quarta-feira, 12 de março de 2014

Poluição sonora representa mais de 57% das queixas em João Pessoa

12/03/2014 06h00 - Atualizado em 12/03/2014 08h26

Em 2014, Semam registrou 850 reclamações, sendo 490 por barulho.
Zona Sul e Bessa lideram ranking na cidade.

Wagner Lima

Do G1 PB

As reclamações de excesso de som correspondem a 57,64% de todas as demais irregularidades contra o meio ambiente em João Pessoa, segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam). De 1º de janeiro a até esta terça-feira (11), a Semam registrou 850 reclamações das quais 490 são por poluição sonora. No mesmo período de 2013, a Semam recebeu 860 denúncias relacionadas a barulho entre as 1.300 reclamações.
A queda de 370 reclamações no mesmo período, segundo o chefe da Divisão de Fiscalização da Semam, Waldir Farias, se deve provavelmente ao não funcionamento do Disque Denúncia e da atuação dos fiscais do órgão das 22h às 7h. “Como nós da Semam não funcionamos após as 22h, essas reclamações não são contabilizadas e por isso deve ter ocorrido queda nos números”, explicou.
A secretária Maria Albuquerque reclamou do excesso de som alto na noite da segunda-feira de carnaval, dia 4 de março. Por volta das 23h45 ela recorreu ao 190 da PM. Conseguiu ser atendida pelo telefone, mas não havia possibilidade do envio de uma viatura porque todas estavam em outras ocorrências. “Liguei duas vezes e o que me disseram é que tinha pouca gente na ativa naquele dia e todos em outras ocorrências. Irritada, não insisti mais”, disse.

Zona Sul e Bessa lideram denúncias
Uma das áreas que mais têm registrado denúncias de poluição sonora é a zona sul da capital, em especial os bairros de Mangabeira e Bancários, segundo Waldir Farias. “Nessa área tem aumentado muito as reclamações da população por conta de estabelecimentos e de sons automotivos”, afirmou.

O som alto vindo de estabelecimento comercial foi o principal problema vivido nos Bancários pela educadora Amélia Nóbrega durante cinco meses. Ao alugar um apartamento em 2012, os primeiros problemas surgiram com o barulho originário de um bar, de onde o som vazava e incomodava a vizinhança.
Amélia Nóbrega chegou a acionar diversos órgãos de fiscalização, mas sem que o problema fosse resolvido, ela teve que rescindir o contrato de locação porque a saúde já apresentava os primeiros sinais de consequência de noites mal dormidas. “Fiz tratamento de saúde e hoje consigo dormir com um leve despertar. Nos Bancários, infelizmente, a lei do silêncio não é respeitada como em Tambauzinho. Durante os cinco meses deixei de levar trabalhos para casa, dormia mal e até minha taxa de serotonina baixou. A sensação é de abandono”, explicou.
 
Há quem use o bom humor para driblar a irritação. A atendente de telemarketing Ana Figueiredo, moradora dos Funcionários II, vem enfrentando o problema com o som do vizinho há anos. Há dois anos resolveu denunciar e não conseguiu nem a ida dos fiscais ao local.
 
No mês passado, cansada de ouvir todo o repertório do cantor Roberto Carlos por conta do som alto do vizinho, ela tentou mais uma vez, mas nem foi atendida. “Só não ouvi Roberto Carlos quando meu vizinho adoeceu, mas todos os dias ele usa o som alto. Já conheço todo o repertório. Quando a gente vence o medo de arrumar confusão com o vizinho e liga para a Semam, não consegue. Quando tenta recorrer à PM não é atendido porque tem várias prioridades. O jeito é sair de casa e tentar esquecer do vizinho e de Roberto Carlos”, disse.
Os três bairros mais barulhentos
Os bairros mais “barulhentos” de João Pessoa, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, são Mangabeira (59 queixas em 2014), Bessa (32) e Cruz das Armas (13). Sons automotivos, paredões, sons provenientes de igrejas, bares e casas de vizinhos lideram os tipos de infração mais comuns à legislação ambiental municipal. As multas para os que insistem em desrespeitar a legislação vão de R$ 200 a R$ 5 mil reais, com risco de apreensão do equipamento.
Nas operações realizadas pela Semam, estabelecimentos como igrejas e academias de musculação que não têm o licenciamento ambiental são notificadas para providenciarem o documento. Para os que persistem na infração, o órgão aplica a multa. Os autos de infração são baseados na medição por decibéis em taxas diferenciadas por áreas residenciais e comerciais e pelos horários.



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