quarta-feira, 22 de maio de 2013

Bióloga alerta para o alto índice de mortes de tartarugas na Paraíba

Às vésperas do Dia Internacional da Biodiversidade, foi registrada a 80ª morte de tartaruga no litoral paraibano. O número corresponde a cerca de 10% do total registrado nos últimos 11 anos. Todas as espécies brasileiras de tartarugas marinhas estão ameaçadas de extinção

Ciência e Tecnologia | Em 22/05/2013 às 18h06, atualizado em 22/05/2013 às 18h16 | Por Amanda Gabriel


As tartarugas marinhas correm o risco de ser extintas
As tartarugas marinhas correm o risco de ser extintas
Uma tartaruga marinha foi encontrada morta nas areias da praia do Cabo Branco, na última terça-feira (21). O animal apresentava ferimentos e sua cabeça estava desligada do corpo. O episódio aconteceu às vésperas do Dia Internacional da Biodiversidade, comemorado nesta quarta (22), e este foi o 80° registro de morte de tartarugas por causas não naturais no litoral paraibano.
 
Conforme a fundadora e coordenadora da Associação Guariju (ONG de proteção as tartarugas marinhas), Rita Mascarenhas, os dados mostram que, em cinco meses, o estado alcançou a marca de 10% das mortes de tartarugas registradas nos últimos 11 anos. “A situação é preocupante. Só este ano já registramos a morte de 80 animais e, durante os 11 anos de funcionamento da ONG, morreram 800”, relata a bióloga. 
 
A ameaça a espécie, no entanto, não se restringe apenas ao litoral paraibano. Segundo dados do Instituto Chico Mendes, autarquia responsável pela proteção, fiscalização e monitoramento da biodiversidade nacional, as cinco espécies brasileiras de tartarugas marinhas correm o risco de ser extintas.  As mais ameaçadas são as que desovam no litoral e, por este motivo, estão mais expostas à intervenção humana, são elas: tartaruga cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga de couro (Dermochelys coriacea). 
 
Já a tartaruga verde (Chelonia mydas) está menos exposta, pois desova principalmente nas ilhas oceânicas (Atol das Rocas, Fernando de Noronha e Trindade), onde a ação predatória do homem é mais controlada, o que contribui para a estabilidade da sua população. 
 
Todavia, além da destruição do habitat destes répteis para a desova – provocada pela intervenção do homem e ocupação indevida do litoral – outros fatores contribuem para o aumento exacerbado de mortes de tartarugas marinhas. A bióloga Rita Mascarenhas destaca a poluição dos oceanos, a pesca incidental com redes de espera como os principais algozes da espécie. “Todas as tartarugas que encontramos mortas nas areias da praia apresentavam marcas de redes em seu corpo ou então verificávamos a presença de plástico em seus estômagos”, lamenta.
Proteção
Há 11 anos a Associação Guajiru realiza um trabalho voluntário de preservação de tartarugas marinhas que desovam nas praias do Bessa e Intermares. Com o lema “Ciência, Educação e Meio Ambiente”, a ONG ajuda a cuidar dos ninhos de tartaruga – desde o momento em que as fêmeas desovam até o dia do nascimento dos filhotes. Além disso, os voluntários promovem a realização de palestras, oficinas e ações ambientais de conscientização sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar a morte de tartarugas marinhas.
 
Nesta quarta-feira (22), a Associação Guajiru celebrou o Dia Internacional da Biodiversidade com o nascimento de 61 tartarugas. A desova foi feita há 55 dias, em um dos ninhos protegidos pela ONG na praia de Intermares. A coordenadora do projeto comentou o acontecimento e disse que são fatos como este que motivam o trabalho da Guajiru. “Acompanhamos todo o processo e a emoção de ver novos animais nascendo e amor as tartarugas é o que move o nosso trabalho. É muito gratificante verificar a interação entre os seres, isso nutre as nossas esperanças de que a vida está sendo preservada”, revela.


 

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