sábado, 16 de junho de 2012

Infarto fulminante mata professor da UFPB Paulo Rosa, especialista em Tsunamis

  
 
Clilson Júnior 
 
Infarto fulminante mata professor da UFPB Paulo Rosa, especialista em TsunamisPaulo Rosa

ClickPB

Faleceu na noite desta sexta-feira (15) vítima de infarto fulminante, o professor da UFPB e especialista em Geociências, Paulo Rosa. Professor da UPFB, Paulo Rosas foi um importante nome na área de Geociências, com estudos em Ecogeografia, atuando principalmente em análise da paisagem, degradação ambiental, auditoria ambiental e resíduos sólidos. Paulo Rosa era líder do grupo de pesquisa Estudos em vulnerabilidades e desastres.

Era graduado em Geografia pelo Centro Ensino Unificado de Brasília (1979) e mestre em Gestão e Políticas Ambientais pela Universidade Federal de Pernambuco (2001). Atuava nas linhas de pesquisa Geoprocessamento e identificação de vulnerabilidades; Riscos e mitigação natural. Era líder do grupo de pesquisa Estudos em vulnerabilidades e desastres.

Paulo Rosa foi um grande colaborador do ClickPB. Em agosto de 2011 concedeu entrevista ao jornalista Janildo Silva e fez diversos alertas quanto a possibilidade de tsunamis atingirem o litoral brasileiro. Na entrevistas Rosas revelou revelou que em 2007 foi procurado por pesquisadores ingleses que monitoram a atividade vulcânica na Ilha de La Palma, no arquipélago das Canárias, onde o vulcão Cumbre Vieja é o grande motivo de preocupação, já que se entrar em erupção pode provocar um desmoronamento de grandes proporções no oceano Atlântico, resultado em ondas que poderiam "viajar" em uma velocidade de até mil quilômetros por hora (em um ângulo de 360º), atingindo o litoral nordestino, apenas 8 horas após o início da catástrofe.

ENTREVISTA DE 2011

Falta de estrutura para pesquisa é maior problema

"Desde 2007 estamos tentando um convênio entre UFPB, Ministério da Ciência e Tecnologia, Marinha do Brasil e Governo do Estado, mas até hoje nada aconteceu", desabafa o professor, que torce para que o governador, Ricardo Coutinho, busque o governo federal para viabilizar uma estrutura que possa monitorar as marés.

Rosa alertou ainda que é necessário que seja criado um plano de evacuação das cidades do litoral paraibano para que, no caso de um tsunami, vidas humanas não sejam perdidas. "Imaginemos que esta onda tivesse apenas um metro e a mesma ocorresse em uma maré 2.8, teríamos uma onda de quase 4 metros de altura e a maior parte do litoral paraibano não está mais de 3 metros acima do nível do mar", avaliou.

O problema é que segundo pesquisas recentes no Reino Unido, as ondas geradas por este desastre podem passar dos 30 metros, mas sobre estes números Paulo Rosa desconversa. "Não posso afirmar nada disso sem dispor do equipamento adequado para que possamos fazer as projeções necessárias. Já houve um caso de ondas de mais de 30 metros atingindo o Canadá, justamente por um deslocamento de terra, mas é impossível fazer esta previsão sobre o Brasil, se não temos a estrutura mínima para os estudos".

Existe proteção?

O que poderia proteger os brasileiros, mais especialmente os habitantes do litoral nordestino de uma tragédia dessa magnitude? Segundo o professor Paulo, a natureza é a grande defesa do nosso litoral, através dos arrecifes e mangues, mas com a destruição deste ecossistema por parte da sociedade, que a cada dia ocupa uma faixa de terra mais próxima do mar, a tendência é que o tsunami não encontrasse nenhuma resistência, provocando um desastre incalculável.

"Precisamos preservar os mangues e os arrecifes por diversos motivos e este caso de uma onda gigante é apenas mais uma das razões", refletiu.

O que é a estrutura adequada?

Segundo o professor Paulo Rosa, a estrutura adequada para o monitoramento das marés e demais pesquisas relacionadas a esta área em João Pessoa, em 2007, ficaria por volta de R$ 14 milhões, custo estimado na época em que se cogitou a assinatura de um convênio. Um valor bastante pequeno, se considerarmos, por exemplo, os custos da Estação Ciência (obra arquitetônica localizada em João Pessoa), no Cabo Branco cujo valor passa dos R$ 47 milhões.

"Seria necessária a construção de um prédio com uma estrutura moderna e um supercomputador. Além de estações oceanográficas que seriam espalhadas por todo o litoral", explicou.

Um navio da Marinha do Brasil ainda seria incluído no projeto, para auxiliar nas pesquisas.

Existe motivo para pânico?

Não existe motivo para pânico, segundo o professor. Apesar de não se saber quando ocorrerá esta catástrofe, o ideal é fazer o monitoramento do oceano e preparar a população para o caso de uma tsunami, com informação e um plano de evacuação. "Toda uma população tentando deixar o litoral por uma única BR é algo impraticável", arrematou Paulo Rosa.



Um comentário:

  1. O velório será realizado em João Pessoa, na Central de Velórios São João Batista, por volta das 10:30 horas, e o sepultamento no Cemitério da Boa Sentença, às 16:00 horas.

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