terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Moradores reclamam de poluição no Rio São Bento

Ambientalistas alertam para a importância da educação ambiental e de políticas públicas mais efetivas para evitar a poluição dos mananciais.

 

Mortalidade de peixes e de outros seres aquáticos e proliferação de doenças são duas das principais causas motivadas pelo derramamento de esgoto nos rios de João Pessoa. A população que reside às margens do Rio São Bento, no Bairro Padre Zé, se queixam do mau cheiro e da presença de ratos e baratas. Segundo ambientalistas, a educação ambiental, ecológica e sustentável é prioritária para uma possível despoluição das águas pluviais.
O morador Gilvan Marcolino tem 50 anos de idade e 28 deles foram vividos às margens do rio São Bento, no Bairro Padre Zé, em João Pessoa. Gilvan relatou que o esgoto jogado no rio traz prejuízos para a população local. “Desde que vim morar aqui, esse problema existe, mas de uns tempos para cá a situação se agravou a tal ponto que até os peixes que pescávamos aqui no rio morreram. Além disso, somos obrigados a conviver com o mau cheiro e com ratos e baratas provenientes do esgoto”, declarou.
A realidade vivida por Gilvan Marcolino também é vista em outras áreas da capital, como na Ilha do Bispo, por onde passa o Rio Sanhauá. No entanto, o ambientalista e fundador da Organização Não Governamental (ONG) Praiamar, Fernando Yplá, disse que o problema de esgoto degradar o meio ambiente é antigo e destacou que a existência de esgotos clandestinos na cidade é um forte agravante.
“Ainda vemos esgotos clandestinos nos bairros de Manaíra, Cabo Branco e Tambaú, por exemplo, que caem no mar. Essas construções são da década de 50 e 60, mas até então os moradores não optaram por fazer o saneamento básico da área e isso afeta cada vez mais o ambiente”, explicou.
Fernando Yplá apontou que o fato de João Pessoa ser cortada por mais de 10 rios, a situação ocorre em muitas áreas, principalmente nas comunidades mais carentes. “O que percebemos é que nas nascentes os rios são limpos, mas no decorrer do percurso são poluídos. Isso porque sofrem as interferências do homem”, explicou.
 
Segundo o ambientalista, a poluição dos rios afeta diretamente a saúde pública, “onde as pessoas sofrem com vários tipos de doenças causadas por vermes, vírus, bactérias e fungos, como infecções intestinais e respiratórias, não só pelo detrito, mas porque acaba atraindo muitas pragas urbanas, como ratos, que podem causar a leptospirose”.
 
De acordo com Fernando Yplá, a Organização Não Governamental trabalha na conscientização da população, pois acredita que a educação ambiental, ecológica e sustentável seja o principal meio de contribuição para o meio ambiente, além de cobrar soluções por parte dos órgãos competentes.
 
“Era preciso que a matéria de educação ambiental, ecológica e sustentável deixasse de ser uma disciplina extracurricular nas escolas e passasse a integrar o calendário pedagógico, porque enquanto as pessoas não entenderem que os resíduos sólidos (lixo e esgoto) também são de nossa responsabilidade, no que se refere a saúde pública, e não apenas do sistema que nos serve, não iremos muito longe. Precisamos usar todos os mecanismos disponíveis, como o Judiciário e Legislativo, a fim de diminuir as agressões contra o meio ambiente”, disse o ambientalista Fernando Yplá.


 

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