Às
vésperas do Dia Internacional da Biodiversidade, foi registrada a 80ª
morte de tartaruga no litoral paraibano. O número corresponde a cerca de
10% do total registrado nos últimos 11 anos. Todas as espécies
brasileiras de tartarugas marinhas estão ameaçadas de extinção
As tartarugas marinhas correm o risco de ser extintas |
Conforme a fundadora e coordenadora da
Associação Guariju (ONG de proteção as tartarugas marinhas), Rita
Mascarenhas, os dados mostram que, em cinco meses, o estado alcançou a
marca de 10% das mortes de tartarugas registradas nos últimos 11 anos.
“A situação é preocupante. Só este ano já registramos a morte de 80
animais e, durante os 11 anos de funcionamento da ONG, morreram 800”,
relata a bióloga.
A ameaça a espécie, no entanto, não se
restringe apenas ao litoral paraibano. Segundo dados do Instituto Chico
Mendes, autarquia responsável pela proteção, fiscalização e
monitoramento da biodiversidade nacional, as cinco espécies brasileiras
de tartarugas marinhas correm o risco de ser extintas. As mais
ameaçadas são as que desovam no litoral e, por este motivo, estão mais
expostas à intervenção humana, são elas: tartaruga cabeçuda (Caretta
caretta), tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga oliva
(Lepidochelys olivacea) e tartaruga de couro (Dermochelys coriacea).
Já
a tartaruga verde (Chelonia mydas) está menos exposta, pois desova
principalmente nas ilhas oceânicas (Atol das Rocas, Fernando de Noronha e
Trindade), onde a ação predatória do homem é mais controlada, o que
contribui para a estabilidade da sua população.
Todavia, além da
destruição do habitat destes répteis para a desova – provocada pela
intervenção do homem e ocupação indevida do litoral – outros fatores
contribuem para o aumento exacerbado de mortes de tartarugas marinhas. A
bióloga Rita Mascarenhas destaca a poluição dos oceanos, a pesca
incidental com redes de espera como os principais algozes da espécie.
“Todas as tartarugas que encontramos mortas nas areias da praia
apresentavam marcas de redes em seu corpo ou então verificávamos a
presença de plástico em seus estômagos”, lamenta.
Proteção
Há
11 anos a Associação Guajiru realiza um trabalho voluntário de
preservação de tartarugas marinhas que desovam nas praias do Bessa e
Intermares. Com o lema “Ciência, Educação e Meio Ambiente”, a ONG ajuda a
cuidar dos ninhos de tartaruga – desde o momento em que as fêmeas
desovam até o dia do nascimento dos filhotes. Além disso, os voluntários
promovem a realização de palestras, oficinas e ações ambientais de
conscientização sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar a
morte de tartarugas marinhas.
Nesta quarta-feira (22), a
Associação Guajiru celebrou o Dia Internacional da Biodiversidade com o
nascimento de 61 tartarugas. A desova foi feita há 55 dias, em um dos
ninhos protegidos pela ONG na praia de Intermares. A coordenadora do
projeto comentou o acontecimento e disse que são fatos como este que
motivam o trabalho da Guajiru. “Acompanhamos todo o processo e a emoção
de ver novos animais nascendo e amor as tartarugas é o que move o nosso
trabalho. É muito gratificante verificar a interação entre os seres,
isso nutre as nossas esperanças de que a vida está sendo preservada”,
revela.
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