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terça-feira, 13 de agosto de 2013
Sertão paraibano sofre com 2º ano de seca
Paraíba
apresentou queda de 69,3% na produção de grãos e chuvas não são
suficientes para salvar a plantação e recuperar capacidade dos açudes.
Alexsandra Tavares Francisco FrançaDiversos açudes paraibanos estão em situação crítica, com capacidade abaixo de 5% do seu volume total
Fome e sede. Assim podem se resumir as
principais privações enfrentadas pelos sertanejos e pequenos produtores
paraibanos, que já enfrentam dois anos consecutivos de seca (2012/2013).
Do chão tórrido já não brota nem alimentação para o rebanho.
Segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba
(Fetag-PB) 40% dos animais morreram. As perdas na safra do sertanejo
alcançaram 97% no primeiro semestre e até agora não há sinal de chuva
suficiente para salvar mais a plantação. Em Patos, um dos principais
reservatórios que abastece a cidade, o Jatobá, só oferece água
enlameada. Ele e mais 16 açudes paraibanos estão em situação crítica,
com capacidade abaixo de 5% do seu volume total.
No outro reservatório, o Farinha, a situação é menos crítica, mas ele
não tem suporte para atender as comunidades que ficam no seu entorno.
As principais culturas da região de Patos, milho e feijão, foram
dizimadas. Enquanto no Litoral e Brejo, as chuvas apareceram em julho,
dando esperança aos trabalhadores da região de recuperar algumas
culturas, no Sertão, tudo tende a piorar neste segundo semestre.
Para o presidente da Fetag-PB, Liberalino Ferreira, a situação é uma
das piores dos últimos anos. “Há dificuldade até para o carro-pipa
buscar água. Para o sertanejo, só resta agora aguardar o próximo inverno
que começa em janeiro. O principal temor é enfrentar mais um ano de
estiagem. No Brejo e Litoral ainda podem ocorrer chuvas e alguns
produtos podem ser recuperados”, frisou.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Patos,
José Martins Ermínio, pelo menos 700 agricultores que dependem do Jatobá
e do Farinha estão sem ter o que comer e beber por causa da estiagem.
“A produção de milho e feijão dos últimos 2 anos caiu cerca de 85%. A
batata-doce, mais resistente ao solo seco, a queda foi menor, mais ou
menos 70%. Em Patos, o povo produz para o seu sustento, mas com a falta
de chuva muitos estão passando necessidade”, afirmou José Martins.
Os programas assistenciais do governo federal como Bolsa Estiagem e
Bolsa Família são atualmente as principais fontes de renda para milhares
de sertanejos. A água que chega à cidade vem de carro-pipa, que
abastece as cisternas uma vez por mês. “Com essa água o pessoal tem de
economizar para passar os 30 dias”, declarou José Martins.
Até meados do ano, a Paraíba apresentou queda de 69,3% na produção de
grãos plantados no mês de maio quando relacionada à projeção de
fevereiro. Em relação à superfície cultivada no mesmo período, as perdas
são de 57% segundo a pesquisa Mensal de Previsão e Acompanhamento da
Safra Agrícola, do Grupo de Coordenação das Estatísticas Agropecuárias,
divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A seca foi a responsável pela baixa na produção de leguminosas,
oleaginosas e cereais no Estado. Os produtos que tiveram maiores quedas
na produção foram arroz (-96%), algodão (-81%) e milho (-75,9%). Em maio
foram colhidos 76.516 toneladas de grãos e em fevereiro este montante
foi de 249.703 toneladas, o que representa 173.187 toneladas a menos.
RESERVATÓRIOS EM BAIXA REDUZEM 50% DA PESCA
A situação em Patos e também das cidades circunvizinhas não atinge
apenas as famílias de agricultores. Quem vive da pesca está recorrendo a
outros açudes, já que o alimento no Jatobá e no Farinha não é mais
encontrado. O esvaziamento dos reservatórios reduziu a atividade
pesqueira em até 50% na região e prejudica a vida de pelo menos 100
famílias na cidade.
De acordo com secretário da Colônia de Pescadores de Patos Itamar
Targino Ramos, os pescadores da cidade estão desempenhando a atividade
em outros municípios como Piancó, Olho D'Água e Catingueira. “Nos açudes
destes locais ainda encontramos Tilápia, Piau, Curimatã e Tucunaré. No
Jatobá só tem peixe morto, sem oxigênio”, frisou.
Na Colônia de Pescadores pode-se dizer que a situação dos moradores
não é tão crítica porque o local é saneado e, segundo Itamar Targino,
ainda chega água nas torneiras. O problema maior é com a fonte de renda,
que está cada vez mais ameaçada.
Além da estiagem, Itamar Targino disse que os dois principais açudes
estão assoreados. Em maio os pescadores realizaram uma mobilização
chamada “Patos: Pró Água”, numa tentativa de chamar a atenção das
autoridades para a limpeza do Jatobá e Farinha. “Fizeram uma limpeza no
Jatobá, mas precisamos do desassoreamento tanto dele quanto o do
Farinha. Se isso não ocorrer, eles não vão poder armazenar muita água”,
afirmou.
AESA: 17 AÇUDES EM SITUAÇÃO CRÍTICA
A Paraíba conta com 17 açudes em situação crítica segundo a última
pesquisa da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba
(Aesa). Entre eles está o Jatobá, que de todo o seu potencial de
armazenamento (17.516.00 m³) conta apenas com 708.795 m³ de água, ou
seja, 4%. O Farinha está numa situação um pouco melhor, ou seja, é um
dos reservatórios que está em observação e está 20% abaixo do seu
volume total.
Sete açudes paraibanos estão com menos de um por cento de seu volume
total, segundo dados da Aesa. São eles: Serrote, em Monteiro (0,3%);
Ouro Velho, em Ouro Velho (0,6%); Caraibeiras, em Picuí (0,2%); São José
IV, em São José do Sabugi (0%); Bastiana, em Teixeira (0,7%); São
Francisco II, em Teixeira (0,4%) e Várzea, em Várzea (0,4%).
No caso do Farinha, em Patos, dados da Aesa mostram que ele conta com
apenas 6,6% de sua capacidade máxima (25.738.500 m³). Seu volume atual
é de 1.705.400 m³. Os dados são referentes às últimas pesquisas da
Aesa realizadas entre primeiro de junho e primeiro de agosto.
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