Duzentos e trinta e um
hectares de área e aproximadamente 6.500 edificações, além de ruas,
praças e parques compõem o Centro Histórico da capital. João Pessoa foi
uma das primeiras cidades fundadas no Brasil e conserva até hoje um rico
patrimônio cultural.
Ao passear pelo Centro é impossível não reparar na arquitetura
colonial que ganhou contribuições de estilos modernos ao longo dos
últimos quatro séculos, mas ainda preserva os traços da época. A Igreja
de São Francisco é um dos prédios que compõem o cenário e faz parte do
roteiro de qualquer turista que passa pela capital.
Apesar da riqueza desse patrimônio, o abandono tornou-se inerente à
paisagem. A contradição marca a região: De um lado edificações
imponentes e do outro imóveis com estrutura precária. Alguns prédios
tiveram que ser interditados por causa do risco de desabamento e a
população é quem mais sofre com a possível perda.
Preservar a memória local da cidade é uma forma de guardar um dos
tesouros mais importantes da história e foi pensando nisto que um grupo
de 13 pessoas se reuniu com um objetivo: Conservar o Patrimônio
Histórico paraibano. A marketeira e antiquária Juliana Freire teve a
ideia de criar o movimento e resolveu convidar alguns amigos que
simpatizaram com a causa. "A gente quer alertar a sociedade para a
importância do Centro Histórico e cobrar dos órgãos responsáveis os
devidos cuidados”, ressaltou Juliana.
O movimento ganhou o nome de S.O.S. Patrimônio Histórico PB e
pretende se expandir para todo o estado. “Qualquer pessoa pode mandar
sugestões e participar da causa. É um projeto que deve ser abraçado pela
sociedade”, explicou a ativista.
Formado há pouco tempo, o movimento realizou na última quinta-feira
(27) a sua primeira ação: Um ato público, no Pavilhão do Chá, que contou
com a presença dos candidatos a prefeito da capital e seus
representantes. Na ocasião, foi assinada uma carta compromisso na qual
foi firmado um acordo entre o futuro gestor e a sociedade. Uma das
cláusulas do documento trata da realização de campanhas educativas de
incentivo e valorização do Patrimônio Histórico, além da restauração e
conservação de toda a área, dentro dos parâmetros de originalidade das
edificações de época, tombadas pelo IPHAN.
Para o próximo mês, o S.O.S. Patrimônio Histórico PB já está
preparando o Seminário de Planejamento Estratégico, que irá discutir
quais os melhores mecanismos públicos para revitalizar a área. As ações
são gratuitas e abertas ao público.
Além dos turistas e visitantes, é importante também atrair moradores
para a região que foi esquecida com o passar dos anos. Para o
historiador, Arion Farias, o primeiro passo para revitalizar o Centro
Histórico é reabitá-lo. “É necessário criar um ambiente que possa ser
povoado e incentivar o comércio no local para que a população tenha
moradia digna”, destacou Arion.