por Maristela Crispim
Difundir métodos de convivência com o Semiárido e de minimização de
efeitos de secas prolongadas são objetivos do projeto lançado pelo
Instituto Nacional do Semiárido (Insa) e Rede de Articulação no
Semiárido Brasileiro (ASA), com o apoio do Ministério do Meio Ambiente
(MMA).
A iniciativa catalogará, a partir do próximo mês de março,
estratégias e métodos já utilizados por pequenos agricultores para
enfrentar e conviver, de forma sustentável, com a situação, tanto na
região Nordeste como em parte Minas Gerais.
“Essas práticas vão desde as coisas mais simples, como quantidade
correta de água usada para irrigação, até estratégicas mais elaboradas,
como o manejo florestal sustentável para produção de lenha e outros
produtos”, explica o diretor do Departamento de Combate à Desertificação
da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do
MMA, Francisco Campello.
A ideia é que outras famílias possam conhecer e praticar aquilo que
já vem sendo feito com sucesso por pequenos produtores da agricultura
familiar, assentamentos da reforma agrária, dentre outros, nos Estados
que sofrem com a estiagem prolongada.
Análise
Segundo um dos coordenadores da iniciativa, responsável pelo projeto
dentro da Rede ASA, Antônio Barbosa, casos de sucesso no convívio com a
seca em 900 famílias de nove Estados serão analisados e posteriormente
registrados e catalogados.
Vivendo nos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, essas famílias
analisadas já vêm desenvolvendo estratégias, nos últimos anos de forte
seca, com estruturas e práticas que garantem segurança alimentar e em
algum casos, ainda, geram renda a essas famílias. “Alguns até conseguem
passar pela estiagem quase sem perceber”, ressalta o coordenador.
A expectativa do grupo é apresentar as primeiras propostas e
resultados de pesquisas até o fim deste ano. Com a conclusão dessa, que é
a primeira fase do projeto, em 2014, durante a segunda fase, serão
selecionados os exemplos com maior impacto e caráter inovador e que
podem ser multiplicados com facilidade pelas famílias do semiárido.
Com o apoio de centros de pesquisa e universidades, serão realizados
estudos de caso para avaliar, de forma científica, os impactos das
estratégias na qualidade do solo e das sementes. Por fim, com base nos
resultados apurados, serão formuladas sugestões de políticas públicas e
de ações para outros institutos e organizações socais que atuam na
região.
Construção de cisternas de baixo custo para armazenamento de água por
maiores períodos e adoção de práticas corretas de irrigação (água em
excesso causa o acúmulo de sais minerais que também em excesso fazem mal
e causam a degradação do solo), são algumas práticas de convívio com a
semiaridez já adotadas por produtores das regiões que sofrem com a seca.
Manejo
Além disso, algumas famílias já adotam projetos de manejo florestal
comunitário sustentável de uso múltiplo, promovendo o planejamento
ambiental de assentamentos, tornando recursos florestais em ativos
ambientais, gerando renda para as famílias e assegurando a conservação
da biodiversidade.
O manejo florestal de uso múltiplo além de ofertar lenha
(biocombustível solido), promove a segurança alimentar dos rebanhos e
das famílias, por meio da oferta forrageira e de produtos como frutas e
mel.
Hoje, 16% do território brasileiro são áreas que sofrem com a
desertificação, abrangendo 1.488 municípios (27% do total de municípios
brasileiros), e uma população de 31.663.671 habitantes (17% da população
brasileira). Nestas áreas habitam 65% dos cidadãos considerados pobres
do País, e nesse momento, com 8 milhões sendo afetados diretamente, pela
maior seca dos últimos 40 anos.
Fonte: Sophia Gebrim / MMA
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