Extração de areia por mais de 30 empresas vem degradando o leito do rio Paraíba e preocupando MInistério Público e ambientalistas.
Luciana Oliveira
Cinquenta quilômetros do rio Paraíba, o mais importante do Estado, estão
sendo degradados por mais de 30 empresas que extraem de forma
mecanizada, diariamente, areia do leito do rio.
O bem natural não renovável é utilizado na construção civil,
principalmente nos Estados de Pernambuco e Paraíba, e ainda há denúncias
de que é exportado também para outros países. O desgaste do rio
acontece há anos, mas vem se agravando nos últimos meses, conforme
denunciam agricultores, ambientalistas e Ministério Público. Enquanto
isso, poderes públicos assistem a afronta ao meio ambiente e à Paraíba
sem fazer nada.
O rio Paraíba tem mais de 300 quilômetros (km) de extensão. Em pelo
menos 50 km de seu percurso, está havendo a retirada de areia de forma
desordenada, não criteriosa e de modo mecanizado. A exploração está
sendo feita nos municípios de Mogeiro, Salgado de São Félix, São José
dos Ramos, Pilar, São Miguel de Taipu e Cruz do Espírito Santo. Apenas
em Itabaiana há o impedimento da exploração mecanizada da areia, após
intervenção do Ministério Público (MP), através da promotora Rhomeika
França Porto. Segundo ela, a retirada de areia mecanizada estava
causando danos ambientais e, por isso, a Superintendência de
Desenvolvimento do Meio Ambiente (Sudema) não poderia mais conceder
licenças às empresas interessadas em fazer a extração de areia em
Itabaiana.
Conforme estimativas de ambientalistas e moradores da região, a cada
dia são retirados em torno de 60 caminhões caçamba de areia, apenas da
região de Pilar e São José dos Ramos. Não há números reais da quantidade
de areia retirada em todo o rio, nem de quantas empresas estão atuando
nesses municípios. A retirada manual da areia pode não degradar o rio,
mas da forma que está sendo feita, com dragas, a extração está
desestruturando e desequilibrando o meio ambiente, já que contribuiu
para a derrubada das barreiras do rio, o esvaziamento dos poços
artesianos usados pela comunidade local e a diminuição da quantidade de
peixes.
Atualmente, a extração de areia é feita diariamente, durante o dia e a
noite, com dragas, conforme os funcionários da empresa Fábio Mendonça,
de Camaragibe (PE), confirmaram à reportagem do JORNAL DA PARAÍBA. Em um
dos pontos do rio na cidade de Pilar, há montanhas de areia de até dez
metros de altura e os diversos caminhões caçambas levam o material, com
destino a Pernambuco, durante todo o dia.
“Há muitos anos fazemos essa retirada aqui, com draga mesmo.
Acho que não tem problema, já que a empresa tem a licença da Sudema.
Essa areia é levada para Pernambuco e vendida para empresas da
construção civil que atuam em Recife, Goiana, Timbaúba e Igarassu”,
afirmou o funcionário da empresa Fábio Mendonça, que trabalha na
extração de areia em Pilar, Inaldo Lima. O proprietário da empresa,
também confirmou que faz a extração com licença da Sudema, mas não soube
numerar quantas caçambas são retiradas por dia. “Todo ano renovamos a
licença e há várias empresas que fazem isso. Acho que essa retirada não
traz problemas para o rio, não”, disse o proprietário.
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