10/05/2013 14h08
- Atualizado em
10/05/2013 16h08
Rita Mascarenhas acolheu Fininho e o considera um filho.
Garoto foi alfabetizado e precisava estudar em troca de pranchas e abrigo.
Rita Mascarenhas adotou Fininho, hoje campeão de surfe amador (Foto: Lucas Barros/Globoesporte.com) |
Uma bióloga goiana teve a oportunidade de tirar um menino das ruas e
acompanhar seu crescimento e vitórias na Paraíba. Rita Mascarenhas
ofereceu estudo, disponibilizou sua casa e adotou José Francisco,
conhecido como Fininho, como seu filho de coração. Mas o que ela não
imaginava era que, com todo esse incentivo, o menino iria se tornar um
campeão de surfe amador.
Em 2012, Fininho foi campeão nordestino de surfe amador e ficou em
terceiro lugar no ranking brasileiro. Hoje, aos 18 anos, ele representa o
Brasil no Campeonato Mundial de Surfe Amador, que acontece no Panamá.
Na segunda-feira (6), ele ficou em segundo lugar, com 9.50 pontos, na
11ª bateria, e passou para a terceira fase do torneio marcando presença
do grupo de elite.
Mas quem pensa que o caminho até a vitória foi fácil, está enganado. Fininho morava nas ruas de Cabedelo, na Grande João Pessoa, e, aos 8 anos, pedia comida em frente a uma padaria. “Ele tem pai e mãe, mas ele não podia voltar para casa porque era recebido com surras e o pai dele, viciado em crack, não o deixava ir para a escola“, relatou Rita.
Mas quem pensa que o caminho até a vitória foi fácil, está enganado. Fininho morava nas ruas de Cabedelo, na Grande João Pessoa, e, aos 8 anos, pedia comida em frente a uma padaria. “Ele tem pai e mãe, mas ele não podia voltar para casa porque era recebido com surras e o pai dele, viciado em crack, não o deixava ir para a escola“, relatou Rita.
Imagem de 2005 mostra Fininho no Mar do Macaco, praia com ondas ideais para o surfe, aos 10 anos (Foto: Divulgação PBSurf) |
Fininho e outras crianças eram acolhidas por Valdi Silva no Bar do
Surfista, bar do qual ele é proprietário, no bairro de Intermares. Ele
oferecia comida e pranchas de surfe para os meninos de rua e
disponibilizava um quartinho no bar para que Fininho e outro garoto,
Thiago Lucas, morassem. Quando Rita conheceu Valdi e o Bar do Surfista,
aderiu ao projeto e impôs uma condição para que as crianças ganhassem as
pranchas e aprendessem a surfar: o estudo.
“Quem não quisesse estudar, a gente não apoiava. O irmão de Fininho, que tem hoje 17 anos, não quis estudar e hoje é procurado pela polícia”, explicou Rita. No bar, foi fundada a ONG Guajiru, que tinha projetos de proteção de tartarugas marinhas, além da escola de surfe e alfabetização. Doze crianças foram alfabetizadas na época, inclusive Fininho, aos 9 anos.
“Quem não quisesse estudar, a gente não apoiava. O irmão de Fininho, que tem hoje 17 anos, não quis estudar e hoje é procurado pela polícia”, explicou Rita. No bar, foi fundada a ONG Guajiru, que tinha projetos de proteção de tartarugas marinhas, além da escola de surfe e alfabetização. Doze crianças foram alfabetizadas na época, inclusive Fininho, aos 9 anos.
Fininho foi convocado para disputar o Mundial de Surfe Amador, no Panamá (Foto: Lucas Barros/Globoesporte.com) |
Alguns anos depois, os meninos tiveram que deixar de morar no quartinho
do bar. Thiago, que tinha uma família mais estruturada, foi viver com
uma tia. Fininho, por sua vez, foi acolhido por Rita. “Meu filho
biológico veio me dizer que ele não tinha para onde ir e então o chamei.
Ele tem o quarto dele, participa de todos os eventos de família, é como
se fosse meu filho. E não é só para mim. Todos os meus parentes, minha
sogra, o tratam com um integrante da família”, comentou a bióloga, que
não adotou o garoto formalmente.
Ao lado de Rita, Fininho comemora título (Foto: Sérgio Aguiar/Divulgação PBSurf) |
“Fininho sempre foi um menino muito bom, obediente, ávido por aprender.
Sempre teve notas boas e lê melhor que a maioria. Até hoje ele
surpreende”, disse Rita, com ares de mãe coruja. Ela contou que todos
receberam Fininho muito bem, inclusive o marido dela, Douglas Zeppelini.
“Sem o apoio dele, nada disso teria acontecido”, ressaltou. Hoje, o
rapaz cursa o 1º ano do Ensino Médio e continua se dedicando aos
estudos, sempre conciliando com a paixão pelo surfe.
“Me sinto realizada em poder ter feito algo por outro ser humano. Ele já tinha o potencial, mas sem apoio, não teria condições de chegar lá. Ele aproveitou as oportunidades que a vida ofereceu”, pontuou Rita. Ela ainda citou que o outro garoto que morava com Fininho na infância, Thiago Lucas, se tornou campeão brasileiro de Long Board.
“Me sinto realizada em poder ter feito algo por outro ser humano. Ele já tinha o potencial, mas sem apoio, não teria condições de chegar lá. Ele aproveitou as oportunidades que a vida ofereceu”, pontuou Rita. Ela ainda citou que o outro garoto que morava com Fininho na infância, Thiago Lucas, se tornou campeão brasileiro de Long Board.
Fininho foi agregado à família de Rita, mesmo sem adoção formal (Foto: Arquivo Pessoal/Rita Mascarenhas) |
Campanha
Quando soube que Fininho foi convocado para participar da equipe brasileira no Campeonato Mundial de Surfe Amador, Rita encabeçou uma campanha por meio das redes sociais e do boca-a-boca para conseguir recursos para a viagem. “Fininho brigou muito por esse momento e se todos ajudarem ele vai conseguir representar o Brasil pelo mundo. É um orgulho muito grande para nossa família e nós vamos conseguir realizar essa vontade”, disse à epoca.
A viagem tinha um valor estipulado de US$ 2.000, algo em torno de R$ 4.034. Porém, não foi possível levantar todo esse dinheiro na campanha. As passagens foram pagas com recursos da família e as outras despesas foram supridas pelo próprio Fininho, que vendeu uma moto que ganhou e usou o dinheiro poupado para emergências.
Quando soube que Fininho foi convocado para participar da equipe brasileira no Campeonato Mundial de Surfe Amador, Rita encabeçou uma campanha por meio das redes sociais e do boca-a-boca para conseguir recursos para a viagem. “Fininho brigou muito por esse momento e se todos ajudarem ele vai conseguir representar o Brasil pelo mundo. É um orgulho muito grande para nossa família e nós vamos conseguir realizar essa vontade”, disse à epoca.
A viagem tinha um valor estipulado de US$ 2.000, algo em torno de R$ 4.034. Porém, não foi possível levantar todo esse dinheiro na campanha. As passagens foram pagas com recursos da família e as outras despesas foram supridas pelo próprio Fininho, que vendeu uma moto que ganhou e usou o dinheiro poupado para emergências.
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