Quem mora no Sertão da Paraíba tem que procurar alternativas para tentar fugir do sol forte e calor intenso nesta época do ano.
Isabela Alencar
Quem mora no Sertão da
Paraíba tem que procurar alternativas para tentar fugir do sol forte e
calor intenso nesta época do ano. Enfrentando uma média de temperatura
de 39 ºC, os sertanejos buscam meios para aliviar a sensação de calor
que, segundo os meteorologistas, vai além da temperatura registrada nos
termômetros, devido a pequena quantidade de árvores, o asfaltamento de
ruas e muitas construções que restringem o espaço de áreas frias nas
cidades.
É justamente no mês de dezembro, quando as temperaturas sobem mais,
que, para aliviar a sensação quente, populares ficam mais tempo fora de
casa, sentados nas calçadas ou nas praças públicas à noite e durante o
dia, com sombrinhas e protetores solares, artigos básicos que não podem
faltar. Mas o clima quente também traz um lado positivo e quem ganha com
isso são os vendedores e comerciantes que trabalham para consolar a
população incomodada com as altas temperaturas.
Há cerca de um mês morando no município de Patos, a estudante de
Odontologia Ana Mozzer contou que já perdeu seis quilos depois que saiu
de Campina Grande. A estudante explicou que o calor intenso provocou a
perda de peso e também já mexeu com o bolso de muitas colegas suas.
“Elas dizem que a conta de energia está mais alta por causa do uso de
eletrodomésticos como o ventilador”, disse. Em sua casa, as portas e
janelas permanecem abertas durante todo o dia e, até na universidade, a
preferência são pelas salas climatizadas.
“São dois aparelhos de ar-condicionado por sala e, mesmo com a
temperatura dos equipamentos muito baixa, preferimos permanecer nas
salas mesmo sem aula, porque o calor fora do ambiente é insuportável”,
contou. Ruim para alguns, muito bom para outros, como o técnico em
eletrônica, Francisco de Assis Araújo, que afirmou que a demanda para
consertos de ventiladores aumentou em mais de 500% nas últimas semanas,
resultado das altas jornadas a que são submetidos os aparelhos, além de
suas capacidades de utilização.
“Os ventiladores chegam a ficar 24 horas acionados sem interrupção.
Ninguém aguenta ficar em casa sem o auxilio deles”, constatou. O técnico
está assoberbado de serviços, assim como os vendedores de coco Fernando
da Silva e Francisco Vieira, que trabalham nos municípios de Patos e
Sousa, respectivamente.
Francisco apostou no ramo há oito meses e agora aproveita os frutos
de seu trabalho que aparecem em reais a mais. Enquanto que no início do
novo trabalho ele conseguia vender diariamente 50 copos, cada um por R$
1, nas últimas semanas, passou a vender 80 copos por dia.
No Centro de Patos, Fernando Silva é mais um entre dezenas de
vendedores de água de coco que acabaram surgindo nas avenidas Solon de
Lucena e Epitácio Pessoa, depois que o clima começou a esquentar. De
acordo com ele, a comercialização do produto foi ampliada em mais de
300% e para atender a demanda está recebendo a mercadoria proveniente
das Várzeas de Sousa.
A sensação de calor é tão grande na região que os consumidores estão
preferindo ir às compras entre o final da tarde e início da noite,
aproveitando que o comércio abre suas portas mais cedo por causa do
final do ano.