domingo, 16 de março de 2014

Decisões não são cumpridas

Recuperação da área da Mata do Buraquinho degradada ainda não foi feita, contrariando ordem de Justiça.


 

No mesmo posicionamento favorável ao Ministério Público Federal (MPF) em 2009, a Justiça Federal pediu ainda que a área degrada em decorrência das ocupações irregulares fosse recuperada pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Conforme o decisão judicial, cabe a estes órgãos reflorestar a área e ainda ao Ibama a responsabilidade de reconstruir a cerca que limita a área de preservação. No entanto, não é o que se vê no local onde existiu a comunidade Paulo Afonso.

O muro que delimita a área da Mata do Buraquinho, na faixa que é de responsabilidade do Ibama, foi reconstruído. Mas há buracos na estrutura e falta de manutenção durante todo o percurso, o que facilita a ação de vândalos, que despejam lixo e derrubam árvores da reserva. Na parte da comunidade São Geraldo, os moradores informam que a coleta de lixo é realizada regularmente. Eles alegam que a sujeira encontrada dentro da mata e próximo às residências é de responsabilidade de pessoas que não são moradoras da comunidade.

O aposentado Antônio Laurentino, que mora na São Geraldo há 16 anos, revela que o lixo que se acumula na mata é trazido de fora e por pessoas de outros bairros. Restos de móveis, resíduos domésticos ainda embalados, além de animais mortos são deixados constantemente na área verde. “Muita gente coloca o lixo na mata e são pessoas de fora, de outros bairros.

Pessoas chegam de outros locais, a qualquer hora do dia, e jogam o lixo aqui. A gente limpa, o carro passa, mas no outro dia fica a mesma coisa”, reclamou.

Em parte do terreno onde existia a comunidade Paulo Afonso o descaso com o meio ambiente continua e o descarte inadequado de lixo é o principal problema. Segundo os moradores da área, quase todos os dias restos de móveis, eletrodomésticos, entulhos de construção e outros resíduos são deixados no local. Para se ver livre do mau cheiro e insetos atraídos pela sujeira, alguns moradores ateiam fogo nos materiais, o que também pode causar danos à reserva.

O procurador-jurídico da Cagepa, Fábio Andrade, informou que a empresa, juntamente com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), reconstruiu o muro que delimita a Mata do Buraquinho, conforme a recomendação judicial. Já sobre o processo de reflorestamento na área onde existiu a comunidade Paulo Afonso, o representante da estatal alegou que a empresa já solicitou a demanda ao Ibama e aguarda uma resposta do órgão federal. No entanto, ainda não há previsão para a execução do projeto.

A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou contato telefônico com a superintendência do Ibama para saber mais informações sobre a ação de reflorestamento. Mas, até o fechamento desta edição não obteve resposta.

INSEGURANÇA E MEDO NO LOCAL
Além da degradação ambiental, as áreas invadidas pelas duas comunidades também favorecem a crimes, como tráfico de drogas e estupros. Moradores das proximidades denunciam que adolescentes estariam utilizando os terrenos abertos na mata para práticas ilegais e temem ser vítimas da violência.

No trecho da mata onde existiu a comunidade Paulo Afonso, os moradores denunciam que adolescentes já foram levadas para a reserva e sofreram abusos sexuais. O local também é propício para esconderijo de assaltantes. “De vez em quando a gente vê garotos entrando aí com mulheres. Como o local é esquisito, eles usam para estupros e também para se esconder da polícia.

À noite aqui é perigoso e muita gente já foi assaltada”, disse um comerciante que preferiu não se identificar.
Já na comunidade São Geraldo, o problema, segundo relato dos moradores, é o tráfico de drogas. A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA esteve no trecho da comunidade, próximo a um motel, e verificou que um grupo de jovens e adolescentes utilizava o “quintal” de uma das casas, localizada praticamente dentro da mata, para usar e comercializar entorpecentes.

Um morador das proximidades que não quis se identificar relata que é constante a entrada de adolescentes e adultos no interior da mata. Segundo ele, a maioria utiliza os fundos das casas como acesso. “Têm dias que eles entram na mata, em grupo, e passam o dia aí. Depois saem drogados. Tem gente até de fora mesmo”, completa.

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