordenada e a
implantação de um modelo repetitivo já presente em diversos locais não
só do Brasil como também em outros países (“resorts”, campos de golfe,
condomínios de alto padrão, privatização de praias, loteamentos, e, quem
sabe, até indústrias de mineração e etc). Se não for utopia, é a
destruição certa do que ainda resta da Natureza de Tambaba. Seria este
tipo de desenvolvimento-padrão que o governo estadual vislumbra para o
emergente turismo da Paraíba ou seria preferível um programa de
desenvolvimento turístico diferenciado de modo a valorizar a cultura,
sua população, a natureza e o turismo?
(*) Antônio Fernando Caetano Tombolato - Diretor do Jardim Botânico -
Instituto Agronômico – IAC - Campinas SP - tombolat@iac.sp.gov.br
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