Retirada da mata, prática de agricultura sem apoio técnico agravaram a situação.
Valéria Sinésio
A falta de educação
ambiental e o desconhecimento técnico de parte da população colocam em
risco as nascentes do Rio Gramame. A bacia é responsável por cerca de
70% do sistema de abastecimento de água doce da Grande João Pessoa (que
compreende a capital, Bayeux, Cabedelo, parte de Santa Rita, e das
cidades de Pedras de Fogo e Conde). Devido à falta de cuidados, as
águas das nascentes estão poluídas e a consequência disso pode ser
drástica.
O professor Hamílcar José Almeida Filgueira, responsável pelo projeto
'Restauração das Nascentes do Rio Gramame', conta que se verificou o
desmatamento indiscriminado no campo, principalmente para o consumo de
lenha e carvão em atividades domésticas e de pequenas indústrias de
forma não sustentável. A retirada de matas ciliares, a prática da
agricultura e da pecuária sem apoio técnico e a expansão da zona urbana
sem planejamento são outros fatores que agravam a situação.
Na avaliação do professor, a falta de educação ambiental e a ausência
de interesse político são os grandes entraves para a preservação das
nascentes dos rios na Paraíba. “Durante a realização do projeto, notamos
que uma das medidas para preservação é cercar o ambiente para evitar a
retirada indevida de mata e a consequente degradação”, frisa. O estudo
foi feito por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Os agricultores das proximidades das nascentes precisariam ser
compensados. Em outras palavras, seria uma espécie de troca: o
agricultor ajuda na preservação e recebe uma compensação financeira. Sem
isso, fica difícil tornar o projeto realidade. “Os agricultores
precisam da área para garantir a sobrevivência da família, não é tão
fácil quanto parece”, afirma Hamílcar. “Quando iniciamos os estudos, o
primeiro questionamento dos agricultores foi sobre como iriam sustentar
suas famílias”, reforça.
O levantamento feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural (Emater) catalogou 72 nascentes ao longo do rio, mas por falta de
verba suficiente, foram escolhidas as mais representativas. Com isso, o
estudo dos pesquisadores da UFPB foi desenvolvido ao longo das nascentes
Cabelão, Cacimba da Rosa, comunidade Nova Aurora e comunidade
Fazendinha. O trabalho também se estendeu à nascente Bela Rosa,
localizada no divisor de águas nas bacias hidrográficas dos rios Gramame
e Paraíba. Todas as nascentes estão no município de Pedras de Fogo.
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