Conheci Robson Marques no Ginásio 10 de Julho, dirigido na época pelo
Prof. Virgílio Pinto de Aragão, conhecido na cidade como Professor
Sinhozinho, ícone dos educadores de Sousa.
O colégio era modelo de ensino para o Sertão Paraibano, pela qualificação dos seus mestres e o rigor administrativo que a direção impunha. Robson e seu irmão Roosevelt haviam chegado recentemente da Fazenda Jangada, na região oeste de Sousa, próximo ao Sitio que hoje abriga o hoje chamado Sousa Vale Dos Dinossauros. Robson, logo ganhou a simpatia dos colegas e do colégio, pela largueza dos seus gestos, pela presteza do seu espírito e, sobretudo pela sua participação na vida esportiva e cultural do colégio.
Nas quadras de futebol de salão, hoje futsal, era destaque e referência. Atacante rápido, com dribles curtos e desconcertantes, chute forte e com trajeto definido. Tornou-se logo ídolo e projetou-se para o futebol de campo. Defendeu vários clubes da nossa cidade, principalmente a sociedade esportiva Sousa, tornando-se o seu principal goleador. O seu lado de craque de futebol, porém, jamais ofuscou a sua atração pelas letras, outra paixão onde transita com reconhecimento. Leitor voraz, contista, poeta, ensaísta, escreveu o cotidiano de sua terra e sua gente.
Robson
poderia ter se consagrado fora de Sousa e da Paraíba, naquilo que fazia
com perfeição, jogar futebol e escrever. Todavia o seu amor a terra
jamais permitiu ousar, criar asas e voar em outros espaços. Robson é
arraigado às raízes do solo onde nasceu, para ele, o importante é Sousa e
seu povo.
Como pensava Fernando Pessoa, que dizia: "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.”.
Robson
é assim, o que não é Sousa, não existe ou não tem importância, ele teve
o mundo a seus pés e mãos, contudo, deu uma guinada em sua vida.
Nos
idos de 1970, seguiu o Padre antropólogo, arqueólogo e paleontólogo
italiano, Guiseppe Leonardi, nas suas pesquisas sobre a vida dos
dinossauros na terra e em especial na Jangada e em todo o Vale do Rio do
Peixe.
Como discípulo fiel, praticamente abandonou os amigos, a família, a vida, para dedicar-se exclusivamente à pesquisa. Procurou indícios e provas que demonstrassem a presença de várias famílias e espécies de dinossauros na Bacia do Rio do Peixe. Escavou em terras da Serra do Pimenta, da Ilha e leito do rio e de seus afluentes. Encontrava pegadas e sinais e catalogava-os como se fosse reescrever a História da Terra e da Humanidade.
O
zelo e a sua dedicação a esta causa, fizeram-no símbolo do Vale dos
Dinossauros, o reconhecimento veio em forma de vários artigos, escritos
por jornalistas e intelectuais a seu respeito. Depois, muito depois,
veio a edificação do Vale Dos Dinossauros,
às margens da Rodovia Sousa/Uiraúna, projeto este que transformou nossa
cidade num centro de turismo científico, que em breve sediara o Museu
de Paleontologia. E Robson, onde estava? LÁ, orientando, ajudando com
sua cultura sobre o período jurássico, arquitetando fórmulas e montando
réplicas, enfim, participando de maneira inigualável da formatação do
hoje, Vale dos Dinossauros.
Sousa
passou a ser conhecida como a cidade dos dinossauros, a cidade Sorriso,
passou a usar nomes desconhecidos até então por sua gente, Troodom,
nome de requintado hotel, Pousada dos Dinossauros, também é hotel. Dino é
motel, Casa de shows Rockssauro e papelaria é Papirossauro. Toda esta
historia começou com o italiano Leonardi e com o sertanejo Robson
Marques. E o que fizeram com a
abnegação, trabalho e a história de Robson? Agora que o projeto deu
certo, o Museu de Paleontologia é só questão de tempo, afastaram-no do
Projeto daqui para frente. Desrespeitaram a sua dedicação,
desqualificaram seu trabalho, desconheceram seu amor, e esqueceram sua
história.
Quem
praticou ato tão desrespeitoso e desumano? Talvez os incompetentes, por
desconhecerem Sousa e seu povo. Talvez os ignorantes, por não terem
compromisso com a cultura e a ciência. talvez anônimos acovardados,
escondidos atrás de siglas, Sudema, Meio ambiente, org, gov, ponto
com.br.
Se não querem assumir o erro assumam a correção. Tragam Robson de volta, devolvam-lhe o que usurparam de forma cruel e abrupta. Devolvam-lhe a autoestima, o trabalho e o amor a vida. Sim, porque sem o Vale dos Dinossauros ele perde o sonho, o rumo da historia e a vontade de existir.
A História e o povo de Sousa vão consagrá-lo.
Neste
momento o povo clama pelo retorno dele, querem a volta do ermitão do
Vale, do homem que sozinho segurou com seu ideal este sitio arqueológico
nos momentos que todos o abandonaram, devolvam sua casa e sua vida. “A
César o que é de César, a Cristo o que é de Cristo, a Robson o que é de
Robson".
Façam Justiça!
Dr. Reanato Benevides Gadelha
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