Com a
participação dos moradores, assentamento no distrito de Catolé de Boa
Vista ganhou sistema de captação de água de chuvas e reuso.
Publicado em 12/03/2014 às 06h00
Givaldo Cavalcanti
No primeiro semestre do ano passado, o
agricultor Josenildo Barbosa da Silva, 37 anos, olhava ao redor de sua
propriedade e a perspectiva de água era mínima. Morador do assentamento
Vitória, área rural próxima ao distrito de Catolé de Boa Vista, em
Campina Grande, ele e mais 32 famílias viram essa realidade começar a
mudar quando o Projeto Águas, desenvolvido pelo Instituto Nacional do
Semiárido (Insa), em parceria com entidades como a Coonap (Cooperativa
de Trabalho Múltiplo e Apoio às Organizações de Autopromoção) e
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-PB) chegou à
localidade.
Os moradores do assentamento arregaçaram as mangas e construíram um
biodigestor e uma cisterna do tipo calçadão, que aliada a duas caixas
d'água já existentes na área, mas que não estavam em uso, mudaram o
panorama dos agricultores. E após cinco meses de trabalho, na manhã de
ontem foi inaugurado o sistema de captação de água de chuvas e reúso que
irá oferecer uma maior segurança hídrica ao local, o que antes não era
possível. Segundo confirmou Josenildo Barbosa, a partir de agora a
realidade mudou.
“Eu moro aqui há seis anos e nunca vi uma coisa desse tipo acontecer.
Ter acesso à quantidade de água que teremos vai ser uma riqueza muito
grande. Depois que nós nos juntamos e trabalhamos pesado para construir
essa cisterna, vieram os técnicos e nos ensinaram como mexer com tudo.
Agora, temos água para usar durante todo o ano, já que a quantidade
armazenada nós só vamos utilizá-la para consumo próprio. Chega de falta
d'água em casa”, testemunhou o agricultor.
Ao todo, a cisterna tem capacidade para armazenar até 300 mil litros
de água, além de 100 mil litros que cabem em cada uma das duas caixas
que agora fazem parte de um sistema que é todo ligado a partir de
instalações com aparelhos movidos a energia solar. De acordo com o
coordenador do Projeto Águas e diretor do Insa, Salomão de Sousa
Medeiros, a pesquisa realizada no local provou como é possível incluir
as pessoas socialmente a partir de métodos que antes eram restritos nos
laboratórios. “Nós levamos a pesquisa para ser incluída socialmente. Foi
a participação direta dessas pessoas que possibilitou essa nova
realidade”, disse Salomão Medeiros.
Já o engenheiro agrícola José Diniz Neves, que faz parte da equipe
técnica do Coonap, explicou que os custos que os moradores terão para
administrar o projeto serão reduzidos. Segundo ele, além do biodigestor,
os outros aparelhos não oferecerão dificuldades para o dia a dia da
atividade rural. “Eles irão utilizar energia solar, que é renovável, o
biodigestor irá eliminar a necessidade do uso do gás de cozinha, já que
eles terão tudo isso à disposição a partir do funcionamento dos
equipamentos. Além da economia que eles farão, o meio ambiente irá
agradecer”, confirmou o engenheiro.
Para o líder da associação de moradores do Assentamento Vitória,
Severino Miguel Cordeiro, 59 anos, esse é apenas o primeiro passo que a
comunidade dá, uma vez que o projeto ainda oferece outras alternativas
para o convívio em regiões semiáridas. “Isso aqui agora é uma riqueza”,
disse Severino.
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