William De Lucca
Quem resolveu inovar na ceia de Natal deste ano e produziu a partir de alimentos orgânicos não apenas provou mais sabor, mas também está consciente dos riscos na saúde no longo prazo.
Uma revolução silenciosa vem mudando os hábitos de consumo na Paraíba, trazendo mais qualidade na alimentação no Estado.
Encabeçando essa mudança estão os produtos orgânicos, que ganham cada
vez mais espaço nas mesas dos paraibanos, que optam por pagar um pouco
mais por alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos.
O crescimento deste mercado fez com que o Sebrae-PB criasse, em
parceria com produtores de diversas regiões do Estado e a
Superintendência Federal do Ministério da Agricultura (Mapa), uma feira
exclusiva para hortaliças orgânicas, produzidas sem o uso de pesticidas
ou agrotóxicos e com os produtos certificados.
A primeira delas em João Pessoa foi realizada na metade de novembro, e
tem atraído cada vez mais visitantes todos os sábados, entre 6h e 11h,
no estacionamento do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas
(Dnocs), no bairro dos Estados. 22 produtores de Alhandra, Pedras de
Fogo, Pitimbu, Lucena, Jacaraú e São Miguel e Taipu participam da feira,
e a expectativa é dobrar o número em até um ano. Outras 40 feiras
semelhantes acontecem em diversas regiões de Estado.
O produtor Ivanilson Xavier da Silva, que vem semanalmente de Jacaraú
para a feira no prédio do Dnocs, diz que faturamento dobrou com a venda
direta ao consumidor. "Sem o atravessador dá para apurar R$ 800 a R$
1.000 nas quatro feiras mensais. Anteriomente era R$ 400", diz.
A empresária Kaya Yokoyama já é uma cliente assídua da feira de
orgânicos e desde a inauguração, no mês de novembro, sempre faz compras
no local. “Prefiro os produtos orgânicos porque a produção acontece de
forma ecologicamente correta, sem utilizar defensivos nem outros
produtos químicos. Além disso, comprando aqui nós contribuímos para que o
agricultor e a terra não se envenenem por causa do uso de agrotóxicos. E
nós também não nos envenenamos”, defendeu.
Para ela, o fato dos alimentos serem produzidos por agricultores
paraibanos também é um diferencial. “Como os produtos vendidos aqui são
produzidos todos na Paraíba, comprando aqui nós estamos beneficiando o
produtor local”, ressaltou, acrescentando que em comparação com os
preços dos produtos orgânicos vendidos em supermercados, comprar na
feira é mais vantajoso.
Já os aposentados José de Oliveira Neto e Maria Irene Morais moram no
bairro dos Estados e no último sábado aproveitaram para ir à feira
orgânica comprar alguns produtos. “Nós não tínhamos o hábito de comprar
produtos orgânicos porque faltavam opções. Estamos frequentando esta
feira pela segunda vez, principalmente porque os produtos são mais
saudáveis”, comentou José Oliveira.
Quanto ao preço, o casal diz não se importar que os produtos sejam um
pouco mais caros que aqueles que recebem agrotóxico. “Vale a pena, até
porque quando se envolve nossa saúde o preço é o mínimo que deve ser
considerado”, acrescentou o aposentado.
Para o gestor do projeto de olericultura (criação de hortaliças) do
Sebrae, Pablo Queiroz, a feira pretende beneficiar comunidade e
agricultores, já que além do ganho na saúde, os produtores vendem sem
atravessadores. “As verduras e legumes são vendidos a um preço justo.
Eliminando intermediários, os produtores podem vender um produto de
qualidade com preços mais baratos do que os supermercados”, avalia
Pablo.
Com o acesso ao mercado de forma justa, o feirante garante o
fortalecimento da cultura e da cooperação proporcionando uma melhoria na
renda dos familiares. “A feira orgânica servirá como acesso a novos
mercados e, em consequência, condições de melhoria de todo o processo
envolvido no plantio, produção, colheita e comercialização de produtos
da agricultura familiar’’, avalia o gestor.
Segundo Pablo, "a medida em que a população se concientiza em relação
aos benefícios do consumo de vegetais sem agrotóxicos, o mercado
cresce. Quem prova os orgânicos sente a diferença no cheiro, sabor e até
na durabilidade do produto dentro da geladeira”.
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