Na capital, 180 famílias vivem da renda gerada pela coleta seletiva de resíduos sólidos.
Nos últimos anos, o brasileiro passou a ter uma renda um pouco melhor, com esta renda melhor, passou a consumir mais e este consumo, cedo ou tarde, vira lixo. A Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur), da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), estima que os pessoenses geram 19 mil toneladas de lixo domiciliar por mês. Esse monte de resíduos é descartado em maior parte para o Aterro Sanitário Metropolitano e apenas uma pequena parcela de 5% (950 toneladas) segue para a coleta seletiva.
O percentual é bem pequeno e representa – dentre outros aspectos de apelo ambiental, estes já conhecidos pela população – que as 180 famílias que dependem da coleta para sobreviver poderiam ganhar mais, se a coleta fosse mais eficiente, mas não ganham. Na situação de hoje, o apanhado para cada trabalhador não supera uma média R$ 260 por mês.
A coleta seletiva domiciliar, aquela realizada porta a porta pelas associações de catadores, é feita apenas em 31 dos 64 bairros de João Pessoa - o que equivale a 48,4% do total. Esse trabalho é realizado por cinco núcleos de coleta da cidade (nos bairros do Bessa, Cabo Branco, Jardim 13 de Maio, Jardim Cidade Universitária e Mangabeira) e na triagem do Aterro Sanitário.
A catadora Marinalva Santos, que trabalha há nove anos com coleta seletiva - parte deste tempo na cooperativa Acordo Verde, do Núcleo de Coleta Seletiva Acordo Verde do Jardim Cidade Universitária – e outras 14 pessoas catam 10 mil quilos de lixo reciclável por quinzena. “Papel, plástico, garrafa e, de quinze em quinze dias, ganho R$ 130 mais ou menos para completar a renda da família”, diz.
Mãe de dois filhos, ela conta com ajuda do marido para sustentar a casa. “Comecei trabalhando numa fábrica do Distrito Industrial, saí por um tempo, mas voltei para a coleta. Acho que as pessoas estão mais conscientes, mas ainda é muito pouco e não vejo minha renda crescer. O melhor é que sei que faço algo que é para o bem de todos, mesmo recebendo crítica e sofrendo com o preconceito”, comenta.
Conforme o também catador Rodrigo Gomes, o dinheiro é pouco e há ainda as perdas monetárias ao vender o material. “Aqui não se vende direto para a fábrica, mas para os atravessadores. Então o preço pelo quilo do material é ainda mais barato para a gente”, acrescenta.
É barato e precisa de quantidade para fazer diferença no bolso do trabalhador. Um quilo de vidro é vendido, em média, por oito centavos em João Pessoa. O quilo de 'pet' é vendido a R$ 1, o de latinha a R$ 2 e é por isso que cada grama a mais na coleta é tão valiosa. Mesmo um livro, quando encontrado no lixo, ao invés de virar leitura, vira material de reciclagem. “A gente encontra o livro e tenta vender, se não conseguirmos, a capa vai para a seção de papel misto [R$ 0,08/por quilo] e as páginas para o papel branco [R$ 0,25/por quilo]”, explica a catadora Marinalva.
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