Apaixonado
pelos relatos de meu pai, que também foi um dos funcionários da
importante fábrica, paro para contemplar o seu último tombo. A velha
chaminé que parece lutar para resistir no tempo.
Perdi
as contas de quantas vezes visitei as dependências da massa falida,
aquelas ruínas me faziam imaginar fatos que ouvia em relatos de pessoas
que tiveram ali oportunidades de emprego, quando não a certeza do
sustento de suas famílias.
Mesmo
não sendo contemporâneo dessa época, imaginava contemplando o que ali
acontecia no tempo em que Pombal se voltava para a extração de óleo
vegetal, não obstante sendo a oiticica referência da vida econômica e
social da cidade.
Se
parada no tempo me fazia pensar e relembrar coisas, imagine agora vendo
tudo aquilo ser consumido pela força do progresso, realidade que
machuca como se quisesse resistir. Inútil tentar dizer que não, quando a
força do dinheiro sempre fala mais alto.
Para
ligar o presente ao passado, resta ainda a velha chaminé que com sua
forma majestosa parece não querer se curvar evitando assim que apaguem o
último capítulo dessa história.
Ainda
posso avistá-la, mas até quando poderei contemplar a estrutura que
passei a amar e admirar pelo som estridente anunciando as horas que
passavam. Talvez tenha sido algoz do seu próprio destino ao tocar sua
sirene pela ultima vez.
Gostaria
de ter duas almas, como esses dois caminhos que existem dentro de mim
um chamado saudade e o outro lembrança de tudo que ficou para traz.
Em
minha memória os relatos de meu pai e no meu computador os registros
fotográficos para que possa se perpetuar para os meus netos o que foi um
dia a velha Brasil Oiticica, um símbolo de luta em comunidade através
do convívio social surgido.
Peço
como última quimera: não derrubem a chaminé, imagem imponente na
paisagem que brilha como um majestoso semblante símbolo de um tempo que
não volta mais, mas que deixou saudades. É o testemunho fiel de nossa
história.
Preservem pelo menos esta identidade.
Para lembrar as gerações futuras que a Brasil Oiticica, foi a primeira grande indústria e até agora a única de Pombal.
Para lembrar as gerações futuras que a Brasil Oiticica, foi a primeira grande indústria e até agora a única de Pombal.
E
assim a vida tece, fio a fio, o novelo do controle do imaginário de um
povo que mais uma vez não quer perder para o dinheiro a sua identidade.
Assim como a velha chaminé... resiste!
Assim como a velha chaminé... resiste!
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