terça-feira, 14 de maio de 2013

Consequências da estiagem podem durar anos

Recuperação do que foi perdido não acontece de um dia para o outro, alerta pesquisador da Embrapa.



Francisco França
O pesquisador Pedro Gama, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), disse que as consequências da seca podem perdurar por muito tempo depois, pois após o período da seca chegará a vez dos agricultores e criadores tentarem recuperar o que foi perdido, o que nem sempre é possível. “Isso geralmente leva anos. Ninguém consegue repor o rebanho de um mês para o outro”, afirmou o pesquisador.
 
No Semiárido nordestino, conforme Gama, a produção de leite foi reduzida a 1/3 do que era obtido antes, o que representa uma queda brusca na renda de centenas de famílias. Houve redução também no efetivo bovino. “Isso se deu não apenas pela morte dos animais, como também pelo abate”, explicou.
 
“Podemos dizer que houve uma sangria muito forte desse rebanho”, completou. Segundo ele, a categoria mais afetada foi a de bovinos, seguida dos ovinos e, em menor proporção, a de caprinos.
 
O pesquisador também apontou a morte das pastagens como outro problema sério, que leva tempo para ser recuperado. “Em muitos campos a pastagem precisa ser completamente reimplantada”, disse. “As consequências da seca variam dependendo de quem a observa. O meteorologista e o homem do campo têm conceitos distintos sobre a estiagem, porque cada qual a analisa conforme sua realidade”, explicou.
 
De acordo com Gama, o grande problema da seca no Nordeste é a falta de investimento permanente. “Se o Nordeste tivesse programas consistentes de convivência com a seca, o impacto não seria tão forte. Seria preciso a implantação de programas de apoio a atividades produtivas, a exemplo da agricultura irrigada, que de certa forma apresentou êxito”, comentou.
 
Iniciativas como o Bolsa Família e abastecimento por carros-pipa são, segundo o pesquisador, medidas emergenciais que não resolvem, apenas amenizam a situação das famílias que sentem os efeitos da seca. “Também é necessário o investimento hídrico e novas pesquisas para buscar novas alternativas econômicas”, considerou. “O mais indicado seria uma combinação de fatores, e não medidas isoladas”, disse.

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