quinta-feira, 20 de março de 2014

Falta saneamento básico na PB

Estudo aponta que 12.517 pessoas foram internadas por problemas de saúde relacionados à falta de saneamento básico na PB.





Rizemberg Felipe
Segundo a pesquisa do Trata Brasil 48.149 são desprovidos de esgotamento sanitário
 
A falta de investimento em saneamento básico na Paraíba causou internações hospitalares desnecessárias, interferiu no desempenho escolar e ainda gerou prejuízos à economia e ao turismo. Foi o que apontou a pesquisa 'Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Básico', divulgada ontem pelo Instituto Trata Brasil, uma organização não governamental que atua na área sanitária.
 

De acordo com o estudo, na Paraíba, no ano passado, 12.517 pessoas foram internadas após apresentarem problemas de saúde relacionados à falta de saneamento básico. Deste total de procedimentos, 2.518 poderiam ter sido evitados, caso o Estado tivesse melhores condições de infraestrutura sanitária.

O motivo é que o Estado ainda oferece com deficiência serviços considerados essenciais para a população. Segundo a pesquisa do Trata Brasil, 383.067 domicílios paraibanos não têm acesso à água tratada, enquanto que outros 948.149 são desprovidos de esgotamento sanitário. Além de causar internações hospitalares, a ausência do saneamento também provocou prejuízos à economia. Os pesquisadores explicaram que a falta de tratamento da água e do esgoto eleva principalmente o número de casos de diarreia entre a população.

Em média, cada trabalhador se afasta do trabalho por até três dias a cada vez que é acometido pela doença. Em 2012, só na Paraíba, foram contabilizadas 17.163 faltas ao trabalho por até duas semanas, em virtude de complicações médicas associadas ao saneamento. Os pesquisadores estimam que, em 4.311 casos, as faltas ao emprego poderiam ter sido evitadas, caso não existissem os problemas urbanos.

Os diagnósticos de diarreia ainda levaram a Paraíba a perder 2.391.852 horas de trabalho em 2012. Como consequência, houve um custo anual de R$ 13,99 milhões em apenas um ano.

Outra consequência da falta de investimentos na água e no esgoto atinge diretamente a educação. De acordo com a pesquisa, os estudantes da Paraíba apresentaram no ano passado uma média de 4,8 anos de atraso na escolaridade. É o 7º menor do Nordeste, atrás de Rio Grande do Norte (5,29), Alagoas (5,13), Pernambuco (5,02), Piauí (5,01), Bahia (4,95), Sergipe (4,83). Apenas Maranhão (4,79) e Ceará (4,00) apresentaram atraso escolar menor que o encontrado na Paraíba.

O estudo também mostrou como a falta de saneamento básico afeta a geração de empregos. De acordo com a pesquisa, em 2013, a Paraíba contabilizou 13.970 postos de trabalho ligados ao turismo. No entanto, se houvesse maior investimento no tratamento da água e do esgoto, outras 17.300 ocupações também poderiam ter sido criadas no ano passado. Com isso, seriam gerados cerca de R$ 145,79 milhões em renda.

Para o engenheiro sanitário e presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária Ambiental /seção Paraíba, Edmilson Fonseca, os dados são considerados preocupantes. Com 40 anos de atuação na área, ele observa que a falta de investimentos em água e em esgoto gera problemas em cadeia.

“Sem o tratamento adequado, esgoto corre a céu aberto e contamina as pessoas que, por sua vez, adoecem, faltam ao trabalho e vão ao serviço médico. Com isso, causam prejuízos ao trabalho e também ao serviço de saúde”, afirmou.

O especialista ainda acrescenta que, mesmo com esses danos, o saneamento básico ainda não é prioridade, por conta de uma questão cultural. “Essa situação tem melhorado muito nos últimos anos na Paraíba, mas ainda precisa mudar muito. As pessoas têm aquela ideia de que obras públicas são apenas de responsabilidade do governo. Por isso, o particular não quer investir e nem colaborar. Falta de consciência, porque poderia ocorrer, sim, uma parceria. Mas isso não acontece”, diz.

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