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quarta-feira, 19 de junho de 2013
Água de Boqueirão vai ser racionalizada
Só será possível o uso da água para irrigação no limite de cinco hectares até fevereiro de 2014, de acordo com a ANA.
Isabela Alencar Leonardo SilvaMedida visa evitar um futuro colapso no abastecimento da região
Irrigantes que sobrevivem da água do açude Epitácio Pessoa (Boqueirão)
terão que racionalizar a água a partir dos próximos dias, na tentativa
de evitar um futuro colapso no abastecimento da região.
De acordo com o superintendente de Regulamentação da Agência Nacional
de Água (ANA), Rodrigo Flecha, só será possível o uso da água para
irrigação no limite de cinco hectares até fevereiro de 2014, quando se
inicia o período chuvoso. Os produtores que não cumprirem a
determinação, poderão ser multados e terem seus equipamentos
apreendidos.
A providência foi articulada durante uma audiência no Ministério
Público Estadual, através das promotorias do Meio Ambiente e do
Consumidor, ontem pela manhã. Conforme o superintendente da ANA, Rodrigo
Flecha, haverá um trabalho conjunto entre diversos órgãos, como a
Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa),
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e Companhia de
Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), iniciando pelo cadastramento dos
irrigantes, que ocupam mais de 500 propriedades na região do Açude de
Boqueirão e fiscalização a partir do dia 1º do próximo mês.
“Nós definimos um conjunto de ações que vamos validá-las com a
Associação dos Irrigantes também. A Cagepa também tem que fazer o ser
'dever de casa'. Nós vamos manter a vazão da adutora de Campina Grande,
mas a Cagepa vai ter que fazer campanhas educativas, vai ter que
aumentar a instalação de hidrômetros. Com os irrigantes, informar que a
irrigação só vai poder ser feita com até cinco hectares e para isso,
vamos publicar boletins oficiais para acompanhamento dos níveis de
reservatórios. A situação ainda está confortável, mas merece vigilância e
atenção da parte de todos, sobretudo da população, que deve fazer a sua
parte”, disse Rodrigo Flecha.
De acordo com ele, Boqueirão ainda está com 201 milhões de metros
cúbicos (m³ )ou 48% do seu volume total. O superintendente explicou que
ainda não existe a necessidade de racionamento, mas a água precisa ser
racionalizada. “Nós observamos que muitos agricultores sobrevivem do que
plantam e tirar essa água deles poderia causar um problema social”,
contou. Segundo o que foi acordado, essa redução do uso da água deverá
ser fiscalizada, possivelmente com o apoio da Polícia Ambiental, em
todas as áreas demarcadas. Conforme o diretor do Dnocs, em Boqueirão,
Jacobino Moura, hoje o açude perde sete milhões de m³ de água, por mês,
mas no final de agosto, quando o clima começa a esquentar novamente,
esse número pode aumentar para até 16 milhões de m³.
Segundo o diretor-presidente da Aesa, João Vicente Machado, se não
houver mais recarga de água e sem racionalização, o manancial poderá
passar para seu volume “morto” (cerca de 14% do volume total), em
janeiro de 2015. O diretor, que também fez parte da diretoria da Cagepa,
informou que a Companhia realizará uma série de serviços e atividades,
na tentativa de controlar mais o uso da água, como a instalação de 30
mil hidrômetros, em Campina Grande, além do reaproveitamento da água
utilizada para a lavagem dos seus filtros, que chega a ser de 90 litros
por segundo.
Conforme a ANA, hoje a Cagepa utiliza 1.450 litros de água por
segundo, mais do que foi outorgado pela agência, que era de 1.230 l/s, e
cerca de 42% desse total acaba sendo desperdiçado com perdas físicas e
não físicas. “São os vazamentos, ligações clandestinas, desperdício de
água pela própria população”, frisou o superintendente da ANA. Para o
promotor do Meio Ambiente, Eulâmpio Duarte, uma das alternativas que
poderiam ser criadas pelo governo estadual, seria a criação de um
auxílio que pudesse ser encaminhado aos pequenos agricultores, que
necessitam da água de Boqueirão para irrigar suas pequenas plantações.
“Por que não, em uma necessidade premente, como uma seca, por que o
governo não pode subsidiar os pequenos irrigantes, que inclusive não são
muitas pessoas, aproximadamente 300 a 400 pessoas, que ficariam
satisfeitas com um subsídio de um salário mínimo, por exemplo?”,
questionou. A intenção dos órgãos é continuar realizando reuniões
bimestrais, para avaliar se o que foi proposto funcionará. Uma nova
reunião foi marcada para o dia 15 de agosto, no Ministério Público em
Campina.
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