O fato da comunidade
trabalhar no lixão, não significa dizer que ela está satisfeita em viver
em um “lixo”. Esse sentimento de indignação expressado pelos moradores
do Mutirão revela a consciência de exclusão que eles passaram a
desenvolver em função dos problemas de infraestrutura da comunidade.
No local, o poder público está presente através de uma creche, de uma
escola e de uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF), onde
funcionam duas equipes. O funcionamento dessas estruturas contrasta com a
lama que escorre em meio as ruas do Mutirão, que em pouquíssimos
trechos são calçadas. “A gente é esquecido. Não é nada bom viver no meio
da lama, convivendo com rato, barata”, diz a dona de casa Gorete
Santos, de 33 anos.
Em pleno horário de aulas, crianças brincam e, ao mesmo tempo,
trabalham para ajudar a família no sustento do lar. O lixo está presente
por todas as partes e, em certos pontos, a impressão é de que a
comunidade é uma extensão do lixão municipal. A dona de casa Katiane
Bezerra Freire, de 21 anos, afirma que não sabe definir em palavras o
que é viver no Mutirão e desabafa: “só quem mora aqui sabe o que sofre”.
A coordenadora do Distrito Sanitário responsável pelo local, Sandra
Araújo, disse que a falta de infraestrutura da comunidade se reflete na
grande quantidade de pessoas, sobretudo crianças, que são atendidas em
função de problemas como diarreia e micoses. “A localidade precisa de
muitos investimentos. A UBSF garante o atendimento de saúde da
população, mas é imprescindível que haja melhorias nas condições
sanitárias, para que a atenção básica possa se desenvolver plenamente”,
ressaltou.
O secretário municipal de Obras, Alex Azevedo, informou que a
Prefeitura reconhece os problemas enfrentados pelo Mutirão e pretende,
no próximo ano, dotá-lo de melhores condições estruturais. Ele
justificou que a Prefeitura vem trabalhando para resolver as questões
que afetam as localidades mais carentes. Ele lembra, porém, que o
esgotamento sanitário é uma obrigação do governo estadual, de quem
espera uma contrapartida.
"Resolvemos o problema do distrito de São José da Mata, onde nós não
tínhamos uma só casa com esgotamento sanitário. Estamos investindo no
distrito de Galante, temos uma grande obra no bairro Novo Horizonte e
vários outros projetos de infraestrutura em andamento. Com o Mutirão não
será diferente”, disse.
Veja também: Fim do lixão gera medo em Campina Grande
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