terça-feira, 7 de maio de 2013

Mais de 200 tartarugas marinhas nascem na orla de Intermares

Com estes, sobe para sete mil a quantidade de nascimentos ocorridos na orla do município, desde setembro do ano passado.



   




Kleide Teixeira
Mais de 200 tartarugas nasceram nesta segunda-feira

Duzentas e sete tartarugas marinhas, da espécie “tartaruga de pente”, nasceram na tarde desta segunda-feira (6) na praia de Intermares, em Cabedelo. Ameaçados de extinção, os animais vieram ao mundo com ajuda de voluntários da Organização Não Governamental (ONG) Guajiru, que fizeram um procedimento chamado de “cesariana de areia”. Os ambientalistas retiraram as tartarugas dos ovos e as conduziram ao mar.

Com estes, sobe para sete mil a quantidade de nascimentos ocorridos na orla do município, desde setembro do ano passado. No local, existiam 134 ninhos catalogados. Em 52 destes ainda há ovos, que não eclodiram. A previsão é que outras cinco mil nasçam até o final do próximo mês.

Apesar do número elevado de nascimentos, apenas uma minoria dos animais vai sobreviver até a fase adulta. Segundo a bióloga e presidente da ONG, Rita Mascarenhas, a maioria das tartarugas marinhas termina sendo devorada no mar ou morrendo, após ser presa por redes de pesca. “De cada mil, apenas uma consegue chegar à fase adulta. As tartarugas servem de alimentação para todos os animais que são maiores do que elas. Por isso que os filhotes tentam ficar escondidos até completarem 30 anos de idade, quando voltam à orla, para colocar novos ovos na areia. Uma tartaruga vive por até 100 anos”, conta.

A bióloga explicou que as tartarugas nascem 55 dias após os ovos serem enterrados na praia. A “cesariana de areia” precisou ser feita para evitar a mortalidade dos filhotes. “Se o nascimento ocorrer naturalmente e à noite, há o risco das tartarugas migrarem em direção às ruas, onde morrem atropeladas. Por isso é que aceleramos esse processo, durante o dia”, declarou.

Além da fauna marinha e dos atropelamentos, as tartarugas também enfrentam os riscos impostos pela ação humana. Na mesma praia, onde nasceram 207 filhotes, estava o corpo de uma animal adulto da mesma espécie, que apareceu na manhã de ontem. Ele estava com ferimentos no casco, que sugerem que o óbito ocorreu por redes de pescaria. De acordo com Rita, outra causa de mortalidade é a presença de plásticos no mar, que são consumidos pelas tartarugas, ao confundi-los com a vegetação. 






Indignação
Para a turista paulista Roseanne Rezende, a falta de cuidados com as tartarugas é motivo de tristeza e indignação. “É horrível a gente caminhar pela praia e se deparar com o corpo de uma tartaruga gigante morta. A gente sabe que a espécie já sofre com a extinção e que a maioria não sobrevive no mar. Mas é revoltante ver que muitas morrem também por causa da ação humana”, afirmou.
 
Segundo uma moradora, que não quis se identificar, as mortes de filhotes de tartarugas são cenas comuns na praia de Intermares. “Muitos ficam presos e vêm juntos com peixes, quando os pescadores tiram as redes do mar”, conta.
 
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou manter contato com a Prefeitura de Cabedelo, para saber quais ações são executadas em prol da preservação das tartarugas, mas não obteve êxito. Ligações telefônicas foram feitas para a Secretaria de Comunicação do órgão, mas nenhuma chamada foi atendida.
 


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