quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Paraíba tem mais de 10,4 mil catadores de lixo; 7,9% vivem em extrema pobreza

Estudo coordenado por técnicos do Ipea revela que cerca de 30% dos catadores de lixo de todo o país estão na região Nordeste.

Brasil | Em 22/08/2013 às 14h06, atualizado em 22/08/2013 às 16h45 | Por Hermes de Luna





Num aglomerado de 39.463 paraibanos há pelo menos um catador ou catadora
Num aglomerado de 39.463 paraibanos há pelo menos
um catador ou catadora.
Mais de 10,4 mil paraibanos trabalham como catadores e catadoras de lixo. É o quarto estado da região Nordeste em número desses profissionais. Desse total, 7,9% de catadores de lixo são considerados residentes extremamente pobres.
 
Para fins de alguns programas sociais, como o Bolsa família, considera-se em situação de extrema pobreza o domicílio em que a soma de renda de seus integrantes, dividida pela quantidade de pessoas que residem no domicílio e dependam dessa renda não ultrapasse a marca de R$ 70,00.
 
A região Nordeste concentra 116 mil e 528 pessoas desse universo, o que representa 30,6% do total de catadores no Brasil. O estado da Bahia possui o maior contingente da região nordestina, com 34.107 habitantes. Juntos, Bahia, Pernambuco e Ceará concentram 63% desses trabalhadores na região.
 
Conforme Censo Demográfico de 2010, 387 mil e 910 pessoas se declararam catadores lixo em todo o território brasileiro. "Porém este valor pode estar abaixo do quantitativo real em função de algumas dificuldades na coleta de dados durante a pesquisa do Censo", explica o Ipea.
 
Um estudo, coordenado por técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que cerca de 30% dos catadores de lixo de todo o país estão na região Nordeste (116 mil pessoas), a maioria em áreas urbanas. O Ipea é uma fundação pública vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
 
Esse número não se distancia muito do estimado no Diagnóstico sobre Catadores de Resíduos Sólidos realizado pelo Ipea em 2012, que apontava a possibilidade de um intervalo entre 400 mil e 600 mil catadoras e catadores.
 
Sergipe e Piauí são os que apresentaram o menor número de pessoas que declararam trabalhar como catadores, com 4.081 e e 4.728, respectivamente.
 
A média de idade entre as pessoas que se declararam exerce a atividade de coleta e reciclagem no Brasil é de 39,4 anos. Essa média varia pouco entre as regiões. No Nordeste, por exemplo, a idade média desse público é de 38,3 anos.
 
Na Paraíba, 49,9% dos catadores estão situados na faixa etária entre 30 e 49 anos. Outros 4,2% situam-se abaixo dos 17 anos. E 5,2% são maiores de 60 anos. Dos catadores do Estado, 66% são homens e 34% mulheres. Do total, 71,8% dos catadores de lixo na Paraíba se declararam pretos e pardos, contra 28,2% informaram que são brancos e de outra cor.
 
Nas famílias, num aglomerado de 39.463 paraibanos há pelo menos um catador ou catadora de lixo. Nesse contexto, 52,1% das crianças são dependentes dos seus familiares catadores e catadoras.
 
Os dados do Censo do IBGE indicam que a renda média em 2010, segundo os próprio trabalhadores, era de R$ 571,56. O salário mínimo na época era de R$ 510,00. Na região Nordeste, a renda médica é de R$ 459,34 - cerca de 10% inferior ao salário mínimo nacional.

Na Paraíba, a situação é a pior do Nordeste em termos dos salários pagos a catadores de resíduos sólidos. Na média, paga R$ 391,93.

No Rio Grande do Norte registra-se o maior salário, em torno de R$ 542,37; Pernambuco vem em seguida, com R$ 494,14; Bahia paga R$ 458,55; Alagoas chega a R$ 455,36; Piauí fica em R$ 445,19; Ceará chega à uma média de R$ 445; Maranhão paga R$ 431,18; Sergipe tem salários médios de R$ 425,88.

O levantamento ainda destaca que 90,1% moram em áreas urbanas e 9,9% em zona rural.

Há muita variação entre os estados da região Nordeste, pois, mais da metade se situa entre 30 e 49 anos. Aproximadamente 4,0% do total ainda não atingiu a idade adulta e e 15% encontra-se entre 18 e 29 anos, idade utilizada como referência para as políticas de juventude. A população de catadoras e catadores acima de 60 anos na região está próximo de 5%, idade considerada prioritária para as políticas de assistência e previdência social.

Os dados, obtidos com base no Censo Demográfico de 2010, estão na publicação Situação social das catadoras e dos catadores de material reciclável e reutilizável.


 

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