Seca e degradação do homem podem fazer desaparecer curso das águas de um dos mais importantes rios nos próximos anos.
Isabela Alencar
A pesca já não é a mesma há alguns meses para o morador de Barra de Santana, no Cariri paraibano, Antônio Salomão, 44 anos, desde que a seca começou a interferir no Rio Paraíba.
Assim como ele, paraibanos que dependem do rio para o abastecimento
de casa e no trabalho estão preocupados com a situação da torrente, que
possui 300km de extensão. De acordo com ambientalistas, a seca não é
único problema que afeta o curso de água, mas também a própria ação do
homem, através da degradação das matas ciliares. Eles informaram que sem
proteção o rio pode desaparecer nos próximos 40 anos.
Na comunidade Paraibinha, localizada em Barra de Santana, cortada
pelo Rio Paraíba (que se inicia no município de Monteiro), os moradores
já sentem os efeitos da seca deste ano, que segundo ambientalistas, é a
mais preocupante dos últimos 50 anos.
Dependente da agricultura para sobreviver, José Bezerra, 32 anos,
contou que passou a trabalhar com outras atividades para conseguir
sustentar sua família. “Eu estou fazendo 'bicos' na cidade porque não
tenho como plantar sem água”, lamentou.
Segundo o deputado estadual Frei Anastácio, um dos criadores do Fórum
em Defesa do Rio Paraíba, em muitos pontos de sua extensão, o rio já
secou. O deputado confirmou que um dos problemas enfrentados pelos rios é
a própria evaporação, causada pelo sol e ventos mais fortes e que este
ano estão ainda mais intensivos por causa da seca. “Em alguns trechos,
como de Salgado de São Félix, até a desembocadura do rio, em cidades
como Rio Tinto e Mamanguape, existe a escassez da água, o que está
afetando completamente a vida dos ribeirinhos, que não podem plantar
porque não têm como irrigar suas plantações”, informou.
Em Barra de Santana a situação é a mesma. Debaixo da ponte sobre o
Rio Paraíba, com 164 metros de extensão, não há nada em vista, a não ser
pedras e areia, que antes ficavam no fundo do rio. A vaqueira Maria do
Socorro Vieira, 40 anos, sente em casa os efeitos da seca. Para todos os
serviços de casa ela depende da água do rio e, agora, está enfrentando a
distância de mais de um quilômetro para pegar alguns litros de água na
zona urbana.
“Quase todos os dias é assim: as louças sujas na pia, as roupas para
lavar e o banho improvisado”, lamentou Socorro, afirmando que os animais
também sofrem com os efeitos do clima, chegando até a morrer de sede.
Sem outra saída, o gado está sendo colocado para pastar dentro da
torrente seca, onde ainda restam poucas poças de água.
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