Boisbaudran Imperiano
A
Câmara dos Deputados aprovou no último dia 25.04.2012 com 274 votos a
favor, 184 votos contra e duas abstenções o novo Código Florestal,
muito embora o texto da futura lei tenha obtido a maioria dos votos, o
mesmo representa um grande retrocesso na luta pela conservação dos
recursos naturais, mostrando-se andando de marcha ré na história da
civilização, que tem expressado-se a favor do desenvolvimento
sustentável, tendo em vista que os senhores deputados federais não
deram ouvidos aos dados técnicos e científicos amplamente divulgados
pela comunidade científica do Brasil e aos apelos e fatos capitaneados
pela sociedade civil organizada. Nesse aspecto, convém salientar que a
sociedade está consciente da busca por um desenvolvimento sustentável,
uma vez que pesquisa do Datafolha em jun/2011 constatou que 85% da
população é a favor da conservação das florestas.
Foram
aprovadas mudanças que permitem a liberação de crédito agrícola para
quem desmatou; o perdão para quem desmatou até jul/2008; a permissão a
desmatamentos em topos de morro e manguezais; as encostas com
inclinação entre 25° e 45° não são consideradas áreas de preservação. O
novo Código dispensa a proteção de 50 metros em tomo de veredas e
nascentes e várzeas de rios e região com maior abundância de água)
deixando apenas as veredas como APPs. As áreas de preservação nas
margens dos rios caem para 15m (antes era 30m), e serão contadas da
borda da calha do leito regular (e não do rio em período de cheia).
Para rios maiores do que 10m de curso d'água, respeita-se o limite
correspondente à metade da largura do curso d'água, observado o mínimo
de 30m e o máximo de 100m (antes este número ia até 500m).
A
futura Lei Florestal representa um comprometimento ao patrimônio
ambiental brasileiro e um retrocesso para legislação ambiental do País,
notadamente quando o Brasil sediará em junho próximo a Cúpula Mundial
da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Sem contar que a
eliminação das Areas de Preservação Permanente - APPs, ao redor de
nascentes e várzeas, fatalmente vai contribuir para que sequem as
nascentes dos rios. Como consequência os reservatórios de água que
abastecem as cidades vão secar e vai faltar água para a população. A
grande expectativa da sociedade para conter essa aberração legislativa e
atentatória à sustentabilidade das cidades, é que a senhora
Excelentíssima Presidente da República proceda com o veto total à lei
florestal aprovada pela Câmara dos Deputados, conforme prometido na
última campanha eleitoral presidencial.
Boisbaudran Imperiano é advogado, biólogo e professor
Fonte: Correio da Paraíba, Opinião, terça-feira, 29 de maio de 2012. A2.