Ambientalistas
alertam para a importância da educação ambiental e de políticas
públicas mais efetivas para evitar a poluição dos mananciais.
Jaine Alves
Mortalidade de peixes e de outros seres aquáticos e proliferação de doenças são duas das principais causas motivadas pelo derramamento de esgoto nos rios de João Pessoa. A população que reside às margens do Rio São Bento, no Bairro Padre Zé, se queixam do mau cheiro e da presença de ratos e baratas. Segundo ambientalistas, a educação ambiental, ecológica e sustentável é prioritária para uma possível despoluição das águas pluviais.
O morador Gilvan Marcolino tem 50 anos de idade e 28 deles foram
vividos às margens do rio São Bento, no Bairro Padre Zé, em João Pessoa.
Gilvan relatou que o esgoto jogado no rio traz prejuízos para a
população local. “Desde que vim morar aqui, esse problema existe, mas de
uns tempos para cá a situação se agravou a tal ponto que até os peixes
que pescávamos aqui no rio morreram. Além disso, somos obrigados a
conviver com o mau cheiro e com ratos e baratas provenientes do esgoto”,
declarou.
A realidade vivida por Gilvan Marcolino também é vista em outras
áreas da capital, como na Ilha do Bispo, por onde passa o Rio Sanhauá.
No entanto, o ambientalista e fundador da Organização Não Governamental
(ONG) Praiamar, Fernando Yplá, disse que o problema de esgoto degradar o
meio ambiente é antigo e destacou que a existência de esgotos
clandestinos na cidade é um forte agravante.
“Ainda vemos esgotos clandestinos nos bairros de Manaíra, Cabo Branco
e Tambaú, por exemplo, que caem no mar. Essas construções são da década
de 50 e 60, mas até então os moradores não optaram por fazer o
saneamento básico da área e isso afeta cada vez mais o ambiente”,
explicou.
Fernando Yplá apontou que o fato de João Pessoa ser cortada por mais
de 10 rios, a situação ocorre em muitas áreas, principalmente nas
comunidades mais carentes. “O que percebemos é que nas nascentes os rios
são limpos, mas no decorrer do percurso são poluídos. Isso porque
sofrem as interferências do homem”, explicou.
Segundo o ambientalista, a poluição dos rios afeta diretamente a
saúde pública, “onde as pessoas sofrem com vários tipos de doenças
causadas por vermes, vírus, bactérias e fungos, como infecções
intestinais e respiratórias, não só pelo detrito, mas porque acaba
atraindo muitas pragas urbanas, como ratos, que podem causar a
leptospirose”.
De acordo com Fernando Yplá, a Organização Não Governamental trabalha
na conscientização da população, pois acredita que a educação
ambiental, ecológica e sustentável seja o principal meio de contribuição
para o meio ambiente, além de cobrar soluções por parte dos órgãos
competentes.
“Era preciso que a matéria de educação ambiental, ecológica e
sustentável deixasse de ser uma disciplina extracurricular nas escolas e
passasse a integrar o calendário pedagógico, porque enquanto as pessoas
não entenderem que os resíduos sólidos (lixo e esgoto) também são de
nossa responsabilidade, no que se refere a saúde pública, e não apenas
do sistema que nos serve, não iremos muito longe. Precisamos usar todos
os mecanismos disponíveis, como o Judiciário e Legislativo, a fim de
diminuir as agressões contra o meio ambiente”, disse o ambientalista
Fernando Yplá.
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