sábado, 2 de junho de 2012

As ruínas da velha Brasil Oiticica já sumiram, mas a velha chaminé parece lutar para resistir no tempo

16:42  POMBAL  

Apaixonado pelos relatos de meu pai, que também foi um dos funcionários da importante fábrica, paro para contemplar o seu último tombo. A velha chaminé que parece lutar para resistir no tempo.


Perdi as contas de quantas vezes visitei as dependências da massa falida, aquelas ruínas me faziam imaginar fatos que ouvia em relatos de pessoas que tiveram ali oportunidades de emprego, quando não a certeza do sustento de suas famílias.


Mesmo não sendo contemporâneo dessa época, imaginava contemplando o que ali acontecia no tempo em que Pombal se voltava para a extração de óleo vegetal, não obstante sendo a oiticica referência da vida econômica e social da cidade.


Se parada no tempo me fazia pensar e relembrar coisas, imagine agora vendo tudo aquilo ser consumido pela força do progresso, realidade que machuca como se quisesse resistir. Inútil tentar dizer que não, quando a força do dinheiro sempre fala mais alto.


Para ligar o presente ao passado, resta ainda a velha chaminé que com sua forma majestosa parece não querer se curvar evitando assim que apaguem o último capítulo dessa história.

Ainda posso avistá-la, mas até quando poderei contemplar a estrutura que passei a amar e admirar pelo som estridente anunciando as horas que passavam.  Talvez tenha sido algoz do seu próprio destino ao tocar sua sirene pela ultima vez.


Gostaria de ter duas almas, como esses dois caminhos que existem dentro de mim um chamado saudade e o outro lembrança de tudo que ficou para traz.

Em minha memória os relatos de meu pai e no meu computador os registros fotográficos para que possa se perpetuar para os meus netos o que foi um dia a velha Brasil Oiticica, um símbolo de luta em comunidade através do convívio social surgido.


Peço como última quimera: não derrubem a chaminé, imagem imponente na paisagem que brilha como um majestoso semblante símbolo de um tempo que não volta mais, mas que deixou saudades. É o testemunho fiel de nossa história.


Preservem pelo menos esta identidade.  

Para lembrar as gerações futuras que a Brasil Oiticica, foi a primeira grande indústria e até agora a única de Pombal.



E assim a vida tece, fio a fio, o novelo do controle do imaginário de um povo que mais uma vez não quer perder  para o dinheiro a sua identidade.

Assim como a velha chaminé... resiste!


 

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