ClickPB
Faleceu na noite desta sexta-feira (15) vítima de infarto fulminante, o professor da UFPB e especialista em Geociências, Paulo Rosa. Professor da UPFB, Paulo Rosas foi um importante nome na área de Geociências, com estudos em Ecogeografia, atuando principalmente em análise da paisagem, degradação ambiental, auditoria ambiental e resíduos sólidos. Paulo Rosa era líder do grupo de pesquisa Estudos em vulnerabilidades e desastres.
Era
graduado em Geografia pelo Centro Ensino Unificado de Brasília (1979) e
mestre em Gestão e Políticas Ambientais pela Universidade Federal de
Pernambuco (2001). Atuava nas linhas de pesquisa Geoprocessamento e
identificação de vulnerabilidades; Riscos e mitigação natural. Era líder
do grupo de pesquisa Estudos em vulnerabilidades e desastres.
Paulo
Rosa foi um grande colaborador do ClickPB. Em agosto de 2011 concedeu
entrevista ao jornalista Janildo Silva e fez diversos alertas quanto a
possibilidade de tsunamis atingirem o litoral brasileiro. Na
entrevistas Rosas revelou revelou que em 2007 foi procurado por
pesquisadores ingleses que monitoram a atividade vulcânica na Ilha de La
Palma, no arquipélago das Canárias, onde o vulcão Cumbre Vieja é o
grande motivo de preocupação, já que se entrar em erupção pode provocar
um desmoronamento de grandes proporções no oceano Atlântico, resultado
em ondas que poderiam "viajar" em uma velocidade de até mil quilômetros
por hora (em um ângulo de 360º), atingindo o litoral nordestino, apenas 8
horas após o início da catástrofe.
ENTREVISTA DE 2011
Falta de estrutura para pesquisa é maior problema
"Desde
2007 estamos tentando um convênio entre UFPB, Ministério da Ciência e
Tecnologia, Marinha do Brasil e Governo do Estado, mas até hoje nada
aconteceu", desabafa o professor, que torce para que o governador,
Ricardo Coutinho, busque o governo federal para viabilizar uma estrutura
que possa monitorar as marés.
Rosa alertou ainda que é
necessário que seja criado um plano de evacuação das cidades do litoral
paraibano para que, no caso de um tsunami, vidas humanas não sejam
perdidas. "Imaginemos que esta onda tivesse apenas um metro e a mesma
ocorresse em uma maré 2.8, teríamos uma onda de quase 4 metros de altura
e a maior parte do litoral paraibano não está mais de 3 metros acima do
nível do mar", avaliou.
O problema é que segundo
pesquisas recentes no Reino Unido, as ondas geradas por este desastre
podem passar dos 30 metros, mas sobre estes números Paulo Rosa
desconversa. "Não posso afirmar nada disso sem dispor do equipamento
adequado para que possamos fazer as projeções necessárias. Já houve um
caso de ondas de mais de 30 metros atingindo o Canadá, justamente por um
deslocamento de terra, mas é impossível fazer esta previsão sobre o
Brasil, se não temos a estrutura mínima para os estudos".
Existe proteção?
O
que poderia proteger os brasileiros, mais especialmente os habitantes
do litoral nordestino de uma tragédia dessa magnitude? Segundo o
professor Paulo, a natureza é a grande defesa do nosso litoral, através
dos arrecifes e mangues, mas com a destruição deste ecossistema por
parte da sociedade, que a cada dia ocupa uma faixa de terra mais próxima
do mar, a tendência é que o tsunami não encontrasse nenhuma
resistência, provocando um desastre incalculável.
"Precisamos
preservar os mangues e os arrecifes por diversos motivos e este caso de
uma onda gigante é apenas mais uma das razões", refletiu.
O que é a estrutura adequada?
Segundo
o professor Paulo Rosa, a estrutura adequada para o monitoramento das
marés e demais pesquisas relacionadas a esta área em João Pessoa, em
2007, ficaria por volta de R$ 14 milhões, custo estimado na época em que
se cogitou a assinatura de um convênio. Um valor bastante pequeno, se
considerarmos, por exemplo, os custos da Estação Ciência (obra
arquitetônica localizada em João Pessoa), no Cabo Branco cujo valor
passa dos R$ 47 milhões.
"Seria necessária a construção de
um prédio com uma estrutura moderna e um supercomputador. Além de
estações oceanográficas que seriam espalhadas por todo o litoral",
explicou.
Um navio da Marinha do Brasil ainda seria incluído no projeto, para auxiliar nas pesquisas.
Existe motivo para pânico?
Não
existe motivo para pânico, segundo o professor. Apesar de não se saber
quando ocorrerá esta catástrofe, o ideal é fazer o monitoramento do
oceano e preparar a população para o caso de uma tsunami, com informação
e um plano de evacuação. "Toda uma população tentando deixar o litoral
por uma única BR é algo impraticável", arrematou Paulo Rosa.
O velório será realizado em João Pessoa, na Central de Velórios São João Batista, por volta das 10:30 horas, e o sepultamento no Cemitério da Boa Sentença, às 16:00 horas.
ResponderExcluir