domingo, 26 de maio de 2013

Injustiça na Terra dos Dinossauros...

Conheci Robson Marques no Ginásio 10 de Julho, dirigido na época pelo Prof. Virgílio Pinto de Aragão, conhecido na cidade como Professor Sinhozinho, ícone dos educadores de Sousa. 

O colégio era modelo de ensino para o Sertão Paraibano, pela qualificação dos seus mestres e o rigor administrativo que a direção impunha. Robson e seu irmão Roosevelt haviam chegado recentemente da Fazenda Jangada, na região oeste de Sousa, próximo ao Sitio que hoje abriga o hoje chamado Sousa Vale Dos Dinossauros. Robson, logo ganhou a simpatia dos colegas e do colégio, pela largueza dos seus gestos, pela presteza do seu espírito e, sobretudo pela sua participação na vida esportiva e cultural do colégio.

Nas quadras de futebol de salão, hoje futsal, era destaque e referência. Atacante rápido, com dribles curtos e desconcertantes, chute forte e com trajeto definido. Tornou-se logo ídolo e projetou-se para o futebol de campo. Defendeu vários clubes da nossa cidade, principalmente a sociedade esportiva Sousa, tornando-se o seu principal goleador. O seu lado de craque de futebol, porém, jamais ofuscou a sua atração pelas letras, outra paixão onde transita com reconhecimento. Leitor voraz, contista, poeta, ensaísta, escreveu o cotidiano de sua terra e sua gente.

Robson poderia ter se consagrado fora de Sousa e da Paraíba, naquilo que fazia com perfeição, jogar futebol e escrever. Todavia o seu amor a terra jamais permitiu ousar, criar asas e voar em outros espaços. Robson é arraigado às raízes do solo onde nasceu, para ele, o importante é Sousa e seu povo. 

Como pensava Fernando Pessoa, que dizia: "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.”.

Robson é assim, o que não é Sousa, não existe ou não tem importância, ele teve o mundo a seus pés e mãos, contudo, deu uma guinada em sua vida.
   
Nos idos de 1970, seguiu o Padre antropólogo, arqueólogo e paleontólogo italiano, Guiseppe Leonardi, nas suas pesquisas sobre a vida dos dinossauros na terra e em especial na Jangada e em todo o Vale do Rio do Peixe.
 
Como discípulo fiel, praticamente abandonou os amigos, a família, a vida, para dedicar-se exclusivamente à pesquisa. Procurou indícios e provas que demonstrassem a presença de várias famílias e espécies de dinossauros na Bacia do Rio do Peixe. Escavou em terras da Serra do Pimenta, da Ilha e leito do rio e de seus afluentes. Encontrava pegadas e sinais e catalogava-os como se fosse reescrever a História da Terra e da Humanidade.
 
O zelo e a sua dedicação a esta causa, fizeram-no símbolo do Vale dos Dinossauros, o reconhecimento veio em forma de vários artigos, escritos por jornalistas e intelectuais a seu respeito. Depois, muito depois, veio a edificação do Vale Dos Dinossauros, às margens da Rodovia Sousa/Uiraúna, projeto este que transformou nossa cidade num centro de turismo científico, que em breve sediara o Museu de Paleontologia. E Robson, onde estava? LÁ, orientando, ajudando com sua cultura sobre o período jurássico, arquitetando fórmulas e montando réplicas, enfim, participando de maneira inigualável da formatação do hoje, Vale dos Dinossauros.

Sousa passou a ser conhecida como a cidade dos dinossauros, a cidade Sorriso, passou a usar nomes desconhecidos até então por sua gente, Troodom, nome de requintado hotel, Pousada dos Dinossauros, também é hotel. Dino é motel, Casa de shows Rockssauro e papelaria é Papirossauro. Toda esta historia começou com o italiano Leonardi e com o sertanejo Robson Marques. E o que fizeram com a abnegação, trabalho e a história de Robson? Agora que o projeto deu certo, o Museu de Paleontologia é só questão de tempo, afastaram-no do Projeto daqui para frente. Desrespeitaram a sua dedicação, desqualificaram seu trabalho, desconheceram seu amor, e esqueceram sua história.

Quem praticou ato tão desrespeitoso e desumano? Talvez os incompetentes, por desconhecerem Sousa e seu povo. Talvez os ignorantes, por não terem compromisso com a cultura e a ciência. talvez anônimos acovardados, escondidos atrás de siglas, Sudema, Meio ambiente, org, gov, ponto com.br.

Se não querem assumir o erro assumam a correção. Tragam Robson de volta, devolvam-lhe o que usurparam de forma cruel e abrupta. Devolvam-lhe a autoestima, o trabalho e o amor a vida. Sim, porque sem o Vale dos Dinossauros ele perde o sonho, o rumo da historia e a vontade de existir.
  
A História e o povo de Sousa vão consagrá-lo.

Neste momento o povo clama pelo retorno dele, querem a volta do ermitão do Vale, do homem que sozinho segurou com seu ideal este sitio arqueológico nos momentos que todos o abandonaram, devolvam sua casa e sua vida. “A César o que é de César, a Cristo o que é de Cristo, a Robson o que é de Robson".
 
Façam Justiça!

Dr. Reanato Benevides Gadelha 



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